O "distúrbio do jogo" faz parte da lista de doenças do foro mental da Organização Mundial de Saúde (OMS) desde 2018, mas só mais recentemente é que a patologia chamou à atenção. Foi detetado um primeiro caso de adição em Espanha, relativo ao jogo Fortnite que levou um jovem a estar internado durante dois meses. Em Portugal, são também já vários os casos clínicos registados.

"Tenho a certeza de que em Espanha já houve casos cujo problema central do internamento foi esse, assim como em Portugal, mesmo que não esteja tipificado como tal", afirma o psicólogo e técnico de aconselhamento em adições no Instituto de Apoio ao Jogador, Pedro Hubert, ao jornal "Diário de Notícias". Segundo o especialista, que já encaminhou alguns "gamers" para tratamento em comunidade terapêutica, o problema não só existe como está a aumentar. "Chegam ao Instituto cada vez mais jovens, sobretudo menores, nesse registo", acrescenta.

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O problema de saúde mental, assim classificado pela OMS, é, no entanto, negado pelo indivíduos em causa, que recusam tratar-se na maioria dos casos, de acordo com o psicólogo. A adição afeta não só os gamers, como a família, razão pela qual o Instituto de Apoio ao Jogador (IAJ) envolve todos os intervenientes, como pais, no tratamento da adição.

Dado que é uma realidade ainda pouco explorada e só a 14 de setembro veio a público aquele que, ao que é conhecido, é o primeiro caso clínico de adição ao Fortnite no mundo, em Portugal ainda não estão instaladas estruturas de resposta a este problema. Segundo o psicólogo Pedro Hubert, o serviço público não está preparado, além de que os "centros de tratamento estão vocacionados para o álcool e substâncias ilícitas, ou quanto muito para jogo a dinheiro", sublinha.

O Instituto de Apoio ao Jogador tem feito um papel importante na deteção de casos e no site disponibiliza várias ferramentas para diagnosticar a adição aos videojogos. Uma das formas de perceber se existe um comportamento compulsivo é questionar como é que os jogos afetam o dia a dia. "Joga para se alhear dos problemas do dia-a-dia?", "tem problemas de pontualidade, assiduidade ou produtividade no trabalho?" e "já pôs em risco relações conjugais, familiares ou sociais devido ao jogo?" são alguns exemplos. Para quem está de fora, como familiares, há alguns sintomas a que podem estar atentos para detetar um caso de vício ao jogo. O IAJ enumera "levantamentos e gastos não justificados", "ausências prolongadas não justificadas ou com desculpas" e "mudanças ao nível do humor".

Numa fase inicial, em que ainda não existe dependência, é possível controlar o vício adotando estratégias para tal. Entre elas estão evitar locais de jogo quando em situações de stresse, delimitar um período de tempo para jogar e fazer pausas durante os jogos.

Em caso de detetar um caso de vício aos videojogos ou sofrer da adição, pode contactar a linha de ajuda do IAJ, que faz o acompanhamento de jogadores ou familiares e reencaminhamentos (968 230 998).

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