Tal como está prestes a acontecer com os combustíveis, cujo preço vai atingir um novo máximo esta segunda-feira, 7 de março, o preço do gás natural, e consequentemente da eletricidade, também deverá aumentar nos próximos meses. O alerta foi dado este domingo, 6, pelo ex-presidente da Entidade Reguladora dos Serviços Energéticos (ERSE), Jorge Vasconcelos, que defende que a Europa tem de arranjar alternativas à dependência energética externa, em especial da Rússia.

"[A guerra na Ucrânia] veio confirmar, mais uma vez, a necessidade de a Europa pensar na sua independência energética", disse ao jornal "Público". O gás natural é o segundo combustível mais usado pelos 27 estados-membros da União Europeia (UE), a seguir ao petróleo e derivados, e se habitualmente os países já estão em carência, com a invasão russa à Ucrânia a situação agravou-se, uma vez que a Rússia é o maior exportador de gás natural para a Europa, segundo o "Jornal de Notícias".

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O mesmo jornal lembra que foi criado no ano passado o Nord Stream 2, um gasoduto que liga a Alemanha à Rússia e permite fornecer gás natural a toda a Europa, com capacidade de transportar 55 mil milhões de metros cúbicos de gás anualmente. Ora, com o escalar da guerra, a Alemanha decidiu interromper o processo de certificação do gasoduto Nord Stream 2, necessário para que possa operar.

De acordo com o "JN", especialistas e agentes políticos ocidentais consideram que a Rússia planeava aumentar a dependência energética da UE como forma de pressionar a Alemanha a aprovar o funcionamento do gasoduto Nord Stream 2. Não se trata apenas de dependência, trata-se também de preços que com este gasoduto não seriam tão altos.

Os passos da Europa para travar a dependência russa

Há precisamente quatro dias, a 2 de março, o valor do gás natural atingiu um novo máximo histórico: 194,715 euros por megawatt hora (MWh). É um número nunca antes atingido e que acabou por acontecer após a Rússia, principal produtor e exportador de gás para a Europa, entrar em guerra com a Ucrânia.

A questão que se coloca é o que pode acontecer se a Rússia não ceder mais gás à Europa ou se, por outro lado, os estados-membros da UE recusarem receber gás natural russo como forma de protesto contra a guerra. A resposta rápida é que a Europa ficará numa situação bastante débil.

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"Não é possível substituir todo o gás russo por GNL [gás natural liquefeito]", avisou Thierry Bros, professor da Sciences Po Paris, em declarações à agência France-Presse (AFP), como cita o "ECO". A declaração é proferida após Bruxelas ter pedido à UE para diversificar o mais possível os fornecedores de gás natural, de modo a evitar recorrer ao gás russo. No entanto, países como a Noruega, Argélia e Azerbaijão "já não têm capacidade de produção adicional", continua o especialista.

Alternativas? “Há sempre alternativas, podem é não ser as mais ambientalmente vantajosas ou mais baratas", reconhece Jorge Vasconcelos em declarações ao "Público".

Na opinião do antigo regulador da energia, neste momento o ideal é "deixar aos agentes económicos a possibilidade de alterarem o portefólio de contratos que têm e passarem a poder incorporar contratos de mais longo prazo", argumenta. Isto porque, segundo Jorge Vasconcelos, "a limitação da duração dos contratos tem consequências ao nível da volatilidade dos preços do gás natural utilizado para a geração de eletricidade".

Portugal. O que está a ser feito e como vão ficar os preços?

Apesar de toda a Europa estar numa situação de escassez de gás natural e extrema dependência energética da Rússia, o problema não é tão grave para Portugal.

"Não afeta de forma direta, uma vez que Portugal importa pouco gás russo, que é transportado por navio até ao porto de Sines", pode ler-se no "JN".

Um desses navios com gás russo chegou este sábado, 5, ao porto de Sines e foi recebido com buzinões como forma de protesto pelo facto de Portugal não depender do gás natural da Rússia, sendo que, aliás, não recebia um destes navios há quatro meses, segundo a CNN Portugal. Em 2021, apenas 14% do consumo nacional teve proveniência russa e o País não se encontrará numa situação de escassez de gás natural (como o resto da Europa), uma vez que dispõe de uma elevada capacidade de armazenamento, na ordem dos 80%, refere o mesmo canal.

Além disso, fora o gás russo, Portugal recebe ainda gás da Nigéria e dos EUA por via marítima e de África através de gasodutos que atravessam Espanha, de acordo com o "JN".

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