Uma imagem futurista do Lisbon Resort Hotel foi partilhada no Facebook na passada quinta-feira, 28 de junho. Desde então, 978 pessoas já a partilharam e muitos deixaram comentários arrasadores sobre o projeto, mesmo que não tenham entendido verdadeiramente o que vai acontecer à praça do Terreiro do Paço. “Não podemos deixar que este projeto megalómano siga em frente", reclamavam uns. "Será que o D. José vai à vidinha dele?", questionavam outros.
É possível perceber o porquê de tanta indignação: era inconcebível imaginar que um dia veríamos a Praça do Comércio, em Lisboa, transformada num resort de luxo com residências privadas. Mas o site, as imagens do projeto e a promessa de "exclusividade no coração de Lisboa" lançavam a dúvida. Será que isso iria acontecer? Estaria isso em cima da mesa?
Um espaço seguro e encantador, em frente ao rio Tejo, perto do Castelo de São Jorge, da Catedral e da Câmara Municipal. "O conjunto mantém a imagem da construção pós-terramoto, definida pelo Marquês de Pombal a partir de 1755, mas adaptada a todos os padrões de conforto e luxo exigidos nos dias de hoje", lê-se na descrição do site. Os hóspedes e residentes neste resort teriam direito a um grande jardim exterior, praia de areia e marina, sendo que a entrada seria feita pelo Arco da Rua Augusta.
Nada disto é verdade. Basta ler as letras miudinhas para o perceber: o Lisbon Resort Hotel está inserido na exposição Futuros de Lisboa, que começa a 12 de julho e vai ocupar dois pisos do Torreão Poente da Praça do Comércio, até 18 de novembro. Organizada pelo Museu de Lisboa e pela Empresa de Gestão de Equipamentos e Animação Cultural (EGEAC), a exposição propõe-se a discutir o futuro de Lisboa.
Segundo a MAGG conseguiu saber junto do Museu de Lisboa, o Lisbon Resort Hotel foi uma das mais de 150 propostas enviadas pelo público. Enquanto a exposição ainda estava a ser montada, os cidadãos foram desafiados a mostrar as suas visões sobre o futuro de Lisboa através de imagens, fotografias, vídeos, contos ou frases.
Cerca de 50 propostas foram aceites, e vão estar reunidas numa sala. As propostas vencedoras foram escolhidas pelos comissários João Seixas (geógrafo), Manuel Graça Dias (arquiteto) e Sofia Guedes Vaz (engenheira do ambiente). Esta será uma delas.
Com um total de dez salas, a Futuros de Lisboa não propõe cenários concretos de futuro. Pelo contrário, propõe-se a levantar propostas, questões e pontos de vista sobre a cidade e o futuro. Através de imagens, vídeos, fotografias, documentos, objetos tecnológicos e obras de arte, a exposição leva-nos "numa viagem desde o futuro ao longo do tempo, passando pelo futuro do passado, pelas dificuldades em prever o futuro, ao futuro que já cá está, e até ao futuro inevitável", explicam em comunicado. Termina na sala dos Pilares de Lisboa.
A exposição Futuros de Lisboa arranca a 12 de julho, às 18 horas.