Entre 28 de setembro e 8 de novembro, período correspondente à segunda vaga da pandemia, a Rede Nacional de Apoio às Vítimas de Violência Doméstica (RNAVVD) acolheu 625 pessoas: 309 são mulheres, 304 crianças e 12 homens. Há ainda a registar durante este período 503 casos relativos a "situações novas que chegaram pela primeira vez às equipas de atendimento à procura de ajuda", revela a secretária de Estado para a Cidadania e a Igualdade, Rosa Monteiro, de acordo com o "Diário de Notícias".
Durante a segunda vaga, a RNAVVD atendeu 12.419 pessoas, o que representa uma média de 303 atendimentos por dia ao longo destes 41 dias. Das mais de 12 mil pessoas, 150 conseguiram terminar o processo de autonomização.
"Talvez por um aumento da responsabilidade, solidariedade e perceber que face a todas as dificuldades da pandemia estas mulheres estão ainda numa situação mais crítica e vulnerável", diz Rosa Monteiro, sobre o facto de nesta segunda vaga as famílias terem dado um maior apoio nos processos de autonomização das vítimas.
Estes números contrastam com os da primeira vaga da pandemia de COVID-19, entre 18 de março e finais de junho, cujo número de atendimentos da Rede Nacional de Apoio às Vítimas de Violência Doméstica atingiu um total de 24.692 pessoas. Já quanto aos acolhimentos, a Rede Nacional ajudou 848 pessoas: 499 mulheres, 328 crianças e 21 homens.
Mas os números não ficam por aqui. Sabe-se que até 19 de novembro, a violência doméstica já matou 20 pessoas, 16 das quais mulheres.
Os novos dados surgem no mesmo dia em que se assinala o Dia Internacional para a Eliminação da Violência contra as Mulheres, e em que também é formalizado o Pacto contra a Violência entre uma rede de entidades que colaboram em situações de urgência e prestam apoio ao trabalho da RNAVVD. Este é também o dia em que o Governo lança uma nova campanha contra a violência doméstica centrada na testemunha.
A ideia é sensibilizar para a denúncia dos crimes de violência doméstica, campanha que dificilmente vai passar despercebida, uma vez que a mensagem vai estar espalhada pelos transportes públicos, redes de multibanco, hipermercados, estações de serviço e nos órgãos de comunicação social.
“É esse passo de prestar apoio, de dar uma mão, um suporte, de capacitar, ajudar e de dizer este é o número de contacto que pode ajudar e tem informação capaz de ajudar nestas situações“, disse a secretária de Estado Rosa Monteiro, de acordo com o "Observador", que cita a Lusa.
Portugal conta atualmente com um total de 180 estruturas de atendimento, outras 26 estruturas de emergência e 35 casas de abrigo para acolher as vítimas.
Quanto à disponibilidade para acolher novas vítimas, apesar de condicionada devido aos planos de contingência adotados em contexto de pandemia, Rosa Monteiro revela que a situação é de "tranquilidade".