Esta segunda-feira, 13 de maio, Anitta recorreu às redes sociais para anunciar que o videoclipe da sua nova canção, "Aceita", vai ser lançado. A boa nova veio acompanhada de imagens que incidem sobre a sua religião, o Candomblé, que será homenageada na nova faixa – e os seguidores não reagiram muito bem a isso.

Desde que publicou as fotografias nas redes sociais, a artista tem vindo a perder milhares de seguidores. E entretanto também já aproveitou para se pronunciar sobre o assunto. "Laroyê Exu tirando dos meus caminhos tudo o que já não me serve mais", publicou a cantora nas stories. "Nessa minha nova fase escolhi qualidade e não quantidade", rematou.

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anitta créditos: Instagram

Laroyê é uma saudação a Exu, uma divindade que faz parte de religiões como o Candomblé. Exu recebeu a missão fazer a ponte entre os seres humanos e o plano divino, representando o início da comunicação, lê-se no site "Significados" – contudo, é associado à figura do diabo no imaginário cristão, segundo o "G1".

"Eu ainda fico um pouco assustada com a falta de evolução do ser humano", disse a cantora, num vídeo publicado no feed. "Nos dias de hoje, ainda há um retrocesso tão grande nesse sentido de aceitar, entender, respeitar os caminhos das pessoas", continuou, acrescentando que é "fã de todas as religiões".

"Eu acho que todas têm a sua mensagem. No final, na minha cabeça, todas são uma coisa só: te levam para o mesmo caminho se você segue pelas razões corretas", finalizou a artista. Anitta já perdeu mais de 200 milhões de seguidores desde que se pronunciou sobre o assunto.

A cantora converteu-se ao Candomblé em 2016 e, em 2023, de acordo com uma entrevista do ano passado à "Harper’s Bazaar", falou sobre aquilo que a levou a fazê-lo. A razão é simples: Anitta, que era católica, decidiu converter-se à outra religião, depois de o seu padre favorito ter sido expulso da igreja por homenagear as religiões afro-brasileiras no dia da Consciência Negra.

Tudo aconteceu numa missa que tinha Zumbi como protagonista, o venerado combatente da liberdade que liderou a resistência à escravatura pelos portugueses nos anos 1600. "Fiquei muito frustrada", disse, citada pela revista norte-americana, dizendo que "não queria voltar à igreja", pelo que se converteu à religião do pai.

Mas, afinal, de que se trata esta religião?

O Candomblé é uma religião monoteísta que acredita na existência da alma e na vida após a morte. Começou a ganhar expressão no século XVI, depois de as pessoas escravizadas em África trazerem as crenças, rituais e práticas para o Brasil, nessa altura. Assim sendo, trata-se de uma religião afro-brasileira.

No Brasil, a religião oficial era o catolicismo, trazida pelos portugueses aquando dos Descobrimentos, o que fez com que o Candomblé fosse encarado como bruxaria e fossem proibidos de praticá-lo. Foi por isso que as comunidades começaram a fazer o culto às suas divindades de forma secreta, escudando-se atrás dos santos da religião católica, diz o "UOL".

Trocado por miúdos, para disfarçar, os praticantes do Candomblé identificavam os seus deuses com os santos da religião católica. Por exemplo, quando rezavam a Santa Bárbara, estavam na verdade a prestar culto a Iansã; quando se dirigiam a Nossa Senhora da Conceição, estavam a homenagear Iemanjá – e este processo foi chamado de sincretismo religioso.

Gatinho religioso sobe para o ombro de sacerdote muçulmano durante oração (VÍDEO)
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Ao contrário da religião católica, que pressupõe que o bem e mal são manifestações de Deus ou o Diabo, o Candomblé diz que tudo que existe faz parte de um todo, criado por Olodumáre (o Deus desta religião). Ou seja, o bem e o mal são manifestações de ações humanas e não da natureza ou de Deus.

Como o próprio nome da religião significa "dança", de acordo com o site "Toda a Matéria", grande parte dos rituais são realizados ao som das batidas do atabaque, um instrumento musical de percussão africano, e variam de acordo com o orixá (ou divindade, diga-se) a quem se estão a dirigir. Estes são conduzidos por um pai de santo (que tem o nome africano de babalorixá) ou uma mãe de santo (ialorixá).