Conhecemos Djimon Hounsou por ter vida a personagens em vários projetos de sucesso, como “Gladiador”, “Um Lugar Silencioso”, “Velocidade Furiosa 7”, “Amistad” e a lista continua. No entanto, mesmo com uma carreira de sucesso, da qual já resultaram duas nomeações para os Óscares, o ator admitiu não ter a vida que esperava (e, fundamentalmente, merecia) a nível financeiro.

"Ainda estou a lutar para tentar ganhar a vida", disse o artista, numa entrevista à CNN, acrescentando que percebe que, ao longo de 30 anos de carreira, “talvez os primeiros 10 anos tenham sido a tentar” adaptar-se à indústria e a estabelecer-se. Embora essa fase já tenha passado e o seu currículo esteja absolutamente recheado, diz que parece não sair da cepa torta.

"Estou neste ramo a fazer filmes há mais de duas décadas, com duas nomeações para os Óscares e participei em muitos filmes de grande sucesso e, no entanto, continuo a ter dificuldades financeiras para ganhar a vida", continua, não deixando margem para dúvidas em relação ao que acha daquilo que recebe: “Sou definitivamente mal pago”.

O que pode estar na origem deste problema? De acordo com a opinião do ator, nada mais é do que uma prova do racismo que permeia a indústria. “É um sinal de que o racismo sistémico não é algo com que se possa lidar de ânimo leve”, explicou. "Está profundamente inserido em tantas coisas que fazemos em todos os setores. Não se consegue ultrapassá-lo", afiançou.

Por isso, dizendo que “temos de lidar com ele e sobreviver da melhor forma possível”, admite também que este é um problema contra o qual já luta há bastante tempo. Prova disso é que já o tinha abordado numa entrevista que deu ao "The Guardian", em 2023, na qual se queixou precisamente da mesma coisa.

À publicação, revelou sentir-se "extremamente enganado" em relação aos salários e à carga de trabalho, especialmente quando compara a sua carreira com a de outros colegas. Trocado por miúdos, o talento não é proporcional àquilo que lhes cai na conta. "Subi na carreira com algumas pessoas que estão muito bem na vida e que têm muito menos reconhecimento do que eu. Por isso, sinto-me enganado”, contestou.

Beijo de Denzel Washington e outro homem foi cortado de “Gladiador II”? “Não é homofobia”
Beijo de Denzel Washington e outro homem foi cortado de “Gladiador II”? “Não é homofobia”
Ver artigo

Além disso, chegou à conclusão de que, no meio, há quem não o veja da forma que que deveria ser visto, fruto do peso do preconceito. "Já fui a estúdios para reuniões e eles disseram-me: 'Uau, sentimos que acabaste de sair do barco e depois voltaste [depois de 'Amistad']. Não sabíamos que estavas aqui como um verdadeiro ator'”, explica, dizendo que acredita ser uma visão "muito limitadora" e que só ele pode mudar isso.

Djimon Hounsou lamentou ainda que continue a ser necessário justificar o seu valor. "Ainda tenho de provar porque é que preciso de ser pago. Vêm sempre ter comigo com uma bola completamente baixa: 'Só temos este valor para o papel, mas gostamos tanto de ti e achamos mesmo que podes trazer muito'", explicou, enfatizando que "filme após filme, é uma luta" e que ainda não encontrou ninguém que lhe "pagasse bem".

Apesar das dificuldades, o ator mantém-se ativo na indústria, tendo participado recentemente nos dois filmes de Zack Snyder, "Rebel Moon", para a Netflix. Os seus próximos projetos incluem "Beneath the Storm", ao lado de Phoebe Dynevor, o thriller "The Zealot", com Kodi Smit-McPhee, e o filme de terror "The Monster", do realizador de "Saw", Darren Lynn Bousman.

Espreite algumas fotos do ator