Era noite de VMA’s, mas Britney Spears quis dar o seu próprio espetáculo. A cantora de 40 anos decidiu, no passado domingo, dia 28 de agosto, partilhar um áudio de 22 minutos no Youtube, entretanto já apagado.

Inicialmente, começou por frisar que tem recebido ofertas para dar entrevistas exclusivas. Por exemplo, alegou ter tido um convite para se sentar com Oprah, que acabou por recusar, uma vez que esta situação é “muito mais do que apenas (...) dar uma entrevista” – ou seja, recusa-se a comercializar a sua desgraça, mesmo que os programas televisivos lhe ofereçam milhões para o fazer.

Por isso, a “princesa da pop” trouxe a público (e de forma bastante espontânea) uma série de revelações em relação a vários assuntos, uma vez que se sente “um bocadinho mais confiante” e tem a oportunidade de o fazer “mais abertamente”. Isto porque está livre da tutela em que o pai a manteve durante cerca de 14 anos.

O áudio é um mergulho na realidade que Britney tem vivenciado desde os anos 2000. Entre muitas coisas, descreveu a tutela como uma forma "abusiva" que o pai encontrou para a castigar, mas que foi a mãe que “fez tudo acontecer". “Uma mulher apresentou a ideia ao meu pai, e a minha mãe realmente ajudou-o a seguir em frente e fez tudo acontecer”, conta a cantora, acrescentando que nada disto fez sentido para ela.

Na gravação, Britney narrou vários episódios chocantes, como quando, em 2019, foi internada numa clínica psiquiátrica por apenas ter criticado um passo de dança durante um ensaio ou o facto de, mesmo estando sóbria, ter sido hospitalizada várias vezes.

Além disso, revelou ter mantido um “relacionamento secreto” com um homem, com quem “tinha tudo pronto” para deixar o país e cuja identidade permanece desconhecida. No entanto, a cantora desistiu por receio de não saber o que lhe podia acontecer: “O meu maior medo era: ‘O que faria o meu pai se eu fizesse algo de errado? E se eu saísse do país? E, se eles me encontrassem, o que é que fariam?”.

Apesar de tudo o que o pai orquestrou, Britney confessou estar mais "magoada" com a mãe, Lynne Spears, sendo que nunca defendeu a filha em público. “Eles mataram-me, literalmente. Colocaram-me no lixo. Senti que a minha família me colocou no lixo", revela a cantora, reprovando todos aqueles que foram coniventes com a tutela.

No fim, questiona-se ainda: “Como é que eles saíram impunes? (…) Estou a partilhar isto porque quero que as pessoas saibam que sou humana. Sinto-me uma vítima depois destas circunstâncias, e como é que me posso curar se não falar sobre o assunto?”.

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A tutela, que pressupunha o controlo da vida pessoal e financeira por parte do pai de Britney, surgiu na sequência de uma lei lançada em 2008 que considerava que a cantora seria mentalmente incapaz de cuidar de si própria, depois de vários anos a lutar com doenças do foro mental. Foi em 2012 que Jamie se tornou o tutor legal da filha, por decisão do tribunal, fazendo com que o pai tivesse controlo total sobre a carreira da cantora, bem como sobre quaisquer negociações comerciais que pudessem surgir ou entrevistas que fossem pedidas pelos vários órgãos de comunicação social.

Foi o movimento #FreeBritney (e o alcance que gerou nas redes sociais, especialmente no Instagram e no Twitter) que alavancou a liberdade de Britney, algo que também referiu na gravação deste domingo, 28. O movimento fez com que várias pessoas ligadas à indústria do entretenimento acusassem o pai da cantora de manipulação da vida pessoal e financeira da filha, pelo que a artista também se sentiu mais confortável para se opor e pedir justiça.

Em novembro de 2021, Britney conseguiu ficar, finalmente, livre da tutela do pai. Depois de o caso ter começado a ser julgado em junho do mesmo ano, a juíza Brenda Penny, do Tribunal Superior do Condado de Los Angeles, tomou a decisão de acabar com a tutela que dava a Jamie Spears plenos poderes para decidir sobre todos os aspetos da vida da filha.