Depois de ter sido acusado por violência doméstica pela ex-mulher, Amber Heard, e caracterizado como "wife-beater" pelo jornal "The Sun", o percurso profissional de Johnny Depp nunca mais foi o mesmo, e o ator culpa a "absurda matemática dos media".
Desta vez, na sequência do (parcial) lançamento do filme "Minamata", o ator de 58 anos volta a acusar a indústria norte-americana de sabotar a sua carreira artística. A mais recente produção de Johnny Depp não foi lançada nos Estados Unidos e, numa entrevista ao "The Sunday Times", o ator não só diz ser vítima de um boicote por parte de Hollywood, como comenta os seus últimos tumultuosos cinco anos.
No seguimento das acusações por violência doméstica, Johnny Depp avançou com um processo contra o "The Sun" por difamação, depois de o jornal ter lançado um artigo em que se referia ao ator como "wife-beater" (uma expressão utilizada para caracterizar alguém que agride fisicamente mulheres). Mas, em tribunal, o ator voltou a perder o caso. Mark Stephens, especialista em direito de imprensa internacional do escritório Howard Kennedy, descreve este processo de Depp como um ato "autoimolação", ou seja, um sacrifício por um bem maior. "Mesmo que ganhe em tribunal, perde a guerra da reputação", acrescenta. Tendo em conta o processo atribulado, os estúdios da MGM acabaram por tomar a decisão de que a estreia de “Minamata” nos Estados Unidos ficaria suspensa.
Esta não é a primeira vez que a carreira de Johnny Depp foi afetada pelo processo judicial de que foi arguido. Ainda em 2020, o ator foi forçado a abandonar o próximo capítulo da saga "Monstros Fantásticos e Onde Encontrá-los". Em entrevista, o ator intitula-se como "homem e ator numa situação desagradável e confusa" e revela que se está a "mover" para onde precisar de estar para "esclarecer as coisas".
O realizador do mais recente filme de Depp, Andrew Levitas, também se manifestou contra a indústria de Hollywood, numa carta endereçada particularmente aos MGM Studios. "Os MGM decidiram 'enterrar o filme' (palavras do diretor Sam Wollman), porque estavam preocupados com a possibilidade de os assuntos pessoais de um dos atores do filme se virem a refletir de forma negativa", lê-se na carta publicada pelo "Deadline". "Na perspetiva dos MGM, as vítima e as suas famílias são secundárias", acrescenta o realizador.
"Minamata" remonta a 1970 e retrata a tragédia por envenenamento sofrida pelas comunidades costeiras do Japão. Pelas palavras do realizador, a produção suspensa nos Estados Unidos tem como intenção "trazer à luz do dia o sofrimento de milhares de vítimas de um dos mais hediondos incidentes de poluição industrial que o mundo alguma vez viu". "Ao voltar a expor as suas dores e compartilhar a história, esta comunidade, há muito marginalizada, esperava apenas uma coisa: tirar as suas histórias da penumbra para salvaguardar a vida de inocentes", completou Andrew Levitas.
A estreia de "Minamata" em Portugal está prevista já para o próximo dia 7 de outubro de 2021. Johnny Depp interpreta o papel de W. Eugene Smith, um fotojornalista americano que ajudou a expor o impacto do envenenamento por mercúrio nas comunidades costeiras do Japão, no ano de 1970.