Entre 2009 e 2011, João Paulo Sousa estudou na ACT - Escola de Atores. Rodeado de aspirantes a "artistas sérios", o também aspirante a ator meteu-se por outros caminhos. Comédia de improviso, teatro de revista. A televisão, na qual se tinha estreado em 2007, na série juvenil da TVI "Morangos com Açúcar", seria a constante ao longo de 16 anos.
Depois veio a rádio, vieram as dobragens, veio a dupla de MC / DJ Insert Coin, que começou pequenina, com atuações em salas fechadas e que, atualmente, faz espectáculos ao vivo para milhares em festas, festivais, queimas das fitas e eventos afins.
Há três anos no elenco fixo de apresentadores do "Domingão", João Paulo Sousa tornou-se um dos rostos mais versáteis da SIC, casa onde está há 15 anos. Fez dupla com Fátima Lopes no regresso de "All You Need is love", em 2023 e, em simultâneo, é animador da rádio Comercial, onde está desde setembro de 2021.
Em entrevista à MAGG, João elogia os seus pares, de Cristina Ferreira a João Baião. Pai há sete meses do pequeno Leonardo, fruto do casamento com Adriana Gomes (com quem está há 18 anos), o comunicador reflete também sobre os desafios da paternidade. E sobre o pai que quer ser no presente, sempre de olhos postos no futuro.
O que é que o faz correr?
Esta corrida começou há muitos anos (risos)! Já nem sei, sabe? Mas acho que, durante a pandemia, ressignifiquei um bocado a coisa. Há muitos anos, quando isto tudo começou, a prioridade era a sobrevivência. Eu precisava de sair de casa dos meus pais, de deixar aquele meio e de ser bem sucedido neste. Mas nos últimos anos, e em particular, os Insert Coin levaram isso a um extremo tão grande que só pode ser isto.
Eu agarrei nessa cena típica de filho único, de gostar de agradar a pessoas, e tornei isso numa coisa tão grande, tão grande que já não é pela mesma razão mas vem do mesmo sítio. Eu continuo a adorar agradar a pessoas mas, neste momento, eu quero só fazê-las sentirem-se bem. O resumo do meu trabalho é esse: fazer as outras pessoas sentirem-se bem. E os Insert Coin levaram isso a um extremo. Ter 12 mil pessoas à minha frente, aos pulos, felizes durante uma hora, e isso mexe muito comigo. É tipo o Natal, em que vais dar prendas mas não precisas de receber nada. Durante aquela hora eu sei que vou ganhar dinheiro mas, se me perguntassem, no calor do momento, eu aceitava fazer à borla (risos)!
Mas tem a noção de que, para a sua saúde mental e física, tem de dosear aquilo que dá?
Tenho uma mulher em casa que me relembra disso, constantemente e felizmente. Mas eu vou até ao limite. Eu sempre fui, para o bem e para o mal, empírico. Eu preciso de ir lá, fazer, fazer e ficar de rastos!
Onde é que é mais o João Paulo? Nos Insert Coin, na rádio, na televisão? Como é que gere essas personas?
Já me aconteceu fazer rádio, televisão e espectáculo no mesmo dia. São energias completamente diferentes. Mas como me é exigida muita flexibilidade, o que eu acabo por fazer é ter menos diferença entre elas. Cada vez uso menos filtros e sou cada vez mais eu.
Os Insert Coin fazem 10 anos em 2024. Qual é o segredo do casamento profissional com o Joel Rodrigues?
É partirmos do mesmo ponto. Éramos dois gajos com zero ambição de fazer uma coisa muito bem sucedida. Foi uma altura estranha, até. Ele fazia uns vídeos para net, a Carolina [Torres] disse-lhe para me convidar, ele convidou-me. Ouvíamos as mesmas músicas, tivemos o mesmo tipo de infância e decidimos começar a fazer isto em espectáculo de sala. É difícil e chato meter pessoas em sala. Então pensámos 'onde é que as pessoas estão? Em festivais!'.
No início falávamos mais, agora temos mais música do que conversa. De vez em quando temos os nossos momentos de parvoíce. Ele também tem à vontade em palco e, muitas vezes, vamos atrás um do outro. Sabemos como é que o outro funciona. Parecemos aqueles casais de velhos. Nós estamos em palco, não se ouve nada, eu olho para ele e ele sabe. É inexplicável, é química de casal idoso. Fora de palco somos pessoas muito diferentes. Ele é um rapaz que trabalha nos computadores e eu sou um jebo da tecnologia. Mas, depois, em palco, completamo-nos bem. E confiamos um no outro.
"Já tive tantas fases em que diziam 'és o próximo Manzarra', 'és o próximo Baião' e eu só quero ser o próximo João"
Faz televisão há 16 anos. Acha que já estava na altura de ter o seu próprio programa?
Não penso muito nisso, sabe? Estou tão envolvido em tantas coisas que faço... Já tive tantas fases de vida profissional em que diziam "és o próximo Manzarra", "és o próximo Baião" e eu só quero ser o próximo João. Não estou muito interessado em ser o próximo ninguém. Se começar amanhã, eu estou pronto. Mas se não começar, eu tenho tanta coisa! Estou cheio de trabalho, faço rádio, televisão, dobragens.. estou fixe! E aprendi isto! Quando estava na fase de transição, de sair do "Curto Circuito" tinha muito essa ideia. "Eu vou ser bem sucedido quando tiver um programa". Depois fiz três anos de domingo à noite com a Diana Chaves ["Não Há Crise!" e "Smile"] e senti-me muito bem sucedido.
Mas depois apercebi-me de que a minha vida não estava assim tão diferente. Eu chego a casa e continuo a ter de lavar a loiça, de aspirar. Eu consegui por na minha cabeça que eu não preciso disso para ser bem sucedido. Eu já me sinto bem sucedido. Trabalho na televisão mas vista de Portugal, na rádio mais ouvida, faço desde programas super sérios a emissões com o Vasco Palmeirim no NOS Alive. Outro dia o Baião tinha ido de férias e o Daniel Oliveira ligou-me a um domingo à noite. E era para ir apresentar a "Casa Feliz" nessa manhã. Fui, fiz, o programa venceu a manhã e no outro dia não foi preciso. Mas eu estou pronto! O Daniel [Oliveira] é o gajo que eu conheço que mais sabe de televisão. Se ele acha que eu sou o gajo que está pronto, eu estou pronto. Eu não preciso de ter opinião nessa cena.
"Estamos numa fase em que as audiências são públicas, e as pessoas estão muito clubísticas com isso. Não tenho a certeza de que isso acrescente alguma coisa"
Sente que representa o espírito SIC? Está lá há 15 anos, já houve tantas mudanças mas o João tem permanecido.
Não, isso seria muito pretensioso. Eu penso em pessoas, como o Baião e a Diana [Chaves] que são do mais normal, que eu conheço no seu todo, mas depois são símbolos profissionais gigantes. Outro dia fui ver uma peça do João Baião. Estava sentado, com aquele teatro cheio de gente... eu vi muitas pessoas com dificuldades motoras mesmo sérias, e eu pensei no esforço que foi para aquelas pessoas terem ido até ali ver aquele gajo. Aquelas pessoas amam aquele gajo!
Depois vi-o no palco e pensei "olha-me o talento deste gajo!". Eu trabalho com ele todos os dias e esqueço-me do quão privilegiado sou. E disse-lhe isso. Mas já é normal para mim. Desde 2017 que eu faço as férias dele em programas, desde o "Grande Tarde". Mas depois cai-te a ficha. "Está aqui uma pessoa com 60 anos, é um símbolo da televisão e é um poço de talento!". Ter esses exemplos ao meu lado não me faz sentir representante de nada. Sou só um aprendiz deste ofício.
Começou a fazer rádio há 10 anos e está desde 2021 na rádio Comercial. Acha que este é o melhor momento para estar neste meio?
Eu tinha há muito tempo isto na cabeça, apesar de estar a fazer televisão. Queria mesmo fazer rádio e fiz, primeiro na Super FM depois na Comercial. E senti realmente o impacto de fazer rádio. É muito impressionante. As pessoas amam a rádio Comercial, e eu não gosto de usar o verbo amar para coisas. A rádio em Portugal tem esse poder, e muito por culpa da rádio Comercial. E está numa fase muito interessante. A parte da competição....não me interessa muito.
Estamos numa fase em que as audiências são públicas, e as pessoas estão muito clubísticas com isso. Não tenho a certeza de que isso acrescente alguma coisa. Como espectador, eu só quero ver boa televisão, estou a marimbar-me de que estação é. Eu sei que há outros canais e outras rádios que fazem bons conteúdos. Eu quero é o bom conteúdo, quero lá saber de onde é que ele vem.
Mas para as empresas e para quem trabalha nelas, as audiências significam dinheiro, sobretudo para os canais privados e para as rádios também.
Importantíssimas, claro! É a fonte de sobrevivência! Eu não estou a dizer que não quero saber das audiências. Eu sei o quanto elas são importantes. Mas se eu ficar preso a isso vou ficar preso a isso. E não é fixe. Já passei essa fase. É o equivalente a contabilizar os seguidores no Instagram. Não vale a pena. Faz o teu melhor.
O João começou a ser conhecido numa era pré-redes sociais e fez essa transição. Como é que se relaciona com o mediatismo e com a forma como as redes sociais o potenciam?
Quando estive na escola de atores, tive aquela fase em que dizia "redes sociais, 'tás a vender-te às massas". Tive um círculo de amigos onde não era fixe fazer isso. Estudei numa escola em que a malta queria fazer Shakespeare e eu era a ovelha negra porque fui fazer teatro de improviso, até revista experimentei com o Tozé Martinho. Foi grande experiência. Sempre tentei não ser preconceituoso com géneros e experimentá-los. Eu estava na escola de atores porque achava que ia ser ator, fui fazer teatro de improviso e acabo no "Curto-Circuito" a fazer diretos. Deu-me um jeitaço!
Fiz revista, comecei a fazer day time. Comecei a perceber que, a cada coisa a que eu dizia sim, começava a aprender coisas que me iam ser úteis a seguir. Decidi que não ia ser preconceituoso com géneros. Quando o "Programa da Cristina" estava no ar tive esta conversa com ela [Cristina Ferreira] e ela deu-me essa lição: "podes ser uma superestrela e, se tiveres de fazer o Calcitrim, vais fazer o teu melhor Calcitrim". Não digo que seja o meu maior exemplo atual mas aprendi muito com ela durante aqueles dois anos.
A minha relação com as redes é essa. Promovo lá o meu trabalho, mostro a minha vida com os limites que vou definindo. E gosto do feedback das pessoas. A pandemia mudou a minha perspectiva sobre isto. Criei a marca "Isto é Psicológico" e comecei a fazer diretos com a minha ex-psicóloga, em que falava sobre o que sentíamos, e o feedback foi avassalador. Percebi que o que eu gosto de fazer no meu trabalho é o que eu devo fazer aqui: humanizar-me. Ou seja, não é por eu ter este trabalho que isto é mais ou menos do que outro trabalho qualquer.
O João tem vindo a aprimorar a sua imagem, a optar por looks mais originais e arrojados. Foi algo que, ao longo do tempo, sentiu que queria fazer?
Tive que ganhar essa confiança. Mais uma das lutas estúpidas que vinha daquele preconceitos de adolescência e mesmo já do mundo adulto. Mais uma vez, escola de atores, "o que importa é o conteúdo, a imagem é secundária!". Eu trabalho com a imagem, as pessoas vão valorizar a imagem. Lutei muito com isto. Felizmente, juntei-me a uma pessoa que é profissional desse assunto, a [stylist] Rita Cerqueira. Ela foi também percebendo que fui ganhando confiança e a estar disponível para arriscar. E começou com galas. Uma vez ela disse "vais de cor de rosa". E eu "e vou!". As pessoas mais velhas comentam muito isto da roupa, eu estou a marimbar-me. Se eu estiver confortável e me sentir bem, vou. Neste momento já é uma coisa à qual acho piada, ser irreverente. Se toda a gente for de preto, eu vou de roxo. Não quero saber.
Na minha vida pessoal eu quero é andar de cuecas mas eu comecei a achar piada a isto quando vou trabalhar. Mas isto parte de um ponto base: aceitar que a minha imagem importa e cuidar dela.
"A cena mais impactante na minha relação é o facto de nos conhecermos há 18 anos. É inabalável a nossa ligação, a nossa confiança"
O João e a Adriana estão juntos há 18 anos. Acredito que, ao longo destes anos, já tenha sido assediado, quer de forma mais fofinha, quer mais agressiva. Como é que lidam com isso?
Já fui, quer de uma forma quer de outra. É surreal. Chego a casa, a vida é tão normal e eu penso "em que planeta é que eu estive?". É muito engraçado. Mas eu levo isso tudo para a brincadeira porque, se levasse isso a sério, não saía de casa. Não sou a pessoa mais confiante do mundo em relação a esse tipo de coisas. Eu tenho confiança com a minha mulher. Não sou confiante nessa cena do "yo, sou um grande gajo, elas ficam malucas!". Não preciso de estimular a minha confiança nesse aspecto. A minha mulher está muito satisfeita há muitos anos e eu estou muito satisfeito com isso.
Eu não sei reagir as estas coisas, não tenho jeito nenhum. Eu acho piada a isso numa mulher, uma mulher que é bonita mas que se está a marimbar. Eu identifico-me com isso. Se alguém me achar piada, o meu primeiro instinto é achar que é por este meio jeito meio taracolho.
Qual é o segredo da sua relação?
A cena mais impactante na minha relação é o facto de nos conhecermos há 18 anos. Porque, há 18 anos, eu não trabalhava em televisão. Eu era um jagunço que estava no 10º ano. E esta cena de termos crescido juntos é que faz com que isto seja assim. Eu não consigo sequer conceber o que é a relação de duas pessoas que se conhecem já em adultas, já tendo passado por outras coisas. É bizarro para mim pensar nisso. Acho que o segredo é termo-nos mantido juntos, criado uma vida juntos. Não quer dizer que tenhamos ido sempre pelo mesmo caminho. Somos pessoas completamente diferentes hoje em dia. É inabalável a nossa ligação, a nossa confiança. E nem sequer é uma coisa que eu possa dizer a alguém 'é assim que se faz'. Eu não consigo convencer nenhum adolescente a ser monogâmico desde os 15, 16 anos. O segredo é este mais é difícil de replicar.
Foi pai pela primeira vez em fevereiro. Desde então, deu por si a reparar em aspectos da sua personalidade que nem sabia que existiam?
Outro dia tive uma troca de argumentos com a Adriana e ela disse 'tu és maldisposto'. Eu disse que não e até ligámos a amigos para confirmar esta cena. Chegámos à conclusão que sou maldisposto em situações muito específicas: uma delas é a conduzir, a outra é com sono, a outra é com fome (risos)! A privação do sono é muito intensa e a paternidade tem sido uma montanha russa. São baixos muito baixos e altos muito altos.
O nascimento do vosso filho foi um momento desses. A sua mulher e o seu filho correram risco de vida, como contou publicamente na altura. Essa partilha fez com que vocês conseguissem gerir melhor as emoções desse momento?
Foi e ainda nos estamos a recompor. Nós descobrimos a pré-eclâmpsia quando chegámos ao hospital. Nós fomos para o hospital felicíssimos, a fazer vídeos. Chegamos lá e foi um pesadelo. O que eu pensei foi que, na minha posição, se eu partilhar isto, vai haver pessoas que se vão identificar, que vão aprender com isto, se calhar não vão cometer um descuido por causa disto. E a Adriana concordou que o devíamos fazer, apesar de saber que isso ia expor uma parte da vida dela.
"Eu sempre fui o maluco, o que tinha a mania que era esperto. Tive que ser o irreverente, o excêntrico para chegar aqui."
Faz 35 anos. Imaginava-se assim aos 35 anos ou não faz esse tipo de planos?
Não me imaginava assim, apesar de fazer esse tipo de projeções. Havia de ver o caderno de notas da minha psicóloga. Eu basicamente vivo no futuro. Não vivo no passado por já lá ter vivido e desisti. Não é fixe. E estou a focar-me a viver mais no presente porque vivo muito no futuro, a criar metas, a dizer 'mais, mais, mais'. Se me perguntasse no ano passado, se calhar as minhas metas eram estas. Mas, há cinco anos, 10, ou 18, antes de conhecer a Adriana, jamais imaginaria que a minha vida viria parar aqui.
Cresci numa aldeia [Cumeira de Cima, distrito de Leiria], numa família de pessoas super pobres, com pouca escolaridade, onde não era fomentado sequer a ideia de poderes sonhar alto. Eu sempre fui o maluco, o que tinha a mania que era esperto. Tive que ser o irreverente, o excêntrico para chegar aqui. Outro dia encontrei o meu professor de Ciências do secundário. Eu era ou muito bom ou muito mau aluno. O gajo disse que eu tinha esta ambição desmedida já desde a adolescência. Eu era ativamente posto no meu lugar, "não é para ti, não sonhes, não faças".
Comecei a trabalhar aos 12 anos. Ia para as obras, apanhar fruta nos verões. O meu pai dizia-me uma coisa que era pior do mundo. "se não me estorvares, fazes tanto como eu". Repare o incentivo que isto era (risos)! Hoje em dia, com o meu filho, penso muito nisso. Quero fazer o contrário, estimular a proximidade entre nós. Quando o meu filho está a mamar eu tenho de sair da sala porque ele começa a olhar para mim, entusiasmado! Eu adoro isso! Estou sempre a dar-lhe beijinhos, a brincar com ele. Às vezes sou o chato que tem de o por a dormir. Vou esforçar-me para trazer para a paternidade o melhor de mim mas a paternidade também tem trazido o melhor de mim.
Liguei este descomplicómetro da vida. Acho que compliquei durante anos a vida e a carreira com as ambições dos outros. A viver as ambições dos outros, a comparar-me, a achar que só vou ser bem sucedido se fizer o que não sei quem fez. Para quê? Se calhar uma pessoa é muito feliz a fazer nada e eu sou trabalhar muito. Estou a tentar descobrir isso. É isto que eu digo também nas apresentações do meu livro "Isso é Pscicológico".
Quando foi o feedback mais fixe que teve do projeto "Isso é Psicológico", que culminou com o livro?
Com as apresentações nas escolas, tenho muito feedback. É estranho materializar esta cena de ter impacto na vida de um adolescente mas era isto que desejava quando criei o livro. Atenção, eu não sou especialista de saúde mental mas tenho muitos especialistas no livro. Uma miúda disse-me que mudou a perspetiva sobre algo grave que lhe estava a acontecer e pôde ressignificá-la. Para já, ela ter chegado a essa conclusão foi incrível. Ela ter partilhado isso comigo também. Não foi por mim mas posso ter sido a última gota de água que desbloqueou essa cena. É por isso que eu escrevi um livro para adolescentes. Não só são os que precisam mais, porque têm uma vida inteira e estão na fase mais crítica de tomar decisão mas também são os que têm mais capacidade de absorção. Tu dizeres a um adulto como deve viver é um bocado pretensioso.
Aquilo que eu lá vou fazer era o que eu gostava que me tivessem feito. Eu passei metade da minha vida a achar que os adultos são seres perfeitos que sabem tudo. E depois, quando cheguei a adulto, descobri que nao era assim. Eu vou lá dizer "eu cometo bué erros, malta". Esta visão pode abrir todo um mundo a um adolescente. Quem me dera que me tivessem dito isto!