O jornalista da TVI Emanuel Monteiro, que viveu uma relação de 2015 a 2017 com o também jornalista da estação de Queluz de Baixo, André Carvalho Ramos, foi ao podcast “Lugar Marcado”, no Youtube, conduzido por Diogo Assunção, e falou sobre a denúncia pública de violência doméstica que fez em 2018, além de ter criticado a juíza do processo.

“Foi uma fase super negra. Não foi dura, foi mesmo negra, talvez a pior fase da minha vida, sem dúvida. Foi super difícil, porque passei super mal mesmo, porque tudo foi um choque”, começou por dizer, acrescentando que, na altura, falou porque foi uma coisa “do momento” e era algo “que se arrastava há muito tempo”.

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“Era um ciclo super vicioso, do qual eu já me tinha tentado libertar várias vezes e nunca tinha conseguido. Eu também tive culpa de não me ter libertado daquele ciclo. Agora, obviamente que nada legitima violência”, recordou.

Emanuel Monteiro e André Carvalho Ramos trabalhavam, na altura, e trabalham atualmente os dois na TVI. “Estas situações não se gerem. Eu nem sequer tive capacidade de reação, porque depois aquilo tomou proporções dantescas de um dia para o outro, efetivamente foi horrível, e não se gere. Eu simplesmente encarei a realidade e fui trabalhar dois ou três dias depois”, disse, salientando que, “por acaso”, se sentiu “protegido” pela estação de Queluz de Baixo.

“Efetivamente isto tem de ser dito. Eu, no dia seguinte a tudo aquilo se saber, e entretanto tirei alguns dias para ficar em casa porque entretanto precisei de ir ao Ministério Público, precisei de fazer uma série de diligências por causa do processo, e lembro-me que um subdiretor da TVI, o António Prata, me ligou a perguntar se eu precisava de alguma coisa depois de tudo aquilo ter acontecido, que queria conversar comigo. Inclusivamente ele ofereceu-se e veio ter comigo ao jardim do Campo Grande, nunca mais me esqueço, para falar sobre aquilo, perceber se eu estava bem, o que é que eu precisava, perguntou se eu precisava de alguma coisa, mesmo a nível de advogados. Na altura, eu senti muito uma figura super paternal nele em relação a isso e devo-lhe isso. Fui super apoiado, atenção”, esclareceu.

Além disso, o jornalista da TVI reforçou que se sentiu sempre apoiado pela estação. “Acho que quem tem o seu trabalho e é dos quadros de uma empresa, tem de continuar a ter o seu lugar, porque, na verdade, aquilo foi uma questão do âmbito pessoal, não é uma questão do âmbito profissional. E depois eu também senti, na TVI, sempre, a nível das várias direções que por lá passaram, espaços de conforto. Nunca ninguém me pôs numa situação de desconforto em relação a isto”, adiantou, dizendo que atualmente se sente “super confortável” no canal.

Atualmente, o ex-casal não se cruza “muitas vezes”, mas Emanuel Monteiro garante que esta situação é, “hoje em dia, é uma ferida absolutamente sarada”. Contudo, na altura, “foi difícil”, “muito tenso”. “Houve pessoas que eu acho que me apoiaram e outras que me olharam com desdém, que não estavam a acreditar em mim. Mas isso faz parte”, disse, acrescentando que teve “amigos em comum” dos quais se decidiu afastar, porque queriam “continuar a ser amigos dos dois”, sendo que estes “presenciaram” algumas das agressões e, no tribunal, disseram que “não viram nada”.

Emanuel Monteiro referiu ainda que sentiu preconceito por parte da juíza que conduziu o processo. “Eu não vou dizer que senti isso no julgamento, porque não era eu que estava a ser julgado, e é bom que isto fique claro. Eu fui uma vez a tribunal para contar aquilo que já tinha contado ao Ministério Público, mas para contar em frente à juíza, e eu senti imenso preconceito. Do princípio ao fim. Foi uma das experiências mais avassaladoras e das piores da minha vida, porque o desdém... A juíza disse-me coisas do género: ‘quer dizer, você tem 1,80 metros, como é que se deixa agredir por uma pessoa de 1,69 metros ou de 1,68 metros, isso não faz sentido nenhum’. Eu não percebi qual é que foi o intuito daquilo, mas eu senti preconceito. E digo-te mesmo: senti alguma homofobia naquelas palavras”, revelou.

No final de 2020, André Carvalho Ramos foi condenado a uma pena de 400 dias de multa, de 2.800€. A juíza Marta Gonçalves da Rocha deu como provada a prática de ofensa à integridade física simples em três dos mais de 50 factos apresentados na acusação de Emanuel Monteiro. Ainda, o ex-namorado teve de pagar 1.500€ de indemnização a ao jornalista da TVI, que pediu um valor de seis mil euros.

O Tribunal Judicial da Comarca de Lisboa considerou provado que o “casal tinha frequentes discussões motivadas por ciúmes” e que tal levou André a agredir fisicamente Emanuel em várias ocasiões, com empurrão e beliscões. Contudo, a juíza referiu que houve “imensa falta de consistência e credibilidade” nas declarações feitas por Emanuel Monteiro.