O ator português Carloto Cotta, 41 anos, conhecido pelos papéis no filme “As Mil e Uma Noites”, nas novelas “A Impostora” e “Prisioneira” e nas séries da Netflix “Glória” e “Elite”, foi acusado de violação, sequestro e agressão. A queixa é de uma mulher com pouco mais de 40 anos que, alegadamente, o ator terá mantido presa durante mais de 24 horas numa casa em Colares, Sintra. O ator foi acusado de um total de nove crimes pelo Ministério Público, e os relatos da vítima envolvem cenas sexuais e de agressão física terríveis.

A notícia foi avançada pelo “Expresso” desta sexta-feira, 28 de fevereiro. Ao que tudo indica, a procuradora Marleen Cooreman, do Departamentos de Investigação e Ação Penal de Sintra, considerou existirem indícios suficientes para acusar Carloto Cotta de violação, importunação e coação sexual, sequestro, ameaça agravada, injúrias e ofensas à integridade física da mulher. Segundo a acusação, o ator e a vítima conheceram-se em janeiro de 2023, e o caso deu-se meses depois, a 3 de maio. 

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Nesse dia, a mulher foi convidada por Carloto Cotta a visitar a sua casa em Colares, e o ator encaminhou a vítima para o seu quarto. Lá, alegadamente, “mostrou um preservativo XL” e “exibiu os órgãos genitais”, e a mulher, desconfortável, disse que queria ir embora. No entanto, aceitou o gin que Carloto Cotta lhe ofereceu, e acabou por ficar no espaço durante mais duas horas. Depois disso, voltou a expressar que queria ir embora, e foi quando reparou que a porta de casa estava trancada. 

O ator, mais tarde, explicou que o tinha feito para “os cães não entrarem em casa”, mas a vítima disse que o ator lhe tinha dito que ela não se podia ir embora porque ele estava “com uma tensão sexual”. Usando a força, deitou-a no sofá, pôs-se em cima dela para a prender, masturbou-se, obrigando-a a fazer-lhe sexo oral, tendo depois mantido a vítima “ao pé de si a ouvi-lo citar poesia até de manhã”. Quando confrontado com o seu sémen encontrado nas roupas da mulher, Carloto Cotta alegou que as relações sexuais que os dois tiveram tinham sido consentidas, e considerou as acusações “exacerbadas”. 

Mas a história terá continuado até ao dia seguinte. Segundo o Ministério Público, o ator terá dito à mulher que tinha uma dívida a traficantes de droga, e depois de a vítima se ter recusado a ajudar, ameaçou-a a si e aos seus filhos “de morte”. De seguida, bateu-lhe com um livro na cabeça, e obrigou-a a lavar a loiça enquanto “lhe batia e cuspia”, voltando a ameaçá-la e dizendo que chamaria “dois amigos” para a violarem. O episódio segue depois para a casa de banho, com Carloto Cotta a pedir à mulher para lhe ler poesia enquanto tomava banho, e como esta voltou a recusar, o ator voltou a ameaçá-la.

“O suspeito disse que ia à cozinha buscar uma faca e que ‘a cortava em pedaços e a dava de comer aos cães, como já fizera com outras’”, disse o “Expresso”. Foi nessa altura que a vítima conseguiu escapar e saltar pela janela do primeiro andar da casa, pedindo ajuda a dois homens que estavam a passar pelo terreno. Horas depois, já no Hospital Amadora-Sintra, confessou à Polícia Judiciária ter sido vítima de “violência sexual”, explicando que não o tinha dito anteriormente à GNR por estar “fragilizada”. No relatório clínico obtido pelo jornal, a mulher foi descrita como “agitada”, com uma nódoa negra na parte de trás da cabeça e com vários “arranhões no antebraço direito”.

A advogada da vítima, Cristina Borges de Pinho, pediu uma indemnização de 43.500€ por danos não patrimoniais e 1500€ por danos patrimoniais, justificando que a vítima “tem dificuldade em conciliar o sono, tendo tido frequentes insónias e crises de pânico e ansiedade".