Foi a 13 maio de 2021 que morreu a atriz Maria João Abreu, vítima de aneurisma cerebral. Quase um ano após a morte da mãe, o filho mais novo, Ricardo Abreu Raposo, de 29 anos, foi convidado do programa "Alta Definição", da SIC.

Na conversa, principalmente uma homenagem a uma das atrizes portuguesas mais acarinhadas pelos portugueses, Ricardo recordou o momento em que percebeu que a mãe morrera.

"Quando no último dia, no dia 13, eu o João [referindo-se a João Soares, marido de Maria João Abreu] cantámos uma música de que ela gostava muito, a 'Black', dos Pearl Jam, e quando no último acorde de repente deixas de ouvir a respiração com os aparelhos, é qualquer coisa inexplicável", contou a Daniel Oliveira. "Parece mesmo que esteve a escutar a música até ao fim e que foi em paz e que nós ficámos em paz também", sabendo já na altura que aqueles seriam os últimos momentos de Maria João Abreu, conforme tinham avisado os médicos.

Além de música e de poemas declamados, um livro em especial acompanhou a atriz nos dias em que esteve internada em coma. "Li-lhe um livro, nessas duas semanas no hospital, na íntegra", disse o filho mais novo da atriz, acrescentando que se tratou da obra "No Teu Deserto", de Miguel Sousa Tavares. Fizeram de tudo para "que estivesse bem, onde quer que estivesse", continua.

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Ricardo recorda ainda que, após uma segunda operação ao aneurisma, houve um momento em que Maria João Abreu, nessa altura consciente, pediu para falar com os filhos. "Amo-vos muito. Beijinhos. Amo-vos", foi o que disse, apesar de tê-lo feito com alguma dificuldade devido aos efeitos da sedação. "Foi isso, foram as palavras finais", termina.

A esperança que tinha na altura resumia-se a que a mãe estivesse bem, mesmo que não fosse por cá. "Sabíamos que ela não quereria nunca sobreviver de uma maneira em que não pudesse ser o que era. Sabíamos que o que queria mesmo era estar bem, mesmo que isso implicasse ter que partir para outra dimensão", referiu a Daniel Oliveira.

Durante os 13 dias em que Maria João Abreu esteve internada, os dias de Ricardo e da mulher, Rita Rodrigues, resumiam-se ao hospital. "Não há palavras que consigam descrever, para já, os 13 dias de angústia desde o momento em que a minha mãe foi para o hospital e em que nós deixámos os nossos filhos na escola e íamos para o hospital todos os dias. Foi um processo full time", recorda.

Contudo, ao mesmo tempo foram os filhos, Matias, de 6 anos e Noah, de 4, que lhes deram alento para ultrapassar o momento difícil. "Fizemos questão de ir buscar os nossos filhos todos os dias às escola. Porque era o nosso escape", disse o artista, que via neles a continuidade da vida. "Eles salvaram completamente esses meus momentos".

"Sempre fomos quatro amigos acima de tudo"

Logo no início da conversa com Daniel Oliveira, o artista Ricardo Abreu Raposo falou sobre a infância, que recordou como feliz ao lado da família: os pais, José Raposo e Maria João Abreu, e o irmão Miguel "Eramos quatro amigos, sempre fomos quatro amigos acima de tudo", afirmou.

José Raposo e Maria João Abreu anunciaram a separação em 2008, acontecimento que o filho mais novo do casal identifica como o mais marcante da sua adolescência. "Há um [momento] naturalmente marcante que é quando os meus pais se separaram e viemos do Cartaxo para Lisboa".

Na altura Ricardo tinha 14 anos e foi estudar para o Chapitô, em Lisboa, juntando-se assim a separação dos amigos do Cartaxo à que já estava a sofrer com o divórcio dos pais.

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Apesar de tudo, o filho mais novo de José Raposo e Maria João Abreu reconhece que tanto ele como o irmão, Miguel, tentaram nunca tomar partidos. "É muito difícil, especialmente por serem pessoas que eu tenho como os exemplos de pessoa na minha vida. E por isso é que fomos tão respeitosos. Se alguém foi o culpado ou não ou um fez mais mal ao outro, sempre fomos muito neutros em relação a isso e tentámos apaziguá-lo", disse.