Romana, de 40 anos, começou a carreira musical com apenas 12, idade com que atuou pela primeira vez num palco. Logo aos 14 anos, lança um dos maiores êxitos: "Já Não Sou Bebé". E deixou mesmo de o ser bastante cedo, tendo passado por alguns altos e baixos ao longo da vida. Um dos momentos mais complicados foi recordado na entrevista a Daniel Oliveira no programa "Alta Definição" deste sábado, 5 de fevereiro.

Aconteceu não muito tempo depois de ter começado a carreira musical, quando tinha apenas 16 anos e foi "convidada a sair" de casa pelo pai, que era contra o namoro que Romana tinha na altura. "Só me lembro de ir pela rua abaixo, com um saco às costas com as coisas que ia apanhando", recorda sobre o momento que, na altura, sentiu como um "alívio".

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Apesar de ter sido convidada a sair pelo pai, a cantora chegou a ser dada como desaparecida e a receber um telefonema da polícia a quem teve de explicar a situação. "Tive um telefonema de uma senhora da polícia e expliquei-lhe: 'Mas eu não fugi, fui posta para fora de casa'. 'Ah, mas não sabem de si'. 'Sabem sim. Sabem perfeitamente onde estou e que estou com esta pessoa'. Contei tudo à senhora e ela nunca mais me ligou", conta.

Na altura, continuou a trabalhar e tentou dar o melhor para mostrar que não era uma simples "miúda" e mais tarde voltou a dar-se com o pai, embora a relação tivesse sido sempre marcada por "mais baixos do que altos".

Houve, no entanto, um episódio em que teve esperança de que a relação com o pai mudasse por completo. "Eu tinha sido mãe há pouco tempo, ele separou-se da minha mãe, e estávamos um bocado de costas voltadas. Não conseguia falar com a minha mãe, estava preocupada com ela, liguei para casa e atendeu-me o meu pai. Respirei fundo, perguntei pela minha mãe, mas senti que a voz dele não estava bem", recorda.

"Perguntei: 'Pai, o que é que se passa?'. Ele estava a ter um enfarte naquele momento", contou a Daniel Oliveira. Romana foi buscar o pai a casa e levou-o de imediato para o hospital, onde ficou a acompanhá-lo a noite inteira. "Nessa noite, tive a minha primeira conversa com ele, olhos nos olhos. Ele, naquele momento, olhou para mim de outra forma e eu segui em frente nesse dia com uma paz de espírito e tranquilidade a dizer: 'Ok, foi necessário. Se calhar a partir de agora pode ser que as coisas mudem e ele me tenha conhecido um bocadinho mais".

Contudo, agora com 40 anos, a artista percebe que não pode insistir com uma relação quando as pessoas estão em "linguagens completamente opostas". Atualmente, não tem qualquer contacto com o pai ou o irmão e quando questionada por Daniel Oliveira sobre se a relação com o pai "ainda é amor", a cantora responde: "Quero sempre acreditar que, de alguma forma, é uma forma de amar, mesmo perante a dor. Muitas vezes a dor e o amor não estão nada longe um do outro", termina.

"Houve ali alturas difíceis, de bulimia inclusive"

A adolescência de Romana foi marcada por um repentino sucesso aos 14 anos, seguido de uma mudança de vida que a obrigou a tornar-se independente mais cedo do que seria suposto. "Acho que quando começamos muito cedo e com pouco acompanhamento, sem um lado mais sábio assim para nos acompanhar, caímos muitas vezes", referiu a Daniel Oliveira. E uma das quedas está relacionada com um distúrbio alimentar pelo qual passou, tornado público anteriormente, recordado com mais pormenores no "Alta Definição".

"Tive de lidar com uma coisa muito cedo: com o corpo. Não tinha noção do gordo e do magro", disse a artista de 40 anos. "Quando gravo o primeiro vídeo, 'Já Não Sou Bebé', com a barriguinha à mostra, estava confortável com a situação e quando tenho uma reunião na editora falam-me em dieta. Eu não sabia sequer o que era uma dieta", recorda.

Romana foi encaminhada para um médico que lhe receitou manipulados (medicamentos para emagrecer, seja por inibição do apetite, seja por ação termogénica) e foi aí que começou a sentir alguma "confusão" na cabeça.

"Confusão é: estou gorda, estou gorda, não estou gorda? Será que vou ficar mais gorda com aquela roupa?", eram algumas das dúvidas que na altura fizeram com que começasse a sentir-se desconfortável com o corpo, espoletando um distúrbio alimentar. "Houve ali alturas difíceis, de bulimia inclusive. Passei assim uns momentos em que tive de aprender sozinha, porque tinha dificuldade em partilhar esta dificuldade", continua.

A artista lembra que chegou a tentar deixar de comer, mas o vómito era como melhor lidava com a situação. "As emoções comigo mexiam ao ponto de fazer com que comesse mais. E sabia que ao comer mais ia ter consequências, mas a frustração era tanta que tinha de comer, de preencher aquele vazio de alguma forma e achava que a comida ajudava", contou. "Depois, às tantas, comecei a ter problemas na garganta, de refluxo, começaram a ficar graves e com o tempo tive de me educar."

Romana diz que ninguém à sua volta se apercebeu de que passava por um distúrbio, nem o público que a acompanhava, e que aprendeu a sair da situação sozinha ao reeducar-se. "Tive de aprender a comer, a dar a volta, a perceber o que de facto era confortável, o que fez bem ou não fez. Manipulados muito cedo não foram saudáveis, depois levou às cirurgias estéticas", reconheceu a cantora.

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