
O porta-voz do Livre, Rui Tavares, foi o convidado de quinta-feira, 24 de abril, no programa das tardes da SIC, conduzido por Júlia Pinheiro, a propósito das eleições legislativas de 18 de maio. Falou de religião e política, assim como da sua filha Helena, de 6 anos, que é portadora de Trissomia 21.
A apresentadora questionou o político acerca do que é que a sua filha já lhe tinha ensinado, ao que Rui Tavares revelou que tenta “preservar” Helena e que, apesar de numa fase inicial ter ficado desorientado, dado que só descobriu a condição depois de a criança nascer, “está a ser absolutamente extraordinário”.
“A Helena tem Trissomia 21 e eu tento preservar. Ela quando crescer é que há de decidir o que é que ela quer fazer, a maneira como há de falar de si mesma. Ensinou-me coisas que até já passamos a outros casais que às vezes nos ligam a dizer o mesmo que, tal como nós, só sabem da Trissomia 21 no nascimento, a seguir ao parto. Muitas vezes as pessoas não conhecem, não têm ninguém à volta, nem amigos nem família, como nós não tínhamos, que não tinham tido contacto e experiência com Trissomia 21”, começou por explicar.
“E vêm perguntar e, às vezes, vêm angustiados e preocupados e aí a gente já pode dizer o que aprendeu, que é não pensem que vão ser um milímetro menos felizes do que aquilo que planearam na altura, provavelmente até vão ser mais felizes do que aquilo que pensaram. Portanto não tenham medo, porque, pelo menos na nossa experiência, claro que no início, estamos desorientados, estávamos baralhados, e depois é também ter confiança na própria criança”, frisou Rui Tavares.
O político revelou ainda que a aprendizagem e o desenvolvimento de Helena está “a ser absolutamente extraordinário”, mas que não pode deixar de falar de política. “Aí voltamos a uma coisa que é política, mas é de nós todos. Faz uma enorme diferença o apoio que se pode dar ou não se pode dar, não é só o apoio financeiro, é, por exemplo, toda a papelada que é hiper complicada”, reforçou.
“Nós sabemos desenrascarmo-nos bem com a burocracia e com a papelada, mas mesmo nós estávamos perdidos. A certa altura foi a pediatra do hospital Dona Estefânia que nos ajudou a acabar de preencher os papéis. Agora imagine, quem não tem. Para estes miúdos e miúdas, o que acontece aos 3 anos, aos 4, aos 5, aos 6 é decisivo e pode-lhe dar uma autonomia quando forem adultos que lhes permite contribuir, participar na nossa sociedade como toda a gente, da sua maneira especial, ou podem ter menos autonomia que é aquilo que angustia os pais”, concluiu Rui Tavares, ao frisar a importância de toda a gente ir votar no dia 18 de maio.