Sara Prata recorreu esta terça-feira, 1 de outubro, às redes sociais, para denunciar um episódio que lhe aconteceu na semana passada, quando chegou a Lisboa, vinda do Porto, para ir para casa. A viagem era para ser de 20 minutos, mas durou mais de 1h30 devido ao trânsito.

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“Fomos falando de coisas banais (o que eu até dispensava, mas quis ser simpática e fui respondendo), mas logo de início achei o trato um pouco inconveniente e sem noção. Perguntou-me quem eu era, o que fazia, quantos filhos tinha, se morava na morada de destino. Rapidamente percebi que tinha de me silenciar e de me proteger. E eis que do nada chega pela primeira vez a frase: ‘posso dar-te o meu número. Podíamos ir jantar. Eu quero conhecer mais o teu mundo’”, começou por contar a atriz de 40 anos.

“Eu, que achei que numa situação destas saberia reagir e acabar logo com a conversa, acabei por dizer timidamente que não queria, que não fazia sentido. E a partir daqui foram mais 30 minutos de insistência. A conversa passou a ser deste registo, permanentemente”, continuou.

Sara Prata relatou que até sentiu necessidade de se tapar para proteger. “Comecei a inventar chamadas, para evitar que a conversa continuasse. Mas este homem, olhando para mim de cima a baixo, observava-me e até me perguntava se eu estava com frio, por ir tão tapada (estava de vestido e decidi colocar o meu casaco a tapar as pernas, até porque o braço dele já estava demasiado próximo de mim) e insistia de novo, e de novo, num jantar ou num copo”, contou, acrescentando que estava “presa no trânsito, no meio da segunda circular”, e não podia “simplesmente sair e ficar na faixa de rodagem”, já que também tinha a “mala na bagageira”.

A atriz registou tudo, como um vídeo da conversa “em que se percebe a insistência dos convites, o registo profissional do condutor, a matrícula”, e alterou o destino. “Foram minutos paralisantes. O sentimento de medo, de me sentir exposta, observada e intimidada ainda hoje não foi totalmente embora”, refletiu.

Sara Prata decidiu partilhar este relato, já que “silenciar é ajudar a que episódios destes continuem a ser vividos e banalizados”. “Nós, mulheres, temos de seguir em alerta constante. Fomos e ainda somos meras presas, que se veem obrigadas a travar este sentimento que só nós conhecemos”, concluiu. A atriz partilhou também relatos semelhantes de seguidoras.

Espreite o relato da atriz e os testemunhos semelhantes.