Os tempos desafiantes da pandemia revelaram-se uma caixinha de surpresas no que diz respeito a pôr mãos à obra. Ou melhor, revelaram antes que é possível juntar chamuças e Nutella, criar chamuças com sabor a pizza e, mesmo a fechar um ano de ideias arrojadas, chamuças com recheio de Ferrero Rocher: a ChamuRocher.
O Natal foi o pretexto para este lançamento, mas mesmo antes de chegar a quadra natalícia a Chamuça Project já tinha lançado a chamuça de bacalhau. As combinações que têm tanto de curioso como pecaminoso, foram ideia de Suhayl Karim, de 37 anos, que em maio lançou a Chamuça Project. Apesar de estar sozinho no projeto — é Suhayl quem confeciona, faz as entregas, responde às mensagens e pedidos de encomenda e faz as partilhas de fotos apetitosas no Instagram — até agora tem dado conta do recado.
"Comecei assim pequenino e devagarinho, com muito trabalho e dedicação", diz à MAGG. A oportunidade surgiu no meio da pandemia e após seis anos a trabalhar no Dubai — onde começou como comissário de bordo e passou a chefe de cabine em nove meses. Entretanto, em janeiro, veio para Portugal com uma garantia de emprego, também como comissário de bordo, numa companhia aérea.
Com a COVID-19, esse plano nem descolou, mas a pista tinha espaço para outros projetos que já andavam em mente há alguns anos. Suhayl trocou os aviões por uma avioneta, a Chamuça Project, que aos poucos tem levantado voo e conta já com 12 sabores.
Suhayl Karim tem formação em Gestão Turística e Hoteleira, trabalhou nove anos numa empresa de design e decoração, seguiu para a aviação e apesar de não ser um chef de renome, é entusiasta pela cozinha, onde agora junta os ingredientes que fazem parte da sua identidade: uma pitada da Índia que retrata as origens dos avós, outra pitada de África, uma vez que os pais nasceram em Moçambique, e umas gotas de Portugal, onde Suhayl Karim nasceu.
"As chamuças já eram um petisco recorrente na nossa família, na nossa tradição. Em maio foi o mês do Ramadão e pontualmente convidava alguns amigos, em números reduzidos, para virem cá jantar e todos eles pediam chamuças, porque já conheciam as chamuças da minha mãe", conta Suhayl Karim.
Contudo, ainda que todas as mães tenham a sua boa vontade característica, Suhayl decidiu arregaçar mangas e fazer ele próprio fornadas para os amigos — até porque com a pandemia, tempo livre para cozinhar não faltava (como bem sabemos).
O curioso é que as chamuças que para nós são novidade, para o responsável da Chamuça Project são tradição. "Aqui em Portugal só se conhecem as chamuças de frango, vitela ou vegetais, mas em outras partes do mundo há de vários sabores. Não há de Nutella e Ferrero Rocher, isso foi uma invenção minha, mas o que decidi fazer foi aliar os sabores da gastronomia portuguesa à cozinha tradicional indiana e fazer uma fusão de sabores", explica.
Da bomba de calorias doces às salgadas, venha o paladar e escolha
As recriações das tradicionais chamuças foram lançadas progressivamente, uma por mês, e até ao momento são já um total de 12 variedades, entre doces e salgadas. Começando por estas últimas, um dos best seller, avança Suhayl, é a chamumilho, de queijo e milho, que tem um sabor semelhante a pizza.
Já nas doces, a mais pedida não surpreende: ninguém resiste à Nutella (muito menos à descrição). "Imagine um crepe super estaladiço em que o chocolate, depois de dar uma dentada, derrete. É assim uma bomba de chocolate. É inexplicável", deixa-nos Suhayl com água na boca.
No entanto, as combinações irreverentes não ficam por aqui: há ainda, nas doces, a cham&m's (com M&M's) e a chamuçã, com maçã e canela, e, nas salgadas, a chamulhau, de bacalhau, a chamutona, com queijo e azeitonas, e a chamatum, de atum.
Para acompanhar tudo isto, pode mergulhar as chamuças nos molhos chutney — Red e Green Chilly (a partir de 1€), que apesar de Green, promete deixar os amantes de picante com a cara rosada e a precisar de um gole nas bebidas tradicionais indianas.
É o caso do mango lassi com base de iogurte, do fresco Lemon & Mint Punch ou da Pink Ruby Lemonade (500 ml por 3,5€ e 1 litro por 7€).
Da comida à bebida, tudo reflete a identidade de Suhayl Karim. "Tem uma fusão das minhas viagens, das minhas vivências, daquilo que acho que é bom e que as pessoas gostam", diz.
Para breve está já o lançamento de uma nova chamuça, que combina com a entrada do novo ano e os pensamentos dos desastres cometidos no anterior.
"2021 é ano de esperança, ano verde, ano de detox, ou pelo menos [de detox] no mês de janeiro por causa de todas as chamuças de Ferrero Rocher que se consumiram durante o mês de dezembro. Temos aí uma receita nova de um sabor mais saudável, mais amigo do estrago que foi feito", brinca Suhayl Karim.
Cada unidade de chamuça custa 1€ (exceto a chamutella, cham&m's e chamuça do mês que custam 1,5€). Pode também pedir uma box de chamuças congeladas com seis unidades (5€) ou uma box com 12 unidades (10€).
As encomendas são feitas através de mensagem privada no Instagram e, para já, as entregas são feitas apenas em Lisboa.