Manuche, labneh, sujuk, mutabal, muhamara. Conseguiu ler tudo? Nós não, mas alguns nomes ficaram-nos na cabeça depois de visitar o novo espaço em Alcântara: A Padaria Libanesa. Assim que se entra no espaço reduzido, mas acolhedor, os olhos ficam postos na vitrine recheada de pães que não costumamos encontrar. Ao contrário dos vendidos numa normal padaria portuguesa, estes são feitos com uma massa de fermentação lenta, o que significa que são mais leves e fáceis de digerir.
Mas com tantas padarias em Portugal, porquê abrir mais uma? "Temos muitos amigos que têm restaurantes aqui, mas não havia nenhuma padaria libanesa em Portugal. Esta é a primeira. É por isso que decidimos abrir. E desde que abrimos até agora, as pessoas têm gostado muito", disse à MAGG Bassema Jamal Eddine, uma das responsáveis pela padaria e ex-corporate executive num banco no Líbano. Bassema não está sozinha no projeto, uma vez que este é um negócio de família, do qual também faz parte do filho Jad e o chef Joseph Youssef, que já é responsável por um outro restaurante em Lisboa, e desenvolveu as receitas deste novo espaço.
"O nosso conceito é mais para take away. A pessoa vem, pega e leva para comer fora. Não é bem um restaurante, mas as pessoas podem sentar cá dentro e comer", explica Jad à MAGG.
O jovem e a família vieram para Portugal em agosto de 2020 e Jad está a acabar a licenciatura em Gestão Financeira. Por agora, vai gerindo os clientes que entram e saem da padaria e apesar de estarem de portas abertas apenas desde julho (depois de quase um mês a dar a conhecer os produtos a quem passava para terem feedback, sempre positivo), Jad já sabe bem de que é que os portugueses mais gostam, mesmo numa padaria libanesa.
"Os portugueses preferem o pão. Apenas vêm, compram e fazem o que querem em casa", conta. É verdade que nós portugueses não resistimos a um bom pão, mas aqui há muito mais na ementa, que é uma verdadeira viagem pela gastronomia libanesa.
Esta padaria vai muito além de pão
Os pães da montra (desde 1,20€) são por si só tentadores: tem várias formas, uns levam sementes e outros não e até há pão cuja massa leva tahini (nome que já nos é familiar por ser um dos principais ingredientes do húmus, uma pasta de grão de bico, que também há aqui). Estes são os tais que cada um faz o que bem entende em casa, mas vir aqui e não provar uma manuche de za'atar (5€) é quase pecado.
A manuche de za'atar é uma espécie de pizza libanesa, cuja massa é simples: leva a mesma farinha dos pães que estão na montra, só que a base é mais larga. Por cima leva za'atar, uma mistura moída de especiarias do Médio Oriente, com um toque salgado ligeiro que nos puxa para comer mais e mais. A verdade é que no fim desta fatia, depois de termos comido a manuche de queijo (6€), não restaram migalhas, só mesmo as sementes de sésamo que não conseguimos impedir que caiam para cima da mesa.
Na secção das pizzas libanesas, há outra que ficou a olhar para nós: a manouche de falafel (7€). Como assim uma pizza com falafel por cima? Não fosse a primeira padaria libanesa em Portugal, nunca saberíamos que este junção era possível.
Depois de matar a curiosidade com estas duas especialidades da padaria libanesa, ainda provámos o pão, mas não numa sandes mista à moda portuguesa. N'A Padaria Libanesa os pães são servidos juntamente com mutabal (3,50€), uma pasta de beringela assada bem condimentada, com tahine, limão, sal, e azeite, e servida com pedaços de romã por cima para equilibrar os sabores. Além desta, também veio mohamara (4€), uma mistura para amantes de picante, envolvida com nozes para dar um harmonioso contraste de texturas.
Para acompanhar a refeição, há bebidas tradicionais libanesas, as Kassatly Chtaura, com sabor a pêssego, tamarindo, tâmara ou rosa, que se misturam com água e resultam num refresco doce.
Lá por ser padaria, nada indica que não pode ter pastelaria e a d'A Padaria Libanesa é saborosa e diferente, como tudo o resto. Há maamoul (0,75€), bolinhos recheados com pasta de tâmara e mistura de frutos secos que fazem lembrar os biscoitos que há em casa das avós, a já famosa baklava na versão doce (4€), que é um pastel de massa filo recheado com pistacho, e ainda um bolo tradicional, a nammoura (1€), feita com base de tahini e coberta com água de rosa e flor de laranjeira — aromas suaves que nos transportam para um jardim cheio de flores. Também há um doce que parece bem português, o pudim de arroz (2,5€), uma espécie de arroz doce feito à maneira libanesa.
Depois de uma boa dose de açúcar, ninguém diria que as receitas tiveram de ser adaptadas ao gosto dos portugueses. Isto porque, segundo Bassema, as originais levavam muito mais açúcar.
Pode levar qualquer iguarias libanesa para casa, encomendar através da UberEats e Glovo ou comer no interior da padaria ou na esplanada.
Se for de manhã, há um menu de pequeno-almoço, com café e sandes (4,50€) e ao almoço o menu inclui entrada e uma das pizzas libanesas, as manouche (7€).