Fecham-nos as pistas, põem-nos a ir ao Lux comer um snack e banem todo o álcool das prateleiras a partir das 20 horas. O fim da vida noturna é uma chatice, mas chatice maior ainda é para quem faz deste setor um negócio.

De repente, Gonçalo Riscado, diretor da Cultura Trend Lisbon, empresa detentora do Musicbox, discoteca no Cais do Sodré, e responsável pela programação de festivais na cidade, teve que fazer uma paragem obrigatória a um percurso já longo na noite de Lisboa.

"O Musicbox está fechado, o festival Mill foi cancelado dez dias antes da data prevista para o início, e nós de mãos atadas", conta Gonçalo. Ainda assim, não tardaram a reagir e o Mill teve uma versão online e, em julho, através de uma parceria com a EGEAC, fizeram um take over do teatro São Luiz, que usaram como palco para nove concertos.

Mas a pandemia está a durar mais do que todos nós pensávamos e, a curto prazo, não haverá vida noturna, festivais, bares e discotecas a funcionar. Pelo menos não nos moldes a que sempre nos habituámos.

Vai daí que Gonçalo decidiu acelerar uma ideia que não estava pensada para agora. Ocupar parte do Hub Criativo do Beato para abrir a Casa Capitão, um pop up cultural que vai durar até ao final de outubro.

Mas afinal que casa é esta?

A casa que agora vai ser de arte foi, em tempos, a a casa do comando de manutenção militar. Tem 300 metros quadrados e um terraço com 500 metros quadrados, onde vai ser instalada uma esplanada com palco para concertos.

Vamos arriscar e dizer que o terraço da Casa do Capitão será o maior dos palcos desta programação artística e cultural que passa a integrar a agenda semanal da cidade.

DJ set, debates, lançamentos, programação infantil, oficinas, exposições, performance. É no Beato que tudo vai acontecer, de quinta a domingo (quinta e sexta-feira das 17h a 00h, sábado e domingo das 10h à 00h).

A inauguração é já esta quinta-feira, dia 13 de agosto, com a exposição "Esplendor na Relva", com peças de Simão Simões e Maria Goes e curadoria de Mantraste, a partir das 18h. Às 19h há concerto no terraço com Fado Bicha (8€) e a festa de inauguração segue com um set do DJ A Boy Named Sue (2€), às 20h.

A partir dai, todos os dias há festa. A 14, a banda Cave Story atua às 18 horas (6€), seguido de DJ set de Cholulteka, aka Bruno Salgado Zayas, e Barrio Lindo, o alter-ego de Agustin Rivaldo.

No sábado a festa começa mais cedo. Logo às 14 horas, DJ Flama Blanca aquece vai fazer o que há muito deseja: "uma tarde de música ligeira, baladas e risotas de elevador". A partir das 18h30, é Noiserv a dominar (10€) e Pedro Paulos apresenta Brandos Costumes, na versão DJ set, (2€).

No último dia desta primeira dose de loucura há oficina infantil de corpo, som e movimento dada pelo colectivo Baileia às 10 horas. Ainda no domingo, mas da parte da tarde, há concerto de Surma e Alex D'Alva às 17 horas e o dia acaba com o afrobaile dos Celeste Mariposa, as 19 horas.

Os bilhetes estarão disponíveis na Bilheteira Online. Pode consultar a programação completa e acompanhar as novidades através das redes sociais e do site da Casa do Capitão.

"Esta vai ser uma casa aberta à comunidade", avisa Gonçalo, até porque está ciente de que existem muitos projetos sem palco. Mas garante também que tudo o que passe na Casa Capitão tem a curadoria da equipa com quem trabalha.

Ementa feita de produtos portugueses

O espaço de restauração e comércio do Hub Criativo do Beato tinha já sido adjudicado a Cláudia Almeida e Silva, ex-diretora-geral da Fnac Portugal.

A Praça, nome dado ao espaço de restauração que agora se monta no Beato, vai servir de motor para o que acontecer num futuro, conta Cláudia à MAGG. "Quando o Hub abrir, estamos responsáveis por toda a restauração, para já vamos fazer deste pop up uma incubadora do que queremos vir a fazer".

Casa Capitão
O chef Bernardo Agrela está à frente do Praça, o espaço de restauração da Casa Capitão.

A premissa do projeto sempre foi a da ligação próxima com pequenos produtores. "Tudo o que é servido é frutos da nossa curadoria", garante. E é por isso que aqui conta com legumes e fruta de produções próximas de Lisboa, mas também carne Mirandesa e vinhos biológicos.

Chamou o chef Bernardo Agrela para tomar conta desta cozinha local e sazonal e, em três tempos está montada uma ementa curta, mas que responde a todos.

Dos pratos, pensados para partilhar, fazem parte tábuas de queijo e enchidos com pão (média 10,90€/grande 19,90€); salada fria com pickles (4,90€); alheira de Mirandela com salada de maçã e acelgas (7,50€); vitela mirandesa DOP com batata frita (19,50€) ou kebab de borrego alentejano com batata (8€).

O melhor de tudo é que debaixo do nome de cada prato estão, não só os ingredientes com que é feito, mas também o nome dos produtores de origem. A melancia é do Sr. Alcides, os coentros vêm da Quinta das Amélias, a abóbora e batatas da Quinta de Sao Silvestre e a alheira é das Alheiras Angelina.