Com tanto ramen, ceviche e bowl, é quase um alívio perceber que ainda há quem queira abrir um restaurante português. É que aqui a ementa não engana. Moelas, pezinhos de porco de coentrada, entrecosto e bacalhau. Já percebeu o género?
Estes são os pratos que já quase só se encontram fora de Lisboa ou, a ser na capital, em tascas onde tudo é servido em alumínio. Mas agora já não. "Sabemos que não são consensuais, mas não os queríamos deixar de servir", explica à MAGG Mauren Faria, Head Manager do novo grupo Osande, que pretende expandir-se na área da restauração e hotelaria.
O Audaz é mesmo o primeiro projeto do grupo, que quis começar por dar a Lisboa o que faltava. "Quando decidimos jantar fora e sair, temos que pensar num restaurante, num bar e depois um sítio para dançar. É toda uma logística", refere Mauren. É por isso que o Audaz reúne tudo num só espaço: restaurante com comida portuguesa, bar de cocktails e música ao vivo ou DJ set.
Comecemos pela comida, essa a cargo do chef Manuel Lino, que ousou trazer para um espaço novo e com decoração cool, a comida de conforto com que os portugueses cresceram. No Audaz há moelas de galinha (8€), pezinhos de porco de coentrada com samos de bacalhau crocantes (8€), orelha de porco prensada com escabeche de mexilhões e molho de francesinha (8€), ou a bochecha de vitela estufada com cremoso de batata doce fumada (17€).
Nas sobremesas, a cargo do chef pasteleiro João Picão, há referências populares como a encharcada (5€) com gelado de azeite e azeitona crocante, pudim de pão do Sátão (5€) com gelado de anis, e outras mais inusitadas como é o caso do arroz cotta (5€), uma panna cotta de arroz doce com caramelo de canela e arroz crocante.
Mas como se autodenomina como gastrobar, aqui não é só a comida que importa. A lista de vinhos mete respeito e até nos cocktails fizeram questão de ter ingredientes maioritariamente portugueses.
A carta de bar compõe-se ainda de 10 referências de cerveja e 23 de vinho português de pequenos produtores que se dedicam a criar produtos alternativos, seja um pinot noir da Costa Vicentina ou um vinho branco da Bairrada. Já a maior parte da carta de destilados é de origem nacional, como é o caso do rum da Madeira, gin do Alentejo e whiskey do Ribatejo. E também cocktails com ginjinha e aguardente da Lourinhã.
Como se assume como aquele restaurante do qual não temos que sair para continuar a noite, apresenta também noites de música ao vivo ou DJ set.
O Audaz está aberto todos os dias e, ainda que a cozinhe feche mais cedo, é até de madrugada que pode aproveitar os cocktails e um menu de petiscos, onde não faltam queijo e enchidos, que não é por já ser de noite que se perde a portugalidade.