O bairro da Ajuda tem novos vizinhos desde julho de 2022. Há cerca de meio ano, quando os termómetros subiam, o Café Social abria portas numa esquina. O espaço, que é mínimo, foi abandonado há uma década, quando lá funcionava uma reprografia. Agora, é um café que exalta os sabores mediterrânicos.

Com oito lugares dentro e outros oito na esplanada, surpreende primeiro pela dimensão e depois pela oferta. É a experiência ideal para quando não apetece a comida portuguesa, italiana, asiática ou fast food. Para descobrir sabores, que, apesar de novos, parecem ser familiares.

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Foi essa a sensação com que ficámos ao provar os pratos do Café Social, que privilegia ingredientes libaneses. "São iguais aos portugueses", acha Joseph Youssef, um dos responsáveis pelo projeto, que garante que também neste país do Médio Oriente existem variações de clássicos como o bitoque, a feijoada ou até o pica pau.

Na gastronomia do Líbano destacam-se os coentros, o alho e o limão, para Joseph, que pretende servir o "banquete de cores" a que sempre foi habituado. Veio para Portugal em 2018, depois de trabalhar em hotéis e restaurantes com estrelas Michelin por todo o Mundo. "Fartei-me do Dubai", disse à MAGG, sobre a escolha das terras lusas.

Café Social
Café Social Shadi Roukos, à esquerda, e Joseph Youssef, à direita. créditos: DR

Queria "começar algo pequeno", que lhe permitisse preparar a reforma — e acabou por o fazer precisamente no prédio onde reside. O Café Social surgiu em colaboração com Shadi Roukos, que queria "começar uma nova vida" e que foi convencido pelo TikTok a rumar para Portugal. Os dois conheceram-se em abril e decidiram trabalhar juntos.

Joseph Youssef, chef com mais de 30 anos de experiência no ramo, tem no currículo projetos como o Muito Bey e A Padaria Libanesa. Ambos munem-se do conhecimento que têm do mundo árabe para dinamizar e modernizar o conceito de café de bairro. Quiseram criar um ponto de encontro onde a palavra de ordem fosse "socializar".

Inserido numa zona sem parquímetro, está a 10 minutos a pé do MAAT – Museu de Arte, Arquitetura e Tecnologia e do Hospital Egas Moniz. Acolhe os moradores e respetivos patudos, mas também turistas e estudantes dos estabelecimentos de ensino mais próximos.

Foi precisamente a pensar nos jovens que a ementa foi desenvolvida. Agora, estão a elaborar novas ofertas, direcionadas para a população mais velha. "Vão ser pratos mais para partilhar e para petiscar", explicam-nos os donos do Café Social, que tanto comunicam em inglês como em português.

Têm opções para pequeno-almoço (das 8 horas ao meio dia), para almoço e para jantar. Há falafel, húmus e bebidas com e sem álcool (incluindo o café), que pode apreciar junto à grande parede onde foram pintados os típicos elétricos — mas, durante os próximos meses, não descure o agasalho, já que ficará junto à porta, de onde vem o frio.

A chicken waffle, sem glúten, com peito de frango assado, húmus, cebola, tomate e abacate (8€), e o beef taco — três tacos em tortilha de milho, com carne desfiada, queijo, pimentos padrón grelhados, abacate e cebola (7€) — são os mais pedidos. A carne é muito saborosa e os variados temperos vão evidenciando diferentes sabores.

Disponíveis para take away, mas também pela UberEats, Bolt Food e Glovo, as criações do Café Social passam também pelo húmus tradicional (3,80€) e pelo húmus social, com manteiga de amendoim (4€). São ambos deliciosos, assim como os pães quentes que os acompanham. Ligeiramente picantes, evidenciam o melhor do grão de bico.

"A primeira dentada é sempre húmus", aconselha Shadi Roukos. Como entrada, também provámos a cheese baklava, uma massa filo com queijo feta, cebola, salsa, molho de framboesa e chili (4€), e a shakshuka, um estufado com molho de tomate, queijo feta, cebola, pimenta, chouriço e ovos escalfados (6,50€), muito similar ao tradicional prato português com ervilhas ou favas.

Acompanhámos tudo com os mocktails light breeze, com pepino, frutos vermelhos, limonada e água com gás (que adorámos) e social punch, com morangos, lima, ananás, sumo de laranja e limonada, ambos 4,50€. Para terminar, sugerem a baklava doce, com caramelo e canela (3,50€). É possível fazer uma refeição completa por cerca de 12€.

Shadi Roukos e Joseph Youssef acreditam que é a "hospitalidade diferente" que distingue o seu negócio de todos os outros. Com opções saudáveis, veganas e sem glúten, têm aberto os horizontes de quem por lá passa, esforçando-se sempre por interagir com cada cliente e não desistindo até sacarem um sorriso.

Café Social

Localização: Rua Pinto Ferreira, 32B. 1300-464 Lisboa
Horário: de segunda a sábado das 8h às 22h; terça-feira até às 18h e domingo até às 15h
Contacto:
(+351) 913 045 989