São tão aficionados por ramen que, na última viagem a Paris, chegaram a comer aos quatro ou cinco por dia. Viajam pela Europa à procura de bons restaurantes japoneses, depois de no Japão — país que a que, pela distância, não podem ir tão frequentemente — terem aprendido a técnica necessária para fazer este caldo na perfeição.
António Carvalhão e João Ferreira são a dupla por detrás do Ajitama, o único supper club do País dedicado apenas ao ramen, a sopa japonesa que lhes enchia as medidas — e o estômago — quando viviam no Japão, António para estudar gestão e João a trabalhar numa multinacional que, apesar de ficar na China, o obrigava a viajar com frequência para Tóquio.
Quando voltaram a Lisboa ficaram a salivar pelo ramen que, na altura, em 2014, era praticamente desconhecido para a maioria dos portugueses, com a exceção daqueles que conseguiam vaga nas exclusivas mesas do Bonsai, o japonês mais antigo de Lisboa e que serve este prato de 15 em 15 dias durante o inverno.
Ficaram à espera que o fenómeno se propagasse até ao dia em que, fartos da espera e da busca infrutífera pelos sabores mais autênticos, decidiram preparar o seu próprio ramen.
Seguiram-se meses de testes falhados, outros bem conseguidos, sopas para servir aos amigos e muitas horas passadas na cozinha. Sim, porque um ramen, para ser bem servido, começa a ser preparado, pelo menos, três dias antes.
Foi mais de um ano a afinar a receita do caldo até que se sentiram preparados para abrir a porta de casa — a de António — para quem o quisesse provar. E bum! Com apenas treze lugares à mesa, a fila de espera ao longo de todo este tempo chegou aos milhares.
Muitos perguntavam quando é que o Ajitama — nome dado ao ovo temperado e levemente cozido e uma das peças principais de um ramen — passava a restaurante e, finalmente, já há uma resposta. Ainda vaga, mas há. "O Ajitama Ramen Bistrô abre até ao final do ano ali entre o Marquês de Pombal e o Saldanha", confidencia-nos António, garantindo ainda que, além do Ajitama Shio Ramen e Ajitama Shoyu Ramen, os dois tipos de ramen servidos ainda como supper club, vão ser introduzidos pelo menos mais duas receitas novas do caldo, além de outros pratos quentes.
Fiéis aos que esperaram durante meses para comer esta sopa especial, — e chegaram a ser 1800 pessoas — a dupla decidiu dar a notícia em primeira mão a todos os que estavam em lista de espera, através de um email no qual escrevem que o restaurante funcionará à porta fechada durante o primeiro mês, em exclusivo para receber "os aficionados que nunca desistem", como descrevem os criadores.
Para fazer a espera valer a pena, António e João referem que o objetivo dos dois sempre foi "servir o melhor ramen de Portugal". Para isso, além de testes infinitos feitos na cozinha de casa, António e João estiveram recentemente em Tóquio a frequentar um curso de Ramen Chefs na Rajuku, considerada a melhor escola de Tóquio, onde estiveram a aprender com o sensei Takeshi Koitani, um dos mais reconhecidos chefs da comunidade de ramen no Japão.