Durante mais de duas décadas, a rua Bartolomeu Dias, em Belém, acolheu a Nunes Real Marisqueira no número 112. Em 2022, Miguel e Vanda Nunes, proprietários do espaço, permaneceram na mesma rua, pegaram nas "malas" (ou nos mariscos, neste caso) e mudaram-se para o 172, em frente ao hotel Nau Palácio do Governador. E com esta mudança, para um espaço que demorou vários anos a preparar, deitaram por terra uma velha máxima portuguesa: afinal, em equipa que ganha, pode-se mexer.

Descobrimos o truque para não esperar nem um minuto por uma mesa na Cervejaria Ramiro
Descobrimos o truque para não esperar nem um minuto por uma mesa na Cervejaria Ramiro
Ver artigo

Nada mudou no Nunes, e tudo mudou no Nunes. A MAGG visitou o icónico espaço e chegou a esta conclusão: nada mudou, porque muito do staff, a simpatia, a alma e os melhores pratos de marisco da capital (e não só) por lá permanecem. Mas tudo mudou, porque é impossível não ficar impactado com a opulência deste restaurante, cuja decoração remete para o espírito do Art Déco, sendo o intuito fazer com que o cliente se sinta no fundo do mar. Ah, e a comida ficou ainda melhor.

Para maior comodidade dos clientes, saiba que existe valet parking durante as horas de almoço e de jantar, e sem ter de pagar nem mais um cêntimo por esse serviço.

 Nunes Real Marisqueira
Ainda estamos a pensar na basca.

Durante o nosso jantar no Nunes, tínhamos poucas exigências. Só pedimos que não faltasse um queijinho para começar, um casco de sapateira para barrar o recheio no pão torrado e que tudo terminasse com o belo do prego — o que não aconteceu, e há uma explicação bastante plausível para tal.

Não estávamos preparados para a melhor refeição de marisco das nossas vidas — tanto que até abrimos mão do prego

Para abrir as hostes, para além de uma flute de champanhe que nos soube pela vida, chegou à mesa algo que é muito mais que pão. Porque se "pão é vida", meus amigos, o que dizer deste pan tomaca (5,50€), pão cristal com tomate, que faz lembrar a entrada espanhola, e que casa na perfeição com o queijo de ovelha amanteigado da Serra da Estrela (11€) e o presunto ibérico 100% bolota (19€). É caso para dizer que até Georgina largava os ibéricos por este trio de ataque ao estômago.

Depois, ficámos completamente nas mãos do staff do Nunes, que teve como missão 1) mostrar-nos o que de melhor o restaurante tem e 2) proporcionar-nos uma das refeições mais maravilhosas e gulosas da nossa vida. E nada como começar com marisco, não é verdade?

Ao invés de casco de sapateira, no Nunes é servido um casco de santola (22€), cujo recheio nada tem que ver com muitos que vemos nas marisqueiras. Não há cá ovo cozido nem pão torrado, apenas a junção da maionese com as ovas e a carne da santola, e possivelmente algum tempero que fica no segredo dos deuses. Mas, acreditem, nunca comeram um recheio assim.

"Atacámos" também um frescos perceves (110€ ao quilo), umas amêijoas à Bulhão Pato (26€) com um molho que exigiu pão torrado com manteiga e uns camarões que redefiniram o conceito deste marisco. Falamos do camarão listado com caviar (38€), em que este chega descascado e com o ingrediente de luxo no topo, sem faltar as cabeças para sugar o molho. E sim, o emprantamento é metade do prato, porque os olhos também comem.

Ficamos por aqui no que diz respeito ao marisco — mas não falta nada no Nunes, caso queira provar a mista de mariscos (220€ para duas pessoas), gamba real (78€) ou sapateira (45€ ao quilo), entre muitas outras opções —, e avançámos para uma das grandes especialidades da casa. Falamos da basca, que caso acompanhe o restaurante nas redes sociais, é impossível de lhe ter passado ao lado.

Ficámos nas mãos do chef ao balcão do Mattë e tivemos o melhor jantar japonês de sempre
Ficámos nas mãos do chef ao balcão do Mattë e tivemos o melhor jantar japonês de sempre
Ver artigo

Imagine uma lagosta ou lavagante cozinhado no ponto, com um sabor dos deuses, carne tenra, molho delicioso, acompanhado por suculentas batatas fritas e ovos estrelados a cavalo. Este é o nível seguinte do tradicional bitoque português, que junta a alma de algo tão tradicional com o requinte do marisco. No caso da basca com lavagante o prato custa 135€, e sobe para 150€ se preferir a lagosta.

Já estão a perceber porque é que por mais que não quiséssemos sair do Nunes sem provar o tradicional prego do lombo (15€), este vai ter de ficar para uma segunda visita — é que o nosso estômago não tinha mesmo espaço para mais nada. No entanto, houve outros pratos que nos piscaram o olho da carta, como o arroz de lavagante (130€ ao quilo) ou o hot dog de lavagante (38€), bem como o guloso pudim à Nunes (8€).

Quer petiscar fora de horas? Também pode

Para além dos almoços e jantares à carta, o Nunes tem uma incrível barra (também conhecida como balcão) onde pode petiscar entre as principais refeições. Junte os amigos ou os colegas de trabalho e delicie-se com umas requintadas ostras acompanhadas com espumante ou prefira a simplicidade de uma imperial acabadinha de tirar com um prato de presunto ou prego de barriga de atum.

Pode também escolher o tradicional prego do lombo, tempura de gambas do Algarve ou o delicioso pan tomaca. A barra funciona a partir das 12 horas até à meia-noite, com um serviço interrupto.

Morada: Rua Bartolomeu Dias 172 E F, Belém, Lisboa
Telefone: 213 019 899
Horário: 12h-00h (fecha à segunda-feira)