Há uma nova A Velha no centro de Abrantes. O restaurante, que foi em tempos uma taberna, abriu portas esta terça-feira, 10 de agosto, para dar experiências aos abrantinos, bem como aos turistas, incluindo os que andam a percorrer a Nacional 2 e passam por Abrantes para carimbar o passaporte. O novo restaurante A Velha é, assim, uma alternativa aos habituais restaurantes típicos da região, embora os sabores estejam lá todos — estão somente apresentados de forma diferente.
"Tentámos ir buscar as coisas aqui da região, da terra, mas também brincar com os produtos locais e colá-los assim um bocadinho mais trendy, mais modernizados", explica à MAGG Joana Santos, co-proprietária do novo restaurante. Com ela está o marido, Miguel, e ambos vêm de áreas completamente diferentes. Joana licenciou-se em Serviço Social e o marido em Arquitetura, contudo, anos mais tarde, iniciaram projetos na área da restauração, também em Abrantes.
O primeiro foi um quiosque de jardim, em 2015, e dois anos mais tarde abriram a Oficina — uma hamburgueria de sucesso na cidade, que além de hambúrgueres tem crepes salgados.
Ambos os espaços continuam a funcionar e agora coexistem com o conceito completamente diferente d'A Velha. Não tem nada que ver com café ou uma cerveja refrescante numa esplanada ou um hambúrguer de conforto, é antes um espaço para degustar a gastronomia portuguesa na sua plenitude e num espaço que tem história.
"Isto era uma espaço muito característico da nossa cidade, porque A Velha era uma tasca. E todas as pessoas que cá vieram para nos dar orçamentos, ou amigos e pessoas conhecidas, têm memórias daqui. Como está relativamente perto da escola secundária, era o espaço para onde, no final do período, vinham começar as férias. É um sítio de muitas memórias e uma espécie de homenagem", conta Joana.
Os momentos aqui vividos não ficarão esquecidos, até porque o interior não deixa que tal aconteça, dado que a estrutura de outros tempos mantém-se. "Nem sequer pintámos uma parede [por cima], porque tinha as contas escritas a lápis de carvão do antigo taberneiro", diz Joana Santos.
Um restaurante que por si só vale uma visita a Abrantes
A cidade de Abrantes é um local rico em história, que pode ser recordada numa visita ao castelo/fortaleza de Abrantes e que só fica completa com uma passagem no jardim do Castelo, com vista sobre o rio Tejo. Abrantes conta também a história de Duarte Ferreira e da família de trabalhadores que criou através da Metalúrgica Duarte Ferreira, cujo museu fica no Tramagal. Tudo isto são boas razões para visitar a cidade, mas o novo restaurante trouxe outros motivos únicos.
"O nosso objetivo é tentar proporcionar experiências às pessoas. O espaço está muito acolhedor, portanto, apetece ficar. Queremos aliar a experiência gastronómica ao conviver e partilhar", aponta Joana como razão número um para visitar o restaurante.
Em segundo lugar, está o facto de a carta ser assinada pelo chef Rodrigo Castelo, galardoado com "Bib Gourmand" no Guia Michelin Espanha e Portugal 2020. Esta não é a única razão pela qual o nome lhe será familiar, uma vez que o chef é também o responsável pelo conceituado restaurante Taberna Ó Balcão, em Santarém, que abriu no ano em que Joana e Miguel conheceram o chef, em 2013.
Sendo Abrantes uma zona com muito peixe do rio, não podia estar ausente da carta. Mas sempre com o toque moderno, tal como nos explica Joana.
Eis então o terceiros motivo: o ceviche de peixe do rio e atum (12€), bem como as codornizes fritas, com sweet chilli (9,50€), para picar e, nos principais, lombos de fataça panados com arroz de berbigão (14€) — aqui, a fataça é apresentada em filete, uma alternativa à fataça habitualmente apresentada e que tem fama de ter muitas espinhas. Também encontra, nos pratos compostos, o quarto motivo para a visita — um elaborado pernil de porco confitado durante 24 horas com arroz de coentros e limão (16€).
Antes de aqui chegar, a ementa tem algo tradicional em todo o território português: pães, neste caso os qu’a velha amassou (2,50€), que deve acompanhar com um patê de fígado da velha (2€) e fazer uma pausa para dar uma trinca no croquete de rabo de toiro, com maionese de raiz de coentros (3.50€) — já vamos na quarta razão para uma deslocação propositada a Abrantes e passamos à sexta: "Fazemos tudo aqui, desde a manteiga ao patê", garante Joana, acrescentando que os ingredientes que fazem os pratos brilhar são de origem local.
As sobremesas não podiam ficar para trás e há três para provar, completando o sétimo motivo para se fazer à estrada em direção à A Velha. Conte com pudim de azeite com areia de nozes e lemon curd de poejo (5,50€), a típica tigelada de Abrantes, com gelado de queijo cabra (5€), e a mousse de chocolate com avelã torrada e flor de sal (5€).
Para acompanhar, há uma carta de vinhos especial, com um vinho da região e vários de produtores nacionais "não muito conhecidos, para dar a conhecê-los", remata Joana. Enumera-se o vinho branco Adega Mayor Selecção (19€), o Rubrica (23€) nos tintos, e o Quinta dos Frades Colheita Tardia (9,50€) para acompanhar as sobremesas.