"Este não é um projeto de uma vida", começa por admitir Licínia Moura. Mas é o projeto de uma fase da vida na qual, aos 53 anos, teve finalmente tempo para pensar em si.

Abriu o Manjerica, um restaurante de comida (quase sempre) saudável, porque não havia quem provasse os seus petiscos e não os elogiasse. Além disso, dar uma ajuda na decoração dos escritórios que o marido constrói já não lhe era suficiente. "Sou mãe há mais tempo do que sou pessoa e, agora que os filhos já estão crescidos, decidi apostar em mim", conta a MAGG.

Sabia que que queria um espaço simples, com comida saborosa e o mais saudável possível. A base é vegetal, mas há espaço para todos neste novo restaurante do Saldanha. "Segue um pouco aquilo que acontece em minha casa. Não somos vegetarianos, mas temos vindo a diminuir o consumo de carne e peixe, percebendo que os pratos não perdem por causa disso, ficam até mais saborosos e saciantes", salienta.

É por isso que, ainda que os pratos tenham como ingredientes principais os legumes e as leguminosas, há a hipótese de acrescentar um topping, alguns deles de origem animal. "É uma forma de juntar à mesa os vegetarianos e os que não abdicam da carne", refere, "e também mostrar aos carnívoros que é possível ter uma refeição equilibrada e que satisfaz sem recurso à proteína animal".

Nas torradas (6€), por exemplo, a base pode ser de abacate, tomatada, húmus de beterraba, patê de beringela ou queijo creme, às quais se pode acrescentar um ovo escalfado, mexido ou Benedict, salmão fumado ou cogumelos salteados. O mesmo acontece na secção dos ovos, que são servidos mexidos com palitos de batata doce e molho tzatziki (5€), mas aos quais se pode acrescentar um ovo extra, cebola caramelizada, tomate cereja, frango ou salmão fumado.

Para almoçar estão sempre disponíveis quatro pratos (todos a 8,5€), que vão mudando consoante a estação. Para já há o Cebolinho, feito com húmus de beterraba, rúcula, quinoa, laranja, maçã, nozes, abacate, beterraba, cebolinho e molho cítrico; o Salsa com zoodles de batata doce, espinafres, caju, beterraba e salsa; o Cominhos que não e mais do que um dahl de lentilhas, arroz integral e canónigos; e o Manjericão, um dos preferidos de Licínia, por ter como base os tomates frescos do Hortelão do Oeste, um produtor ao qual, lá por casa, costumamos chamar de reis do tomate, tal é a variedade de cores, tamanhos e sabores.

Há também um hambúrguer disponível na carta, feito à base de feijão, quinoa e noz, servido com pickle de cebola, espinafres, patê de beringela e palitos de batata doce (8€).

Com o prato principal arrumado, deixe espaço para a sobremesa. Todas se chamam Gulodices e não é por acaso. São feitas sem açúcar refinado, mas não se livram do mel ou do açúcar mascavado. Há uma de cacau e noz (4,5€), outra de coco e amêndoa (3,5€), ambas com coulis de frutos vermelhos. Há ainda uma Gulodice de maçã (3,5€), que na verdade é um crumble, e, aquela que aconselhamos numa primeira viagem, a Gulodice de figo e alfarroba (5€), até porque os figos, infelizmente, não duram para sempre.

Morada: Avenida Praia da Vitória, 50D, Lisboa

Horário: domingo a sexta 11h-16h

Ao domingo, o dia é de brunch, num menu que custa 16€ e do qual fazem parte as panquecas que estão disponíveis também durante a semana, com topping de manteiga de amendoim, banana e mel; nozes e mel; coulis de frutos do bosque ou — aquela que devia ser palavra proibida num restaurante que se quer saudável — Nutella.

"Bem sei que não é a coisa mais saudável do mundo, mas um dia não são dias", justifica Licínia. Do brunch fazem ainda parte uma das tostas, um iogurte bowl com fruta e duas bebidas, uma quente e uma fria. Para já está disponível apenas ao domingo, mas a ideia é que faça parte do menu de todos os dias.