Costuma dizer-se que o bom filho a casa torna. E foi justamente isso que o chef Nuno Mendes, 51 anos, fez ao regressar a Lisboa, a sua terra natal, para abrir o Santa Joana, o novo restaurante da capital, integrado no hotel Locke Santa Joana, unidade de cinco estrelas que está a funcionar desde julho, do grupo londrino White Rabbit.
Com uma carreira solidificada internacionalmente, especificamente em Londres, no Reino Unido — onde abriu o Viajante e o Mãos, entretanto fechados, mas onde também conquistou uma estrela Michelin nos dois projetos, e alcançou uma presença nos 50 Melhores Restaurantes do Mundo em 2013, justamente com o Viajante —, é na cidade britânica que o chef continua a viver e a estar aos comandos do Lisboeta, onde apresenta aos londrinos o melhor dos sabores nacionais, com pratos como o seu bacalhau à Brás de assinatura e até uma sobremesa de abade de priscos.
Apesar de assumir a cozinha do Cozinha das Flores, no Porto, Nuno Mendes não tinha um projeto em Lisboa desde a sua saída do restaurante do Bairro Alto Hotel, em 2022. Agora, quase na reta final de 2024, é o homem forte do Santa Joana, recentemente inaugurado, mas dado que continua a viver no Reino Unido, divide a cozinha com o chef Maurício Varela, que assume o lugar de head chef do restaurante do Locke Santa Joana.
Aqui, Nuno Mendes quer afastar-se do conceito de alta cozinha, mas também da tradicional portuguesa, pura e dura, sendo que é esta a proposta do restaurante a funcionar no Porto. “Queria fazer uma cozinha com produto português, inspirada por ideias portuguesas, mas também queria que fosse mais internacional. Não queria entrar na conversa do ‘tem de ser português’. Olha, é o que é. É bom, oxalá, e é divertido. Acho que é uma cozinha livre”, disse em entrevista à "Time Out".
O Santa Joana nasce numa unidade que também prima pela irreverência, ao incluir, além deste restaurante, um outro mais descontraído, um café e quatro bares de ambientes distintos — incluindo um com mais de 100 referências de whisky. O restaurante possui também uma entrada independente do hotel, pela Rua de Santa Marta.
O que é que pode esperar da carta?
A funcionar aos jantares diariamente, entre as 18 e as 23 horas, e também aos almoços de sexta-feira e de fim de semana, a partir do meio-dia, a carta do Santa Joana tem claramente uma intenção de partilha.
As propostas começam com os acepipes, de onde se destacam sugestões como biquíni de farinheira, tártaro de camarão e algas (15€) ou corações de galinha grelhados com molho pica-pau (8,50€), entre outras, e também não faltam as ostras, oriundas da Ria Formosa, Ria de Aveiro e do Sado (3,50€ à unidade) e também a ostra da casa, do Sado, servida com água de tomate e azeite de novo (4,50€).
Do bar de crus do Santa Joana saem sugestões como tártaro de carapau e a sua fritura (13€), barriga de atum maturada (19€) e camarão vermelho do Algarve (17€), entre outras, que podem ser acompanhadas pelo couvert de broa de milho quente, manteiga de levedura assada e azeite biodinâmico local (6,50€).
Avançando para a carta principal, saltam à vista propostas de entradas como tomate coração de boi marinado com emulsão de batata doce assada, gomos de laranja e poejos (12€) e a lula gigante caramelizada, caril à portuguesa e abóboras assadas (19€).
Nos pratos, que o restaurante alerta serem para partilhar para que possa provar um pouco de tudo, há presa de porco alentejano, pasta de nozes estufadas, nabos e grelos marinados assados (33€), pescada escalfada, emulsão de manteiga fumada, funcho assado e ervas suculentas do mar (25€), entre outros, se bem que também existem pratos maiores, igualmente para partilhar, que servem duas a três pessoas.
Falamos de propostas como rodovalho grelhado, caldo gelatinoso, aliums tostados e ervas frescas (45€), arroz de marisco, camarão da costa, caranguejo local e lagosta nacional (76€) e costeleta de vaca grelhada, piso de ervas frescas e tutano (89€).
Para acompanhar, pode escolher entre batatas novas caramelizadas (6€), esparregado de couves da época (6€), salada de folhas tenras (6€) e feijão-verde com vinagrete de feijão branco fermentado (6€).
No que diz respeito às sobremesas, departamento que está entregue à chef de pastelaria Maria Ramos, que também já tinha trabalhado com o chef Nuno Mendes aquando da passagem deste pelo Bairro Alto Hotel, há propostas como papos de anjo (9€), arroz doce (9€), pão de ló (12€) e tarte de chocolate 70% (10€), entre outras opções.