Há restaurantes tão deslumbrantes que, por vezes, até damos o desconto se a comida que nos chega a mesa não for assim tão fabulosa — ficando-se pelo médio — só para conseguirmos ter a oportunidade de jantar num espaço lindo de morrer. Mas e quando conseguimos juntar a imponência e beleza de um palácio centenário com propostas de comer e chorar por mais? Não mexe mais.
É justamente isso que acontece no restaurante do Palácio Chiado, na Rua do Alecrim, em Lisboa. Depois de vários conceitos testados, incluindo uma espécie de food court de luxo que trazia o famoso Sushic de Almada até ao Chiado, nos últimos anos, o restaurante no piso superior e o bar Salla no inferior têm-se mantido como ideias de sucesso, com novidades a cada estação.
Já tínhamos tido a oportunidade de visitar o restaurante do Palácio Chiado, e agora regressámos para provar a nova carta de outono-inverno, que para além de dar destaque aos produtos da época, quer trazer para a mesa o conforto de pratos aconchegantes, bem a combinar com o tempo frio. E para não deixar ninguém de fora, também há propostas vegetarianas e vegans.
Ainda antes de abrir as hostes, uma dica: seja já sentado na mesa ou ainda naquele pré-jantar no bar, peça o cocktail Palácio Chiado (10€), uma proposta de assinatura com rum, martini rosso, polpa de maracujá e sumo de limão, que é o mote ideal e delicioso para abrir um bom jantar.
Apesar de a apresentação ser linda, talvez faça sentido repensar o meio maracujá para finalizar a bebida, dado que fica complicado de beber sem palhinha (algo que todos queremos abolir).
Tacos de lagosta e um brás com bacalhau meia cura que rebenta com a escala
Mas vamos às novidades? No que diz respeito às entradas, há opções como consommé de bacalhau torricado (13€), caranguejo de casca mole em tempura (17€), couscous com abacate, manga e pinhão (14€) e taquitos de lagosta (21€). Foi justamente a última proposta a nossa eleita, cuja dose chega com duas unidades para partilhar. E tudo resulta nestes pequenos tacos, da crocância da tortilha ao sabor do marisco fresco, envolto num guacamole saboroso com lima, manga e coentros.
Nos pratos principais, a carta do Palácio Chiado sofreu uma renovação nas propostas e apresenta agora um polvo em azeite a alho (36€), lombo de novilho à Barão com molho cremoso (34€), robalo selvagem em court bouillon, uma forma de estufar o peixe com recurso a ervas aromáticas (38€) e um lombo de bacalhau meia-cura (28€) que nos levou à loucura.
Esta é uma dose bastante generosa e arriscamos dizer que com duas ou três entradas, será suficiente para dividir por duas pessoas. O lombo de bacalhau em meia-cura estava super fresco e saboroso, aromatizado com azeite, e sobre um guloso e perfeito brás de espargos, batata e alheira. O ovo no ponto certo sem estar super seco mas não completamente cru, a envolver a mistura na perfeição. Ficámos (mesmo) fãs.
Mas, calma, que se já tinha visitado o Palácio Chiado anteriormente, há clássicos que a equipa faz questão de manter na carta, como o camarão tigre grelhado (39€), o filete de pregado em beurre-noisette (29€), e o entrecôte maturado a 30 dias (38€).
Na carne, demos uma oportunidade a um dos pratos residentes, e achámos a dose de entrecôte também bastante generosa, as batatas fritas palito estaladiças, mas a estrela para ligar tudo foi mesmo o molho cremoso de trufa, uma espécie de maionese, onde mergulhámos muitas batatas — sim, é verdade, vocês também o fariam se provassem esta delícia.
A carta conta também com opções sem proteína animal, como o risotto de cogumelos selvagens com trufa de inverno (25€) ou os thai spring rolls vegetarianos (19€), e sobremesas gulosas como o dome de chocolate (11€) ou a tarte de maçã (8,50€), entre outras.