No coração de Lisboa, acaba de nascer uma artéria de Itália, do mar português e da memória gastronómica de Portugal. Chama-se Rocco, restaurante que abriu portas esta terça-feira, 7 de dezembro, e está situado no piso térreo do recente cinco estrelas The Ivens hotel, no Chiado.
Falamos em restaurante, mas na verdade são três os espaços — Gastrobar, Crudo bar e Ristorante — deste local imponente, palavra forte que só assim consegue descrever a decoração que resulta de uma parceria entre a Plateform (também responsável pelo Alma, Sala de Corte e Zero Zero) e o conceituado designer de interiores Lázaro Rosa-Violán.
“É um projeto de cariz maximalista, ou seja, em que a decoração tem presença nos padrões, nos tecidos, nos papéis de parede. É muito ao contrário dos projetos que nos têm caracterizado nos últimos anos, como o ZeroZero, em que são mais minimalistas”, refere à MAGG o CEO e fundador da Plateform, Rui Sanches.
Este "cariz maximalista” vai desde o balcão lisboeta do Gastrobar até à casa de banho do restaurante. “Achámos que também a casa de banho tinha de ter um tratamento especial para que toda a experiência não tivesse um elo mais fraco”, diz o CEO, que defende que numa ida a um restaurante, até o momento antes de entrar conta.
Talvez por isso é que o Gastrobar, o primeiro a saltar aos olhos de quem entra no Rocco, tem uma escadaria de mármore negro, com tapete vermelho.
A decoração é de nos deixar perdidos entre cada detalhe, adicionando mais uma razão para voltar ao Rocco, uma vez que cada nova visita será mais uma experiência. Só o Crudo bar tem 12 pratos para provar, o Gastrobar cocktails e uma grande garrafeira, selecionada por sommeliers internos, e o Ristorante variados sabores quentes da cozinha italiana.
No fundo, a versatilidade do Rocco, pretende “honrar aquilo que é a tradição de destino gastronómico de excelência e que o Chiado sempre teve em Lisboa”, diz-nos Rui Sanches.
Um restaurante para cada momento: de convívio e do que pede a gula
Se ainda não sabe onde beber um copo sexta-feira à noite, pode já sugerir aos amigos o Gastrobar do Rocco. Mas é melhor avisar a quem fizer o convite que este é um copo demorado, porque há muito para admirar e degustar.
O bar, com cocktails clássicos e alguns negronis de assinatura, tem também uma grande garrafeira de vinhos portugueses e internacionais (referências que pode levar para casa) espalhados ora na garrafeira vertical que cobre duas paredes do espaço, ora na garrafeira suspensa sobre o balcão central, com 17 lugares.
Nestes, ou nas mesas junto às janelas, pode acompanhar um copo de vinho com as sugestões da “cozinha essencialmente portuguesa e inclusivamente bastante lisboeta”, refere o fundador da Plateform.
Destacam-se os peixinhos da horta com molho tártaro (6€), as amêijoas da Ria Formosa à Bulhão Pato (27€), o bacalhau à Brás (21€) e o o bife Rocco, o tradicional bife à café marrare (30€), “que é um bife que quase saiu em desuso”, refere Rui sobre o clássico de Lisboa.
Já no Crudo bar, cujos lugares ocupam uma escadaria ascendente que lembra a costa italiana, encontra-se cozinha crua, em especial o marisco português.
Quem vem aqui, já sabe ao que vai: desfrutar de uma refeição com sabor a mar, que até nos faz sentir de férias. É que as paredes estão repletas de fotografias que fazem lembrar as viagens, a praia, no fundo, o verão, enquanto à mesa são servidas ostras do Sado (desde 9€ por três unidades), ceviche de corvina com puré de batata-doce e wasabi peas (21€), e royal de marisco (desde 125€) — opções que podem transitar para as mesas dos outros espaços.
Tratando-se de marisco, não pode faltar uma taça de champagne ou espumante (desde 8€ o copo) para acompanhar.
Da costa italiana passamos para o norte do país que marca com alguns clássicos a ementa do Ristorante. Neste espaço, vai poder deliciar-se com melanzane alla parmigiana (22€), costoletta alla milanese (34€) ou ossobuco com risotto de açafrão (36€). Isto depois de uma passagem obrigatória no vitello tonnato, vitela fria fatiada com molho cremoso (20€) das entrada italianas.
Claro que num restaurante de cariz italiano também tinha de haver pasta, como o tagliatelle Rocco, com presunto de Parma 18 meses e parmigiano Reggiano DOP 15 meses gratinado (24€), e risottos: al funshi, com azeite de trufa branca (24€) é um deles. Vai ainda encontrar opções na grelha ao jantar, como o polvo com molho de tomate seco (26€), que aquece o restaurante nas noites frias em que se inaugura.
Sendo que além do azulejo cerâmico manual vidrado de cor negra que reveste a entrada, as paredes e tetos da sala são pintadas de mostarda e cor de vinho, este último tem de completar a refeição desenhada pelo chef Ricardo Bolas — que também pode degustar no terraza, espaço ao ar livre no meio da vegetação natural.
Para rematar, as sobremesas com inspiração italiana e dedo do chef pasteleiro Claiton Ferreira. “Temos um cheesecake muito peculiar, que é para dividir, e um mil-folhas extraordinário”, refere o CEO Rui Sanches que não consegue ficar-se por duas e adiciona o clássico tiramisù (10€).
Mas temos de admitir: pela descrição na ementa do cheesecake, com morangos e framboesas marinadas, sorbet e jus de morango (16€) e do mil-folhas de avelã de Piemonte, caramelo e gelado de cappuccino (10€), estes são bem capazes de ser os mais requisitados.