Passar a soleira da porta do SOI - Asian Street Food é deixar a Praça D. Luís I, em Lisboa, para trás e entrar diretamente numa viagem pelo continente asiático, com o melhor e mais vibrante espírito de street food a envolver-nos de imediato. Aqui não há bancas de madeira ou mercados, mas os néons nas paredes remetem-nos para cidades como Banguecoque ou Hong Kong, e basta provar qualquer uma das alternativas que saem da cozinha de Maurício Vale para sentirmos que já não estamos em Portugal.
Depois de quase dois anos muito difíceis pautados pela pandemia, onde o setor da restauração foi fortemente atingido, o restaurante do grupo SushiCafé está aí para as curvas. De casa cheia numa noite de quinta-feira — e com dezenas de pedidos a saírem para take-away ou delivery —, o chef Maurício Vale explica-nos a essência da nova carta, acabadinha de estrear no SOI.
"Desta vez, tentámos elevar ainda mais o conceito de street food e apostar nas ligações. Tal como se vê na cultura asiática e em grandes cidades como Banguecoque ou Puyang, há sempre presente uma ligação entre o old school, o tradicional, com a new wave, o moderno, o industrial. É uma mistura muito interessante e visível nas cidades, e nós tentamos fazer o mesmo na gastronomia", conta à MAGG o chef do SOI.
Maurício Vale salienta que os processos de confeção mais tradicionais são "respeitados, para manter as coisas o mais saborosas possíveis", mas que o foco da nova carta — que chega com muitos mais pratos — são as "ligações e misturas incríveis". Mas deixa o alerta: "Não são fusões, que odeio a palavra. São pratos com história".
Depois de um fecho forçado e dos confinamentos, o chef revela que todos no SOI estavam "doidos para mostrar tudo" aquilo em que trabalharam nos últimos tempos. "É uma carta muito diferente, que apela a que as pessoas venham de espírito aberto para provar as coisas. A carta foi mesmo estruturada de forma a que os clientes possam fazer uma viagem de street food, com mais pratos para criar ligações espectaculares."
E Maurício Vale dá o mote. "Numa viagem à Tailândia, comi uma salsicha fermentada, carregada de lemon grass, vinagre, maravilhosa. Então trouxe a salsicha para aqui e pensei logo em servi-la num mini hot dog, com pão brioche. E este é justamente o tipo de misturas com que queremos provocar os clientes."
Se quiser seguir a dica do chef, a sua viagem gastronómica no SOI deverá então começar pelo Chiang Rai Hot Dog (6€), a tal salsicha em pão brioche com mostarda japonesa, maionese de kimuchi e XO (um molho feito com um ingrediente clássico asiático), que Maurício Vale garante combinar na perfeição com a Southeast Asian Salad (9€), uma salada de ostras com pepino chinês, acelga, guacamole, vinagrete jim jaew e sorvete de pétalas de rosa.
Mas há muito mais para provar nesta original nova carta: delicie-se com sugestões como os Vietnamese Goi Cuon (8€), rolos de folha de arroz com peixe do dia da nossa costa alimado, barriga de porco, salada de manga, pesto de ervas e molho hoisin de amendoim, ou como o Pork Pok Pok (8,50€), barriga de porco assada no forno com geleia de goiabada e sweet chilli.
Não estaríamos a falar de street food sem a presença de baos (servidos em doses de duas unidades), que no SOI podem ser compostos com pato, barriga de porco, camarão frito, frango frito caramelizado ou com vegetais (a partir de 8€), nem dos clássicos pratos na wok, como os phad-thais, que também não são esquecidos (a partir de 11€).
No entanto, há duas sugestões — e olhe que fizemos a prova — que não pode deixar de lado. Falamos do Korean Udon Noodles (16€), uma massa udon com choco salteada em molho coreano e com vegetais da estação, um prato tão delicioso como picante (mas numa intensidade perfeita para quem é fã) que nos faz querer voltar ao SOI todos os fins de semana; e do incrível caril com perna de cordeiro, o Massaman Curry (18,50€), onde a perna de cordeiro de leite é glaceada com romã, caril massaman e leite de coco, e servida com pickles de abóbora fumada com vegetais da estação e caju. "É um dos nossos pratos de assinatura", revela Maurício Vale, que também salienta que todos os molhos e pastas do caril são feitos no restaurante.
Para o chef, estas opções — e tantas outras que pode encontrar na nova carta — são a prova de que é possível ter "uma cozinha altamente criativa sem ter produtos de moda ou de nome, ou de carabineiros, ou por aí em diante", diz Maurício Vale, que também salienta que a criatividade é a sua palavra de ordem.
"Gosto de agarrar em peças de uma parte do animal que não sejam comerciais, que as pessoas acham que não é nobre, e transformar, dar-lhe a criatividade toda. Aliás, é esse o grande desafio: como é que agarramos nas peças e criamos algo com o espírito do SOI, com sabor e apelativo", refere.
Para comprovar, já sabe: só tem de visitar o SOI. Mas reserve, que os lugares para esta viagem gastronómica são ocupados num instante.