Em novembro de 2022, Lucas Azevedo deixava a barra japonesa do Praia no Parque, depois de três anos a liderar o projeto, que fez do balcão deste restaurante um dos spots imperdíveis para comer sushi de qualidade na capital. Com a saída, todos os entusiastas por cozinha aguardavam pelo regresso ao ativo do chef brasileiro, radicado em Portugal há mais de duas décadas.
E embora Lucas Azevedo não estivesse parado, tendo estado envolvido como chef consultor num projeto em Marrocos e levando a cabo vários pop-ups, tivemos de esperar até 2024 para poder voltar a visitar um espaço com o seu cunho. Podemos todos respirar de alívio, porque o Ryoshi está prestes a abrir as portas.
"Ainda estamos a afinar alguns detalhes para abrir, mas acho que o vamos fazer ainda esta semana", revela Lucas Azevedo à MAGG. "Estivemos em testes, uma espécie de soft opening mais interno, também para perceber o que vamos fazer e como é que o vamos fazer. Mas está mesmo quase tudo pronto", continua, embora revele que o espaço ainda não está a aceitar reservas.
Sobre este novo Ryoshi, onde o chef interpreta a cozinha japonesa à sua maneira, Lucas Azevedo explica que este foi um projeto muito pensado. "Já estava na minha cabeça há alguns anos, mas não era exatamente isto que eu estava a pensar fazer a seguir. Mas, enquanto cliente, percebi que faltava um restaurante japonês que servisse comida do dia a dia. Nem tudo tem de ser uma experiência com uma barra com 10 lugares, com um menu omokase. Entendo e faz todo o sentido que muitos espaços queiram seguir essa tendência, mas acho que entrámos aqui um bocadinho em espiral, começou a surgir muito e existiu um pouco o esquecimento de uma outra forma de trabalhar."
Espreite o espaço do Ryoshi.
Créditos: Gonçalo F. Santos
E é justamente essa mentalidade que Lucas Azevedo quer mudar com o Ryoshi. "Queremos ter uma cozinha japonesa tradicional do dia a dia, sem grandes pretensões, num ambiente descontraído, onde as pessoas possam sentar-se e comer sem estar a ouvir uma longa explicação do chef sobre cada peça que lhes é posta à frente. Pretendemos aliar isso a um bom ambiente, a um espaço bem decorado, com música. É muito essa a ideia", diz o chef.
Apesar de pretender apresentar uma cozinha mais tradicional, a inovação não é deixada de lado. "Quero muito apresentar sabores que as pessoas possam não conhecer tão bem, aliados a técnicas, ou para quem até já esteve no Japão, provarem aqui coisas que se recordem de ter comido quando visitaram o país", refere Lucas Azevedo.
O chef explica também à MAGG que servir uma comida mais tradicional não quer dizer que não tenha o seu cunho. "Claro que a minha influência individual está nos pratos, com base naquilo que ganhei com muitos anos de trabalho."
"Quero servir comida democrática e acessível a toda a gente"
Apesar de ainda não estar de portas abertas, Lucas Azevedo já adivinha quais serão os pratos mais requisitados neste Ryoshi. "Há propostas muito interessantes. Temos na carta uma enguia com gema de ovo e arroz, o unagi don [24€], que acho que chama bastante a atenção. Temos também a salada de espinafres com molho sésamo [10€], e um prato que é um coração de alface com molho pirikara [10€], um molho que eu uso desde o Bonsai, embora aí fosse utilizado no frango frito", refere.
O chef salienta também um prato inspirado numa memória que guarda desde os tempos em que estagiou no Japão. "Durante os intervalos do estágio, vinha para rua e comia um pão frito recheado com caril. Optei por trazer essa proposta pouco comum para o restaurante, comum toque português. Aqui, a ideia é abrir o pão frito e molhar no molho. Acho que vai ser um sucesso", diz Lucas Azevedo, referindo-se então ao pão de caril (12€), servido com um recheio de curry de porco.
Veja alguns pratos.
Créditos: Gonçalo F. Santos
Para além destas propostas, há pratos como a lula com um kick de togarashi (16€), tártaro de carapau (12€), ostras com vinagre dashi (8€), sashimi de peixe do dia (18€), nigiris de peixe do dia (24€), escabeche de peixe frito (14€), asas de frangyosa (14€), burguer ponzu (15€), barriga de porco marinada (17€) e hot dog com kimchi mayo (15€), entre outras opções.
E, acima de tudo, com recurso a produtos sazonais, Lucas Azevedo quer criar um restaurante que chegue a todo o tipo de clientes. "Quero servir comida democrática e acessível a toda a gente, onde seja fácil vir uma vez por semana e ter uma refeição tranquila", diz o chef.
Numa fase inicial, o Ryoshi, que conta com 40 lugares divididos entre a barra, mesas e espaços pensados para grupos, vai servir apenas jantares.