Há cada vez mais amantes de sushi no mundo e, em Portugal, a adesão tem sido cada vez mais forte. E isso nota-se pela quantidade de bons restaurantes que existem um pouco por todo o País. Ainda assim, há muitos hábitos que apesar de poderem parecer inofensivos são, na verdade, insultuosos para a cultura japonesa — e para os funcionários que nos estão a servir.
Sabia, por exemplo, que deixar um prato com restos de peixe ou arroz marinados em molho de soja ou wasabi é um insulto grave? Provavelmente nunca nenhum funcionário lhe vai fazer má cara por isso, mas não é um bom costume. A ideia é que o molho de soja seja usado apenas na quantidade certa para dar sabor ao peixe, e nunca em demasia. Mas há ainda outros factos ou curiosidades engraçadas que talvez não conheça, como por exemplo a ideia de que nunca deve deixar gorjeta depois de um jantar, por muito fenomenal que tenha sido.
Estas são as 12 curiosidades mais importantes sobre sushi que a MAGG recolheu.
O sushi não teve origem no Japão
Apesar de o Japão continuar a ser associado ao sushi nas suas mais variadas formas, a verdade é que a inspiração parece ter começado muito antes no Sudeste Asiático, nas civilizações em redor do rio Mekong. Só anos mais tarde é que terá chegado à China e, por fim, ao Japão.
O conceito moderno de fazer e preservar o sushi, tal como hoje o entendemos, só viria a ser inventado no Japão em meados de 1800 por Hanaya Yohei.
No início, o sushi era considerado fast food
Está a ver as pipocas que compra quando vai ao cinema? No início o sushi era visto um pouco assim — como um simples snack usado para acalmar o estômago em sessões de cinema.
E chegou mesmo a ser usado como moeda
Por ser visto como uma comida luxuosa, muitas pessoas chegaram a usar peças de sushi já preparadas como moeda de troca para serviços ou pagamentos de impostos. Tudo isto, claro, no século VIII a.C.
O wasabi que está a comer provavelmente não é mesmo wasabi
O verdadeiro wasabi vem da raiz de uma planta que só existe no Japão e, por isso, o preço do produto pode ser muito superior ao normal. Geralmente, os restaurantes que servem o verdadeiro molho de wasabi cobram sempre ao cliente assim que o molho é pedido.
Quando isso não acontece, é porque o que está a comer é, na verdade, um molho falso composto, essencialmente, pelos resíduos de uma planta chamada armorácia — que depois são transformados com corantes para ganhar a cor verde do produto verdadeiro e original.
Quando o sushi foi inventado, o arroz nunca era comido
A ideia passava por utilizar o arroz apenas como forma de preservar o peixe e protegê-lo de moscas e micróbios. Assim que todo o processo de fermentação do arroz estivesse concluído, era descartado e só o peixe (de qualquer espécie) era ingerido.
O peixe-balão é dos mais perigosos em pratos de sashimi
Devido à quantidade de veneno que o peixe tem nos órgãos e nas glândulas, pode ser muito perigoso. É que o fugu, nome japonês do peixe, possui uma toxina que consegue ser mais mortal do que o cianeto. Basta um golpe no sítio errado do peixe, para a toxina ser libertada e a pessoa morrer em apenas uma hora.
No Japão é necessária uma certificação específica e governamental que autorize os chefs a trabalharem com aquele tipo de peixe nos seus restaurantes.
O sushi é suposto ser comido com as mãos
A ideia é manter o produto o mais fiel possível às suas origens. E a história diz que a maneira mais correta de comer este tipo de peças é com as mãos. Os pauzinhos, esses só devem ser utilizados para comer sashimi ou outro tipo de comidas como pratos de massa ou arroz.
Da mesma maneira, não tente comer temakis com pauzinhos
Este é um erro clássico que só os mais desatentos insistem em cometer. Quantas vezes foi a um restaurante e viu alguém comer um temaki com pauzinhos para, meros momentos depois, admitir derrota ao ver tudo desfeito no prato? É que os temakis são feitos para serem comidos com as mãos. Sem medos ou vergonhas. Até porque caso contrário só vai estragar tudo e fazer uma grande confusão no prato.
Muitos funcionários e chefs de restaurantes podem mesmo considerar uma afronta à sua cultura se tentar contrariar esta ideia basilar.
Desperdiçar molho de soja é um insulto à cultura japonesa
Quantas vezes saiu do restaurante com restos de arroz, peixe e molho de soja no prato? Pois bem, é provável que o funcionário que vai recolher o seu prato o esteja a julgar silenciosamente. É que esta é outra das práticas que vão de encontro aos ideais japoneses.
Desperdiçar molho de soja é muito mal visto pelos verdadeiros puristas e esse molho só deve ser usado nas quantidades certas, e nunca em demasia.
Os nigiris devem ser comidos de baixo para cima — e nunca deve molhar o arroz
Está a ver aquelas peças de sushi com arroz e uma fatia de peixe cru por cima? Diz quem sabe que a melhor forma de comer essa peça é virando-a ao contrário, de maneira a que seja o peixe a tocar na sua língua e não o arroz. E mais: nunca deve molhar o arroz do nigiri em molho de soja.
É que os chefs perdem muito tempo a criar e a moldar o arroz de maneira a que fique perfeito junto ao peixe. Molhá-lo em qualquer tipo de líquido é não respeitar o seu trabalho, já que vai acabar por se desfazer.
Mesmo o sushi fresco é congelado primeiro
Devido às regulações nos EUA e na Europa para a segurança alimentar, os chefs são obrigados a congelar o peixe cru durante 24 horas a uma temperatura de 20 graus negativos. A ideia é eliminar toda e qualquer bactéria que possa residir no peixe e, assim, torná-lo seguro para consumo.
Os grandes profissionais de sushi no Japão são treinados para reconhecer qualquer tipo de problemas que possa existir no peixe, como parasitas ou degradação, antes de o comprar no mercado.
Pode (e deve) pagar um copo ao chef
Depois de uma experiência fantástica de degustação de sushi, são vários os chefs que apreciam que os seus clientes lhes ofereçam um copo de saquê, a bebida alcoólica japonesa à base de arroz fermentado, para agradecer. No entanto, não se sinta mal se por algum motivo o chef não aceitar — é que devido à quantidade e intensidade do seu trabalho, podem não ter tempo ou disponibilidade para parar por breves minutos.
Se recusar, não tente deixar gorjeta. O hábito de deixar dinheiro a mais depois de um serviço não é comum no Japão, e pode mesmo ser visto como um insulto.