Esta não é a típica história do estrangeiro que vem a Portugal de férias, fica encantado e por cá decidi viver. Luca Fievez e Luha Vieira são franceses, é certo, gostam de Portugal, também não há dúvidas, mas o que os fez mudarem-se para Lisboa foi perceber que ainda mantemos técnicas agrícolas pouco invasivas.
"Portugal nunca evoluiu muito na agricultura e, com isso, agora está à frente de muitos países que tentam voltar às técnicas mais tradicionais", explica Luha à MAGG.
Jurista de formação, com especialidade no setor ambiental, chegou a trabalhar na área até perceber ainda eram muitas as falhas no sistema. "Preferi fazer a minha própria justiça", garante. Para isso veio para Portugal de roulote há dois anos com o namorado e também cozinheiro, Luca. Estacionaram na Costa da Caparica num terreno cheio de lixo. Limparam, trouxeram areia e criaram o palco perfeito para a horta de permacultura de onde vinham todos os ingredientes usados na casa-móvel que rapidamente passou a food truck.
Ainda que hoje aquele espaço seja um parque de estacionamento de carros de luxo, fica orgulhosa de pensar que, no seu caso, "podia ter escolhido pôr cimento", mas pôs antes terra a crescer. "Pelo menos o meu compromisso individual foi cumprido", admite.
Agora, com 25 anos, decidiu trocar a roulote por um restaurante e, juntamente com Luca, de 27 anos, abriu o Tropismo, o novo restaurante francês de Campo de Ourique, em Lisboa.
E ainda que no número 107 da rua Correia Teles, a inspiração seja francesa, nada do que é servido foi feito fora de Portugal. "Usamos exclusivamente produtos nacionais, os legumes e fruta são todos locais, a carne vem de criação a pasto e o peixe e sempre selvagem, nunca de aquacultura", garante Luha.
O casal dividiu o menu entre pratos mais saudáveis e outros mais franceses, "que toda a gente sabe que são muito pouco saudáveis", brinca Luha. Ainda assim, acredita que mesmo as comidas mais pesadas, quando feitas com bons produtos, não são tão prejudiciais.
Nesta dicotomia, encontramos nas entradas um tártaro de beterraba (4,50€) ou uma sardinhas de escabeche com legumes (5€), mas também um patê de porco preto (6€) ou uns croquetes de porco com molho tártaro (5€). Nos pratos principais, é possível escolher entre uma salada falafel (9,90€) ou um chucrute com camarão e peixe (16€), dentro das opções mais leves, ou ir sem medos para umas bochechas de porco com batatas fritas (14€) ou umas lulas com carbonara e presunto (13€).
Para sobremesa existem três opções: profiteroles com gelado de nata e molho quente de chocolate (4,50€), tarte de maçã com pasta de amêndoa (4,50€) e merengue de limão (4,50€).
Para já, o restaurante abre apenas para jantares — almoços só ao fim de semana. Mas a partir de setembro, avisa Luha, vai estar aberto para almoços também à semana, mesmo a pedir que se aproveite o jardim tropical montado de raiz pelos dois, à semelhança de todo o espaço, com muitas plantas, cor e até uma fonte. É lá que o casal espera, também em breve, começar a receber projetos culturais, seja concertos, apresentações de livros ou pequenas peças de teatro.