Entrámos oficialmente no outono e as nossas preferências começam a mudar, tal e qual como as temperaturas. Assim, quando marcamos uma escapadinha de fim de semana, deixamos de dar prioridades aos hotéis com a melhor piscina ou a pouca distância da praia, e começamos a preferir sítios acolhedores, com boa comida e até uma lareira para as noites frias.
Foi neste mood que visitámos a Herdade da Barrosinha num fim de semana que se adivinhava de trovoada, mas em que o sol teve a bondade de aparecer de tempos a tempos para conseguirmos explorar todos os cantos desta herdade de 2 mil hectares, ladeada pelo rio Sado e inserida na Companhia Agrícola da Barrosinha, em Alcácer do Sal.
O hotel rural de quatro estrelas abriu portas em novembro de 2019, numa era pré-pandemia, e tem alternativas para todos os gostos. Os 37 quartos do hotel, com duas suites, apostam em linhas simples, mas modernas. As sete casas, disponíveis na tipologia T1 e T2, são ideais para as famílias, para quem deseja mais privacidade e um ambiente mais caseiro. Aqui a decoração rústica ganha a corrida, embora com todas as comodidades do século XXI — incluíndo o wi-fi, que mesmo mais longe do edifício principal, não falha.
E foram dois dias em cheio: dormimos, descansámos, conhecemos os restaurantes do hotel e até fizemos uma prova de vinhos com os que são produzidos na herdade. Descubra o bom, aquilo que precisa de melhorar e o verdadeiramente incrível da Herdade da Barrosinha.
O bom. As Casas da Barrosinha
Apesar de terem, na sua maioria, quartos de hotel, tivemos o privilégio de ficar alojados numa das sete casas da unidade de turismo — e ficámos apaixonados. Para além de estarem totalmente equipadas com utensílios e electrodomésticos necessários à confecção de refeições, existem duas áreas onde pode almoçar e jantar à vontade consoante as condições meteorológicas: pode preferir ficar no interior da casa, bem junto à lareira, ou aproveitar o tempo mais quente na mesa do pátio.
Ah, o pátio. Com duas árvores e muitas flores nos canteiros, que servem também de divisória entre as casas, o cenário parece saído de qualquer filme da Disney. O espaço é amplo e pode optar entre apanhar sol ou ler um livro nas espreguiçadeiras disponíveis, ou aproveitar a área para brincar com os miúdos.
As camas são confortáveis, a casa de banho espaçosa e só queríamos que as temperaturas estivessem mais baixas para conseguir acender a lareira enquanto bebíamos um copo de vinho tinto — da Herdade da Barrosinha, claro está.
A melhorar. A inexperiência do staff
Apesar de simpática e prestável, nota-se que a equipa do hotel precisa de alguns afinamentos. Entre pessoal muito jovem que se divide entre as várias valências do hotel — conseguimos, num só dia, apanhar exatamente o mesmo colaborador no almoço, na prova de vinhos e ao jantar — e outros funcionários que parecem um pouco perdidos, nota-se que falta experiência e prática ao staff. Mas tal pode ser desculpado, tendo em conta a data de abertura.
O hotel abriu portas em novembro de 2019, sendo que a pandemia afetou (e muito) o setor de turismo, com muitos estabelecimentos a fecharem durante o estado de emergência. Assim, com tão poucos meses de existência e a interrupção forçada, vamos fazer aqui a crítica construtiva e dar tempo para limarem arestas.
O incrível. A comida. A comida. Já mencionámos a comida?
Existem dois restaurantes na Herdade da Barrosinha. A taberna, dedicada aos almoços e a petiscos a partir do final do dia, e o restaurante do hotel, onde são servidos almoços e jantares — e que em tempos de pandemia, está instalado na sala de descanso do hotel, para que exista mais distanciamento social. Experimentámos os dois e o veredicto é igual: incrível. Dos pratos mais simples da taberna, como frango da púcara e feijoada de choco, aos mais complexos ao jantar, tudo o que provámos nesse fim de semana era pura e simplesmente delicioso.
Porém, a pontuação máxima vai para o filete de corvina com migas e para as bochechas de porco com migas de batata e enchidos. É verdade que não há prato mais alentejano que a esta iguaria feita com pão e alho, e a Herdade da Barrosinha serve-a na perfeição.
Para beber? Tudo é acompanhado com os vinhos da herdade, que pode experimentar nas provas de vinho que acontecem quase diariamente, a partir de 10€ por casal, e levar para casa umas quantas garrafas depois de uma visita à loja. Uma dica: pergunte pelos vinhos do mar, garrafas que ficam em estágio durante seis meses debaixo de água, no porto de Sines, e que têm um sabor bastante característico.
Em outubro, o alojamento nos quartos do hotel começa nos 85€ por noite, e 104,45€ nas casas T2 (com capacidade até seis pessoas). O pequeno-almoço está incluído nas tarifas dos quartos, mas não das casas.
A MAGG ficou alojada a convite da Herdade da Barrosinha