20 anos após o Euro 2004, Nelly Furtado regressou a Portugal para atuar no North Festival, no Parque de Serralves. Depois de WIU, Grupo Menos É Mais, Bell Marques e Claudia Leitte, chegou a vez da cantora lusodescendente de 45 anos, que era a cabeça de cartaz do terceiro e último dia de festival, subir ao palco.

Ana Moura cantou o hino "Força" com Nelly Furtado no palco do North Festival. Veja o vídeo
Ana Moura cantou o hino "Força" com Nelly Furtado no palco do North Festival. Veja o vídeo
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Numa noite em que o frio e o vento se faziam sentir, estávamos à espera que Nelly Furtado aquecesse o ambiente. Contudo, sentimos precisamente o contrário. Parecia que o público tinha gelado e a cantora gelada estava. Principalmente depois das atuações dos artistas que atuaram anteriormente, que puseram os fãs todos a dançar.

A MAGG assistiu ao concerto da artista, que é filha de pais açorianos que emigraram para o Canadá à procura de melhores condições de vida. Tendo começado com 25 minutos de atraso, com “Say It Right” a ser a canção de abertura, e tendo durado precisamente 55 minutos, eis três destaques da atuação.

1. Nelly Furtado perdeu a “Força” e Ana Moura nem a teve

“Tenho uma coisa especial para vocês”. Foi assim que, Nelly Furtado, mais ou menos a meio do concerto, presenteou o público do North Festival com uma versão diferente do hino “Força”, que ficou eternizado devido ao Euro 2004, que se realizou em Portugal e no qual a seleção nacional perdeu na final contra a Grécia.

Quando o público percebeu qual era o tema, com os bailarinos a exibirem uma bandeira de Portugal, ficou bastante efusivo. Contudo, essa reação durou apenas alguns segundos. Estávamos à espera de que, principalmente nesta canção, o público desse tudo. E não deu. A meio, Nelly Furtado surpreendeu ao chamar Ana Moura ao palco.

“Lá vai ela, Ana Moura”, anunciou a cantora lusodescendente. A fadista entrou, mas nem percebemos bem o que aconteceu. Pareceu algo combinado à última da hora e sem ensaio. A intérprete de êxitos como “Andorinhas” e “Dia de Folga” parecia não estar por dentro do tema, não saber a letra e, quer tenha sido por problemas técnicos ou por não querer fazer má figura, praticamente não se ouvia. Além disso, a fadista não interagiu nada com o público nem se despediu em condições.

Apesar de termos considerado este momento o melhor do concerto de Nelly Furtado e ter sido uma boa surpresa quando chamou a fadista, estávamos à espera de mais das três partes: de Nelly, de Ana Moura e do público.

2. A noite estava fria, mas o público estava gelado

Como talvez já possam ter percebido, tínhamos as expectativas bem altas para o que aconteceu este domingo, 26 de maio, no palco do North Festival. Apesar de em temas como “Maneater”, “I’m Like a Bird” e “Promiscuous” o ambiente ter aquecido um bocadinho, o público parecia não estar presente naquele concerto.

Tentámos perceber os motivos e chegamos a umas possíveis conclusões: o dia não foi o mais indicado e pouca gente foi ao terceiro e último dia do festival ver a artista lusodescendente. Com um cartaz mais virado para a música brasileira, uma grande parte do público era cidadãos desta nacionalidade e amantes deste género de música, e Nelly Furtado não era de todo o concerto que mais queriam ver.

A MAGG esteve no recinto a fazer conteúdos para as redes sociais e andou à procura de fãs da Nelly Furtado para um possível vídeo destes a cantar as suas canções preferidas. Essa ideia teve de ir para o lixo, já que todas as pessoas que abordámos nos disse que não estava ali para a ver a artista, mas sim Bell Marques ou Claudia Leitte, e que não conheciam bem nenhuma música.

Isso acabou por se refletir (e muito) durante a performance de Nelly Furtado. As primeiras filas, onde estariam as pessoas que realmente a queriam ver, estiveram ao rubro, mas a sensação com que ficámos foi que os restantes estavam ali só por estar e, já que tinham bilhete e até já tinham ouvido um ou outro êxito da cantora, ficaram.

Até batiam o pé de vez em quando, levantavam os braços quando era pedido, e cantarolavam uma ou outra canção, mas isso não chegou para o ambiente aquecer.

3. O português sempre presente de Nelly Furtado, que sentiu o olhar vazio do público

Nelly Furtado é filha de pais açorianos, da ilha de São Miguel, que migraram para o Canadá. Lá, apesar de falar inglês em casa, a mãe fez questão que os filhos aprendessem português. Além de ter andado numa escola, começou a cantar na igreja aos 4 anos de idade, onde cantava músicas portuguesas.

Parece que, passados tantos anos, a cantora não desaprendeu totalmente o idioma e fez questão de ir intercalando entre português e inglês durante todo o concerto. “Vamos dançar um bocadinho” e “Portugal, muito obrigada” foram algumas das frases que disse em português.

Nelly Furtado também mostrou que estava bastante contente por estar de regresso a Portugal. “Te amo muito, é surreal estar no Porto. Quero agradecer a toda a minha família”, disse.

Apesar de sentirmos que a cantora passou o concerto a tentar receber o calor do público, apontando o microfone para a multidão e tentando puxar pelos festivaleiros, não teve muito retorno, como explicámos anteriormente. Na nossa perspetiva, isso fez com que a energia da artista também baixasse.

Nelly Furtado esteve vários anos afastada dos palcos e, durante este tempo, várias coisas mudaram. Os anos passaram, está mais velha, é mãe de três filhos e a “força” que achávamos que a cantora lusodescendente tinha, já não tem. Tem alguma, mas não toda.

Veja as fotos do concerto.