Depois de entrar em fase de testes, a opção que (quase) ninguém pediu vai mesmo chegar à Netflix. A partir de agora passa a ser possível aumentar ou diminuir a velocidade de reprodução de uma série ou de um filme à medida que o estar a ver. A opção está agora a ser disponibilizada a um pequeno número de utilizadores antes de chegar a todos os mercados em que o serviço está disponível.

Embora a funcionalidade seja muito popular em aplicações de podcasts, especialmente para passar à frente os momentos em que os convidados estão em silêncio, a notícia de que algo semelhante estaria a ser pensado para um serviço de streaming foi o suficiente para irritar realizadores e atores.

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É que quer nas séries ou nos filmes, consideram, o ritmo da ação é cuidadosamente estabelecido pelos criadores para o tipo de história que querem contar. Foi, esse, aliás, um dos argumentos usados por Aaron Paul, o ator que ficou conhecido pela sua prestação na série "Breaking Bad", quando se insurgiu contra a ideia em novembro de 2019.

"Parem. Não é possível que a Netflix seja capaz de avançar com esta ideia. Caso contrário, isso significaria tomar controlo da arte de toda a gente e destrui-la por completo. A Netflix é melhor do que isso, certo?", escreveu na sua conta oficial de Twitter, identificando a conta da Netflix na mesma plataforma depois de ser notícia de que a funcionalidade estaria a ser testada.

Mas também Judd Apatow, responsável pela criação de séries conceituadas como "Freaks and Geeks" e "Love", atacou a plataforma de streaming pela ideia. "Não, Netflix. Não me façam ligar a todos os realizadores e criadores de séries neste mundo para contestarem esta vossa ideia", escreveu.

E continuou: "Poupem-me o tempo e o trabalho. Até porque eu ganho-vos, só que demora tempo. Não mexam com o tempo, até porque nós [criadores] damo-vos coisas fixes. Deixem-nas ser como é suposto elas serem vistas." Brad Bird, realizador do filme "Os Incríveis", também se juntou às críticas e atacou a proposta: "Mais uma ideia espetacularmente má e um ataque à experiência de cinema. Porquê apoiar e financiar realizadores à medida que procuram formas de destruir a apresentação dos seus filmes?".

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Após as críticas iniciais, em novembro, a Netflix reagiu através de um comunicado e no qual desvalorizou as preocupações dos realizadores. "Este é um teste apenas para dispositivos mobiles, que permite alterar a velocidade a que se reproduz um conteúdo em telemóveis ou tablets. É uma funcionalidade que existe há muito tempo em leitores de DVD, e que frequentemente tem sido requisitada pelos nosso utilizadores", explica.

Apesar disso, explicou também que a Netflix sempre foi sensível "às preocupações dos criadores destes conteúdos" e, por isso, não incluiu ecrãs maiores nestes testes, como as televisões.

E a verdade é que, quando a nova funcionalidade passar a ser disponibilizada a um maior número de utilizadores, vai estar limitada apenas aos smartphones e aos tablets — talvez a pensar naqueles utilizadores que veem séries e filmes durante as suas deslocações diárias para o trabalho ou em viagens.