Estávamos em 1968 e decorria a Convenção Nacional do Partido Democrata nos EUA. Nessa altura, Lyndon B. Johnson era o 36.º presidente do país e já tinha feito saber que não se iria recandidatar a um segundo mandato. O objetivo era que, até ao final da convenção, se chegasse a um novo candidato democrata para as presidenciais. Só que aquilo que se previa ser uma convenção pacífica e sem problemas, depressa se transformou num violento confronto que opôs manifestantes à polícia.
Os responsáveis por organizar os protestos? Abbie Hoffman, Jerry Rubin, David Dellinger, Tom Hayden, Rennie Davis, John Froines e Lee Weiner — ou os sete de Chicago, nome por que ficaram conhecidos depois de um dos julgamentos mais mediáticos nos EUA. As sessões em tribunal deram um filme, escrito e realizado por Aaron Sorkin (o mesmo de "A Rede Social") que chega à Netflix a 16 de outubro.
Ao longo de cerca de duas horas, "Os 7 de Chicago" dá corpo à transição vertiginosa de protestos pacíficos que, mais tarde, desencadearam os conflitos que deixaram feridos mais de 500 manifestantes, 100 civis e 152 agentes da polícia. Mas o grande foco é o julgamento dos sete rapazes de Chicago, todos eles ativistas, que foram acusados formalmente de conspiração e de incitação à violência.
O filme está já a ser considerado um dos mais importantes do ano, muito por se estrear a menos de um mês das eleições presidenciais nos EUA que acontecem numa altura em que a tensão racial no país está, uma vez mais, a fervilhar. Por isso, e ainda que a história tenha mais de 50 anos, ainda hoje é atual.
"Nunca quis que este filme fosse sobre 1968. Nunca quis que servisse como um exercício de nostalgia ou como uma lição de história. Queria, acima de tudo, que fosse sobre os dias de hoje. Mas nunca, em momento algum, imaginei que os dias de hoje pudessem ser tão semelhantes aos de 1968", revela Aaron Sorkin em entrevista ao "The Hollywood Reporter".
Mas o realizador vai ainda mais longe ao traçar um paralelismo entre os protestos de 1969 e os de 2020 a propósito da defesa dos direitos da comunidade afro-americana. "Houve alguém que, recentemente, me perguntou se tínhamos mudado o guião para que fosse um espelho dos tempos atuais. A resposta é: não, o que mudou foram os tempos para se assemelharem cada vez mais aos de este guião, de uma forma horrível", explicou ao "Los Angeles Magazine".
E continua: "Quando comecei a escrever a versão final do guião, tínhamos acabado de eleger um presidente que apelava aos bons velhos tempos em que os manifestantes eram levados em macas depois de serem espancados. Nesse preciso momento, percebi que o filme era muito relevante e ainda só estávamos no final de 2019. Não precisávamos que fosse mais relevante, mas foi. Este verão, vi os protestos na televisão [referentes ao movimento #BlackLivesMatter] e apercebi-me de que era tudo muito parecido ao que aconteceu em 1968."
"O 7 de Chicago" estreia-se a 16 de outubro na Netflix e conta com um elenco de luxo, com nomes como Eddie Redmayne, Alex Sharp, Sacha Baron Cohen, Jeremy Strong, Yahya Abdul-Mateen II e Joseph Gordon-Levitt.
Mas não é a única novidade da plataforma de streaming para outubro. Vai poder ver o clássico "Se7en" e a nova série de terror dos mesmos criadores de "A Maldição de Hill House".
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