Em 1997, Marina Abramovic criou a instalação “Spirit House” para um antigo matadouro municipal nas Caldas da Rainha. A obra da artista performativa consistia num total de cinco vídeos, que mostram a artista a atuar para a câmara. Há um momento em que aparece a chicotear as costas até ficarem vermelhas, uma alusão ao trauma, memória cultural ou resistência do corpo, noutro dança um tango árabe sozinha. A obra nunca mais voltou a ser exposta em Portugal — até agora.
A BoCA 2019 começa já esta sexta-feira, 15 de março, em diversos espaços culturais de Lisboa, Porto e Braga. O programa vai estender-se a vários espaços culturais das três cidades, produzindo e co-produzindo 22 novas criações em estreia mundial e apresentando 15 criações em estreia nacional.
“Spirit House” é uma das sugestões imperdíveis da programação, mas há outras. De salientar também a estreia absoluta de “Beyoncé Mass”, de Yoland Norton, uma celebração religiosa que usa a música de Beyoncé enquanto discurso de reflexão e empoderamento dos esquecidos e marginalizados, com especial enfoque para as mulheres negras.
Já Gonçalo M. Tavares & Os Espacialistas vão dar voz a três conferências-performance sobre as potencialidades artísticas do quotidiano, sob o título de “Os Animais e o Dinheiro”.
Para além dos artistas convidados, a cada biénio a BoCA estabelece relação com quatro artistas que deverão criar e manter uma relação de longa duração e extensível a todo o território nacional, promovendo a produção artística conjunta e a sua circulação tanto a nível nacional como internacional. Os artistas residentes no biénio 2019-2020 são Marlene Monteiro Freitas, Horácio Frutuoso, Diana Policarpo e Gerard & Kelly.
A primeira edição da BoCA aconteceu em 2017 e contou com a participação de 59 artistas nacionais e internacionais, em 22 espaços culturais no território nacional.