Quando entramos numa sala de Zoom com o ator Miguel Nunes, 33 anos, a conversa é marcada por uma dicotomia de que ninguém tem culpa. Os jornalistas querem perguntar sobre a primeira série portuguesa da Netflix, mas quem quer falar dela livremente nem sempre pode. É que a história está envolta num enorme secretismo para se evitar a divulgação de spoilers. E aqui, numa narrativa que envolve espiões e reviravoltas inesperadas, quase tudo é um segredo absoluto.

Nem Miguel Nunes que, ao longo dos dez episódios da série dá vida a João Vidal, escapa ileso. "Acho que isto não era para se dizer e já falei demais", diz-nos, a rir-se, logo no início da conversa. As entrevistas são acompanhadas por quem, do lado da Netflix, se assegura de que nenhuma informação relevante da história sai cá para fora. Afinal, e percebemos logo ao início, é difícil falar de "Glória", escrita por Pedro Lopes e realizada por Tiago Guedes, sem cair na esparrela do spoiler.

Começando de novo, o ator fala da sua personagem como um espião do KGB que se movimenta pela RARET, o centro de transmissões americano, localizado em Glória do Ribatejo, e através do qual é emitida a propaganda ocidental para o Bloco de Leste em plena Guerra Fria.

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Em conversa, Nunes descreve a sua personagem como alguém cuja passagem pela Guerra Colonial o despertou politicamente numa altura em que Portugal vivia assolado pela ditadura do Estado Novo.

"Na tentativa de mudar esse mundo, essa forma de estar e de se viver em Portugal, esta [o facto de João Vidal se aliar ao KGB] era uma das formas de combate a essa forma de vida que não era saudável para ninguém. Naturalmente, como todos sabemos, o comunismo foi o grande rival do fascismo, mas foi uma luta que começou na clandestinidade", diz-nos.

Ainda que esta seja a primeira vez que a Netflix investe em Portugal, o ator tem dúvidas sobre as verdadeiras mudanças que uma série destas possa trazer ao audiovisual português. "Se acho que vai haver mais investimento na cultura? Sinceramente, não se vê, da parte do Ministério, muita importância com isto. O que é pena. Os artistas mostram que continuam a fazer trabalho com bastante qualidade, mas parece que ainda não é suficiente para o Ministério reconhecer que lhes é merecido um estatuto profissional digno e com contribuições dignas", refere.

Quando lhe perguntamos se há alguma pressão em ser o rosto da primeira série da Netflix, disponível em vários mercados, o ator é assertivo. "Se sinto alguma responsabilidade? Claro [risos]. Mas essa responsabilidade, sinto-a quando estou a trabalhar, seja a filmar ou em ensaios."

Os dez episódios de "Glória" estreiam-se esta sexta-feira, 5 de novembro, às 08h01.

A história de "Glória" está envolta em grande secretismo. De que forma descreve a sua personagem e a missão que tem pela frente ao longo dos episódios?
O João Vidal [a personagem a quem Miguel Nunes dá vida na série] é um engenheiro que vai trabalhar para a RARET, o centro de transmissão de rádio americano instalado no Ribatejo, e o que não se sabe é que ele trabalha para os russos, para o KGB.

É um espião infiltrado, portanto.
Isso. Aquelas personagens não sabem que o João que conhecem é, na verdade, um infiltrado. Ele aproveita-se do facto de estar lá dentro enquanto engenheiro para obter informações e passá-las para o Bloco de Leste.

Logo no primeiro episódio, percebe-se que o João Vidal é uma personagem com uma densidade muito própria. Foi isto que lhe despertou o interesse assim que o guião lhe chegou às mãos?
Sim, especialmente se pensarmos que essa densidade se reflete numa consciência do mundo e numa consciência política de ver o mundo.

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Em que sentido?
No sentido de ser uma consciência de que o momento que se vivia em Portugal naquela época era muito difícil. Vivíamos numa ditadura e isso refletia-se bastante nas relações humanas e na forma como as pessoas expunham os seus sentimentos e se relacionavam entre si. Na tentativa de mudar esse mundo, essa forma de estar e de se viver em Portugal, esta [o facto de João Vidal se aliar ao KGB] era uma das formas de combate a essa forma de vida que não era saudável para ninguém. Naturalmente, como todos sabemos, o comunismo foi o grande rival do fascismo, mas foi uma luta que começou na clandestinidade.

O João percebeu isso e aliou-se, também por isso, ao KGB. Para quem esteve na Guerra Colonial, como a personagem esteve, essa tomada de consciência foi mais forte. Achei muito interessante o facto de ser uma personagem que vinha de um estrato social bastante elevado [com ligações ao Estado Novo] e com muito privilégio.

O João serviu-se desse privilégio para, de alguma forma, poder tentar mudar as coisas.

Quem vir a série, perceberá que o João é uma figura em constante conflito em que o olhar quase que espelha essa crise existencial de querer salvar a pátria ainda que, aos olhos do regime, a esteja a atraiçoar. Faz sentido descrever assim a personagem?
Todo o sentido.

Essa tentativa de mudança que vem, acima de tudo, do impacto que a Guerra teve nele, é uma coisa da qual me parece que o João nunca foi capaz de se afastar. Essa responsabilidade de querer mudar alguma coisa era, em primeiro lugar, uma luta muito individual. Só mais tarde começa a atuar pelo KGB, muito para afastar os americanos, mas também como ferramenta de combate à ditadura instalada em Portugal há muitos anos.

Com que referências, sejam elas televisivas, cinematográficas ou literárias é que trabalhou para dar corpo à personagem?
O ano passado foi um ano muito específico para todos e confesso que, a título pessoal, houve vários assuntos com os quais me debati, sobretudo na minha relação com outras etnias, muito espoletado pelo crime contra George Floyd [o cidadão negro que morreu às mãos de um polícia branco e que originou o movimento #BlackLivesMatter nos EUA e em todo o mundo].

No fundo, fez-me procurar mais informação sobre isso e ler alguns livros que tiveram um impacto muito forte em mim, porque também me fizeram olhar para a minha experiência de vida e pensar em qual era a minha responsabilidade em relação a isto.

Miguel Nunes protagoniza a série
Miguel Nunes é o protagonista da primeira série portuguesa da Netflix. Passada em Glória do Ribatejo, conta a história de um espião do KGB que tenta passar informação ao Bloco de Leste créditos: Paulo Goulart/Netflix

Dei com a biografia do Amílcar Cabral, que foi um lutador e um dos fundadores do PAIGC [Partido Africano para a Independência da Guiné e Cabo Verde], o partido com que o João também se depara na série quando encontra alguns panfletos. O facto de haver países africanos a gritar pela sua independência enquanto eram dominados pelos colonizadores serviu como o despertar político da personagem.

Mas estes temas têm tantas camadas que não podemos falar deles de forma tão superficial. Na verdade, creio que ainda hoje não conheço o João.

Mesmo depois de lhe ter dado vida ao longo de dez episódios?
Apesar disso, sim.

Porquê?
Por vezes, as personagens revelam-se um bocadinho mais tarde na nossa reflexão e na nossa compreensão. Houve uma entrevista, se me permitir identificá-la, dos "Fumaça" [um órgão de comunicação social especializado no jornalismo independente e de investigação] à Margarida Tengarrinha, uma mulher muito importante no combate ao fascismo e que, tal como o João Vidal, teve um luta política feito na clandestinidade.

No fundo, esses depoimentos que fui recolhendo foram servindo para reforçar o conhecimento e a consciência política do João que vemos na série.

Em termos de preparação, o processo para a construção do João foi, de alguma forma, diferente do de outras personagens que tenha feito?
A partir do momento em que comecei a fazer os castings, também devido ao facto de estarmos a viver no meio de uma pandemia, o processo foi muito em diálogo com o Tiago Guedes [realizador], com quem tive algumas reuniões. Começámos um processo de ensaios em que fomos encontrando alguns atores para ver que relações, que comportamentos e que caráter queríamos estabelecer entre as personagens.

Mas também para descobrirmos uma certa função de alguns grupos de personagens, o próprio ritmo dos episódios... Mas o início, confesso, foi um bocadinho solitário aqui em casa. Quando, finalmente, pudemos ir para os ensaios, já estava com muita sede dessa partilha que há entre todos [referindo-se aos atores, mas também a toda a equipa técnica responsável por "Glória"].

Ainda que não possa revelar muito, há redenção possível para este João ou prefere não salvar as personagens que trabalha?
O que gostei muito no João foi que, durante todo o processo de gravações, houve um diálogo constante com o Tiago [Guedes], mas também com o Pedro [Lopes, argumentista]. Em que pensávamos nas cenas em conjunto e íamos tomando decisões sobre se aquilo era, de facto, o melhor que podia acontecer para a história ou se alterávamos alguma coisa e porquê.

Mas confesso que gosto bastante destes contrastes, destes enganos.

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Quais?
Da possibilidade de a personagem se enganar, de ir por um caminho que talvez não seja mais justo ou mais ético. Apesar disso, talvez seja um desafio meu o de não exercer nenhuma moralidade sobre a própria atuação da personagem para que ela tenha a sua própria cabeça.

O tema da guerra e dos horrores vivenciados por um soldado que travou um conflito que não pediu não lhe é estranho. O filme “Cartas da Guerra” deu-lhe alguma bagagem para este papel?
Filmámos o "Cartas da Guerra" em Angola e isso foi muito importante para perceber o que é estar naquela terra e conhecer as pessoas que são genuinamente dali. Mas também para perceber, depois destes anos todos, o impacto que aquela guerra teve e o que implicou os portugueses terem dominado aquele território durante muitos anos.

Os dois projetos tocam-se nesse sentido em que abordam o conflito. Ter feito o filme ajudou-me, claro.

"Glória" como uma série de ficção, mas com uma base de verdade

Volto à palavra redenção. É um conflito sobre o qual temos alguma resistência em falar. Ainda não nos redimimos do nosso passado colonial.
São assuntos com tantas camadas e com tantas histórias válidas que, até conhecermos mais uma, temos que olhar para ela com esse olhar curioso e de novidade. E de empatia, sobretudo, porque todas as histórias dessa altura são válidas.

Temos de tentar fazer um exercício de compreensão e relembrar essa memória porque é importante não esquecer e não deturpar os factos. Que é uma coisa que, por vezes, acontece.

Ainda que com uma base de verdade, "Glória" é um produto de ficção cujo objetivo principal é o de entreter as pessoas. Mas talvez possa servir como uma ferramenta para reavivar a memória, ou não?
O entretenimento... não sei, é uma palavra um bocadinho estranha.

Há um grande segredo sobre a história de
O ator descreve a sua personagem como uma figura complexa e cuja densidade decorre de um despertar político em plena ditadura em Portugal créditos: Paulo Goulart/Netflix

Porquê?
Talvez algumas pessoas se entretenham a ver a série. Mas, se calhar, o que nos vai deixar mais felizes é se alguém se sentir representado; se alguém olhar para uma situação ou uma personagem e sentir-se quase como que a olhar para o espelho. No fundo, é essa parte do trabalho que também me encanta porque explora as relações humanas. No teatro, é outra coisa e a intimidade é mais forte porque perde-se a noção do tempo e do espaço.

Neste caso, é um regressar àquela época. Acho que muitas pessoas, especialmente as de uma geração mais velha, vão rever-se bastante naquelas personagens e naquele período. Por outro lado, também podemos perceber que os dias de hoje existem com essa configuração política porque passámos e ultrapassámos aquela época.

A série também é importante por isso?
Acima de tudo, é importante acontecer por ser a primeira série portuguesa de uma plataforma muito grande que investe aqui em Portugal. Sobretudo, por isso. Depois, claro, os assuntos que estão retratados na série... se as pessoas reconhecerem que, de facto, os retratámos com qualidade e exigência, espero que talvez passe a ser possível que algumas pessoas que a virem tenham uma reflexão política e uma certa ligação com o momento em que estamos a viver.

Ainda que não controle a recetividade do público, sente alguma pressão em ser o rosto daquela que é a primeira série portuguesa original da Netflix?
Se sinto alguma responsabilidade? Claro [risos]. Mas essa responsabilidade, sinto-a quando estou a trabalhar, seja a filmar ou em ensaios. Sinto uma responsabilidade com as pessoas que ali estão, com os colegas com quem estou a partilhar o trabalho e fiquei muito feliz por ter feito parte deste elenco, porque é muito bom. Toda a equipa técnica que faz parte da série trabalhou com bastante exigência durante aquele período.

Mas obviamente que sinto essa responsabilidade num trabalho que é para entregar ao público.

Para que tipo de público é esta série?
Haverá pessoas que viveram a sua juventude e o início da sua vida adulta no final dos anos 60 que se poderão rever nesta história e, talvez, aí seja direcionada para um público mais adulto, para as pessoas na geração dos 50 ou dos 60 anos.

Mas para os mais jovens também poderá ser muito interessante perceber qual foi a história, o que vivemos e como é que aqui chegámos.

De que forma é que as condições de produção associadas à Netflix vos ajudou enquanto atores na altura de fazer a série? Houve mais tempo?
Reflete-se, sobretudo, nos meios que temos à nossa disposição para fazer as coisas. Essa parte não me compete tanto, mas notei mais diferenças em termos técnicos. Vi que, em termos de maquinaria, houve todo um equipamento que talvez só tenha sido possível usar por se tratar de uma produção com um investimento grande. A direção de arte teve oportunidade de fazer um trabalho fantástico, mas para o nosso trabalho enquanto atores, o tempo é uma questão essencial que as produções têm de assegurar.

Porque o tempo é a coisa mas importante para que os trabalhos saiam com uma qualidade e uma exigência que, mais tarde, o público reconheça neles o valor que têm.

A série foi gravada a um ritmo menos frenético do que costuma ser habitual em Portugal?
Começou a ser gravada em setembro de 2020 e terminou em meados de janeiro de 2021. Sim, sem dúvida.

"Os artistas mostram trabalho com qualidade, mas parece que ainda não é suficiente"

O facto de esta ser a primeira série portuguesa da Netflix pode mudar o panorama do audiovisual português ou essa mudança já está a acontecer numa altura em que há cada vez mais coisas novas a serem feitas num país predominantemente de novelas?
Sinceramente, não sei. Não quero parecer pouco esperançoso. Mas também sinto que temos muito trabalho pela frente para fazer essa luta. Por mim falo, que tento fazer essa militância para que as artes e, neste caso, os estatutos profissionais da cultura e das artes sejam criados com base naquilo que as estruturas têm comunicado ao Ministério [da Cultura].

Se acho que vai haver mais investimento na cultura? Sinceramente, não se vê, da parte do Ministério, muita importância com isto. O que é pena. Os artistas mostram que continuam a fazer trabalho com bastante qualidade, mas parece que ainda não é suficiente para o Ministério reconhecer que lhes é merecido um estatuto profissional digno e com contribuições dignas para que tenham uma carreira segura e protegida em termos de direitos laborais e legais. Enquanto isso não estiver assegurado, não se pode dizer que o Ministério pense sobre isso.

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Não deixa de ser curioso estarmos a conversar numa altura em que o Orçamento do Estado para 2022 [entretanto chumbado] dedica apenas 0,4% para a cultura — ou 0,25% se não se contar com a RTP. Temos uma cultura heroica, na medida em que nos habituámos a fazer tanto com tão pouco?
Exato. Isto sinaliza que a postura do Ministério da Cultura tem de mudar porque este subinvestimento na cultura não pode continuar. Se continuar, estamos a dizer às pessoas que têm de continuar a fazer trabalhos com muito pouco dinheiro. Mas depois, as produções também perdem por isso: na qualidade, mas também nas pessoas, devido aos salários e às condições de trabalho.

Também temos de pensar que tipo de mercado queremos deixar aos jovens artistas que estão agora a entrar, e tentar perceber que espaço há para eles. É preciso pensar nestas coisas todas. Se não houver um investimento maior, não é possível.

"Comoveu-me bastante ver que, no ano passado, os profissionais da cultura se juntaram para ajudar alguns destes profissionais que estavam desprotegidos pela lei e sem apoios do governo. Faz-me muita impressão como é que o Ministério não tem a sensibilidade para perceber que, de facto, é muito importante discutirmos já os estatutos"

Tendo já passado pelo cinema, teatro e televisão, o que é que um meio lhe dá que outro não?
É uma pergunta difícil porque os projetos que aceito estão muito ligados às pessoas que os fazem e não necessariamente aos formatos. Obviamente que os formatos são diferentes.

Ainda que tenha passado por algumas novelas, grande parte da sua carreira foi pautada pelo cinema, teatro e algumas séries. Foi uma escolha consciente da sua parte ou aconteceu assim?
Talvez não possa dizer que tenha sido uma escolha minha a 100%. Não aconteceu assim. Às vezes foi assim, felizmente, porque tive oportunidade de, nesses momentos, achar que era a pessoa certa para entrar, ajudar e contribuir para um qualquer projeto. Mas em alguns momentos, também senti que havia projetos com os quais não me identificava e que, portanto, não seria capaz de oferecer nada de novo.

Houve momentos assim. Mas não foi uma escolha que tenha estado sempre do meu lado. Muitas vezes também fui escolhido, porque os atores também são escolhidos [risos]. Noutras vezes, senti-me obrigado a trabalhar por necessidade financeira e para organizar a minha vida.

"Os artistas continuam a mostrar que fazem trabalho com bastante qualidade, mas parece que isso ainda não é suficiente para o Ministério reconhecer que lhes é merecido um estatuto profissional digno", diz Miguel Nunes créditos: Netflix

Porque, no fundo, a televisão continua a ser o que paga as contas ao final do mês?
[risos] Porque continuamos neste estatuto de trabalhadores intermitentes em que é muito difícil. Há uma vida que tem de se escolher e de se gostar para se permanecer nela há alguns anos.

Incomodam-lhe as críticas à ficção nacional que, apesar do desinvestimento, continua a mostrar qualidade?
Chateia-me quando falam mal por falar. Mas quando as críticas nos fazem refletir e reconhecer que podemos melhorar em alguns aspetos, a crítica é extremamente positiva.

Quando não é nesse âmbito, não vale a pena. Mas comoveu-me bastante ver que, no ano passado, os profissionais da cultura se juntaram para ajudar alguns destes profissionais que estavam desprotegidos pela lei e sem apoios do governo. Faz-me muita impressão como é que o Ministério não tem a sensibilidade para perceber que, de facto, é muito importante discutirmos já os estatutos. Precisamente porque há muitos trabalhadores que estão desprotegidos.

Alguma teoria sobre essa aparente falta de sensibilidade?
Não tenho.