É provável que, nos últimos dias, o nome de Gypsy Rose já lhe tenha aparecido no feed de uma das suas redes sociais. Mas se não está familiarizado com a sua história – nem com a razão a que se deve tão repentina popularidade –, vamos diretos ao assunto: esta mulher, atualmente com 32 anos, planeou a morte da mãe e a sua história deu origem a vários projetos. Depois de alguns anos na prisão, saiu em liberdade.
Depois de cumprir sete anos de pena e ser libertada a 28 de dezembro, Gypsy Rose Blanchard tem ganhado cada vez mais popularidade. Atualmente, no Instagram, conta com mais de 7 milhões de seguidores, aos quais acrescem mais de 8 milhões no TikTok. A mulher é uma autêntica celebridade e fez com que as redes sociais se rendessem aos seus encantos. Isto tudo porque teve uma vida atribulada.
Comecemos pelo início. Gypsy nasceu no Louisiana, nos Estados Unidos, em 1991, e os problemas começaram, essencialmente, assim que veio ao mundo. É que a sua mãe, Dee Dee Blanchard, alegou desde logo que a menina sofria de uma anomalia cromossómica não identificada, de acordo com o "Folha de S. Paulo", embora isso não correspondesse à verdade.
As mentiras sobre a saúde da menina continuaram na sua infância. Dee Dee mentia aos familiares e obrigava Gypsy Rose, que também estava a ser enganada, a mostrar-se bastante doente e debilitada. Entre muitas coisas, a mãe dizia que a filha sofria de distrofia muscular, leucemia e convulsões – e chegava até a mentir sobre a idade da mesma.
Fruto desta teia de mentiras, durante quase duas décadas, Gypsy viveu presa a uma cadeira de rodas, foi submetida a procedimentos cirúrgicos desnecessários, tomava medicamentos de que o seu corpo não precisava e até mantinha o cabelo rapado. Tudo por causa da mãe, que enganou médicos, seguradoras de saúde, familiares, vizinhos e até mesmo organizações governamentais, provocando na filha sintomas de doenças que, na verdade, não existiam.
Mas isto tem uma explicação: vários especialistas afirmam que Dee Dee Blanchard sofria de um distúrbio psicológico conhecido como Síndrome de Münchhausen – trocado por miúdos, é um distúrbio que diz que o pai ou tutor exagera ou inventa as condições médicas e doenças aos filhos. Até que, um dia, a filha descobriu tudo.
Quando entrou na adolescência, Gypsy descobriu que, afinal, conseguia andar e começou a questionar sua suposta condição de saúde, de acordo com a "Biography". E tudo começou a mudar quando, às escondidas da mãe, embarcou num relacionamento virtual com Nicholas Godejohn, que a ajudou a matar Dee Dee Blanchard para poder ver-se, finalmente, livre de todos os abusos e mentiras.
Dee Dee Blanchard foi esfaqueada até à morte na sua casa em Springfield, Missouri, em junho de 2015. Gypsy Rose Blanchard terá fornecido uma faca ao namorado e escondeu-se na casa de banho enquanto este matava a mãe. Poucos dias depois, foram apanhados – e Gypsy foi condenada a dez anos de prisão, enquanto Nicholas levou prisão perpétua.
Veja as fotos do local do crime.
Gypsy diz que se arrepende do que fez
A 28 de dezembro, depois de cumprir sete dos 10 anos de pena, Gypsy Rose saiu em liberdade. A primeira coisa que fez foi uma visita a um centro comercial para comprar sapatos. Foi acompanhada do marido, Ryan Scott Anderson, com quem se casou em julho de 2022, enquanto ainda estava atrás das grades.
Contudo, mesmo antes de sair da prisão, a mulher já era entrevistada em relação à sua história, que inspirou projetos como "The Act", uma série lançada pela HBO Max em 2019. E em conversa com os jornalistas, frisou sempre arrepender-se do rumo que a sua vida tomou.
"Ela não merecia isso [ser morta]", disse Gypsy Rose, em dezembro de 2023, à "People". "Ela era uma mulher doente e, infelizmente, eu não estava suficientemente informada para ver isso. Ela merecia estar onde eu estou, sentada na prisão a cumprir pena pelo comportamento criminoso", continuou.
Além disso, recentemente, questionada sobre se tinha visto ou iria ver "The Act", a mulher respondeu que não. "Não tive vontade de ver [a série], eu vivi-a", disse, citada pela "E! News". "Acho que [a série] foi feita para os outros e não para a pessoa que realmente a viveu. Então, eu não vou ver", continuou.
A série da HBO Max foi bastante aclamada, aquando da estreia, em março de 2019, já que narrou os abusos por que Gypsy, interpretada por Joey King, sofreu. Quem interpreta Dee Dee Blanchard nesta produção é Patricia Arquette. Este projeto rendeu a ambas as atrizes nomeações para os Globos de Ouro de 2020, nas categorias de Melhor Atriz em Minissérie ou Telefilme e Melhor Atriz Secundária, respetivamente.