Tal como vários museus, monumentos, palácios e galerias de arte reabrem esta segunda-feira, 5 de abril, o Museu do Holocausto, no Porto, abre portas às visitas no presente e às memórias de um passado marcado pela expansão nazi na Europa. A cidade do Porto foi local de passagem para muitos refugiados, mas não são os únicos protagonistas deste museu criado pela Comunidade Judaica do Porto, e que se posiciona como o primeiro Museu do Holocausto na Península Ibérica.
Aqui é retratada a vida judaica antes do Holocausto — que começa logo num jardim vertical —, os dormitórios de Auschwitz, e são exibidos filmes sobre o antes, o durante e o depois da tragédia. A partir desta segunda-feira e até junho poderá ver tudo isto de forma gratuita entre as 14h30 e as 17h30 nos dias úteis.
O museu deveria ter sido inaugurado a 20 de janeiro, de modo a marcar a semana em que se assinalou o Dia Internacional em Memória das Vítimas do Holocausto, a 27 de janeiro, mas a evolução da pandemia em Portugal não o permitiu e a abertura foi adiada até esta segunda-feira.
As entradas gratuitas tornam mais acessível visitar este novo museu, onde deve cumprir as "rigorosas" medidas de segurança contra a COVID-19, de acordo com a organização do espaço museológico, segundo o "Correio da Manhã", que cita a agência Lusa.
A visita ao espaço neste primeiro dia da segunda fase de desconfinamento será especial, uma vez que os visitantes vão poder contar com um concerto da Orquestra Clássica do Centro com peças relacionadas com a temática do Holocausto.
Se não tiver oportunidade de visitar o museu no dia da inauguração, não vão faltar outros momentos agora que o desconfinamento está em marcha. Josef Lassmann, membro da Comunidade Judaica do Porto, prevê mesmo "milhares de turistas no verão e cerca de 10 mil alunos de escolas ao longo do ano", disse em comunicado.
Isto porque o museu aposta quer no ensino, quer na formação profissional de educadores, bem como "na promoção de exposições, encorajando e apoiando a investigação".
Está a planear uma visita ao Porto? É da cidade e tirou uns momentos para regressar à cultura? Sem pagar, já pode aprender mais sobre aquele que foi um dos períodos mais negros da história.
1. Dois Sifrei Torá (rolos da Torá) oferecidos por refugiados
A cidade do Porto foi durante a durante a Segunda Guerra Mundial um ponto de passagem de vários refugiados judeus com as vidas desfeitas pelo antissemitismo. Em Portugal, este não tinha tamanha expressão, o que fez do País um ponto seguro para os refugiados.
Aqueles que por aqui passaram, acabaram por deixar documentos e objetos, agora expostos no Museu do Holocausto, no Porto. Entre estes estão dois Sifrei Torá oferecidos à sinagoga do Porto por refugiados.
2. Nomes das vítimas do Holocausto
O Museu do Holocausto no Porto foi construído com o apoio de famílias de beneméritos e da própria Comunidade Judaica do Porto, bem como de um "donativo substancial de uma família sefardita portuguesa do Sudeste da Ásia que foi vítima de um campo de concentração japonês durante a Segunda Guerra Mundial", referiram responsáveis da Comunidade Judaica do Porto em comunicado.
Graças a estas entidades, foi possível juntar milhares de nomes de judeus que morreram nesta tragédia e que vai poder encontrar numa sala no interior do museu cujas paredes estão cobertas de nomes e apelidos.
3. Filmes reais sobre o antes, o durante e o depois da tragédia
Apesar de o genocídio ter acontecido há mais de 70 de anos, o período temporal é ainda curto e mesmo com o passar dos anos a tragédia não vai cair no esquecimento. Uma das formas de o imortalizar é o novo Museu do Holocausto do Porto, que retrata “a vida judaica antes do Holocausto, o nazismo, a expansão nazi na Europa, os guetos, os refugiados, os campos de concentração, de trabalho e de extermínio, a Solução Final, as marchas da morte, a libertação, a população judaica no pós-guerra, a fundação do Estado de Israel, vencer ou morrer de fome, os justos entre as nações”, refere a organização em comunicado.
Partes deste percurso histórico estão em fotografias e ecrãs que mostram filmes reais que vão desde o antes do Holocausto, até ao depois de um mundo fragilizado pela destruição da Segunda Guerra Mundial, pela crueldade dos campos de concentração, o extermínio de cerca de seis milhões de judeus, e pela fome dos anos seguintes.
O conteúdo audiovisual é uma das formas de melhor recordar e reviver a tragédia, e não precisa de ir até ao Museu do Holocausto de Washington ou qualquer outro relativo a este período histórico. Basta fazer uma visita, de forma segura e gratuita, ao Museu do Holocausto, no Porto.