Para cada hora de trabalho, há um momento em que o nosso cérebro pede descanso nem que seja à frente de um ecrã a ver conteúdo giro ou surpreendente, que nos faça rir ou chorar. Olhando para os catálogos dos serviços de streaming ou para os cartazes das salas de cinema em Portugal, não há dúvidas: há cada cada vez mais coisas para ver e nem sempre temos disponibilidade para nos dedicarmos de forma imediata a tudo o que vai sendo lançado.
A pensar nisso, todas as sextas-feiras a MAGG traz-lhe uma nova rubrica chamada "Os filmes e séries que vimos esta semana", com o objetivo de lhe dar a conhecer algumas das produções que mais nos entusiasmaram (ou que mais amámos odiar).
E vale tudo: filmes ou séries, das mais antigas às mais recentes, das mais aclamadas às mais achincalhadas. A ideia é que possa fazer a sua seleção com base naqueles que passam o dia a em frente ao ecrã. E que, neste caso, são os jornalistas da MAGG.
Mostramos-lhe as 7 séries e filmes que vimos esta semana.
1. "Diamante Bruto", Netflix (Fábio Martins)
Bem sei que o facto de um filme ser ignorado pela Academia para os Óscares não lhe retira qualidade, mas no que é que aqueles senhores estavam a pensar? Se "1917" pode estar nomeado para o Melhor Filme do ano, não o sendo, o que dizer de "Diamante Bruto", dos irmãos Safdie, que é capaz de ser um dos melhores e nem uma nomeação recebeu?
Às vezes as histórias mais simples são aquelas que mais valem a pena que regressemos a elas. E a de "Diamante Bruto" é muito simples, mas forte, ao acompanhar as peripécias a que um joalheiro se presta para conseguir pagar todas as dívidas decorrentes do seu vício no jogo. E a ação decorre a um ritmo frenético.
Sabem aqueles filmes que abrem com cenas intensas de mais ou menos dez minutos? Assim são as duas horas deste filme em que Adam Sandler — esse mesmo — faz o papel de uma vida num registo totalmente diferente do que estamos habituados a ver.
Shame on you, Academia.
2. "Servant", Apple TV+ (Fábio Martins)
Se houvesse prémio para a série mais ignorada dos últimos meses, “Servant” ganharia sem grande esforço. É da Apple TV+, o que talvez justifique o desinteresse, e está a ser promovida como sendo da autoria de M. Night Syamalan, o realizador conceituado de cinema.
Mas é uma batotice: Shyamalan realizou apenas dois episódios e não tem crédito de argumento — que é da autoria de Tony Basgallop. A sinopse é estranha e acompanha o dia de uma babysitter que é contratada para cuidar do bebé da família. Problema? O bebé morreu de forma inexplicável e, no berço, o que o substitui é um boneco que ganha vida sempre que a babysitter está presente.
Ao deambular entre o thriller, o suspense e o sobrenatural, “Servant” aposta em momentos completamente WTF que só vão fazer sentido no final da primeira temporada. Por isso, esta é daquelas séries precisa de ser vista com atenção sob pena de se perderem detalhes importantes que explicam a tragédia.
Porque uma série nova não deve ser desdenhada, e os episódios limitam-se a uma média de 30 minutos de duração, é uma das recomendações da semana. Só não nos responsabilizamos se deixar de conseguir adormecer à noite.
3. "Broken", Netflix (Rafaela Simões)
Se há coisa que tenho pouca resistência é a séries que me dêem ansiedade. Depois de ver “Don't F**k with Cats”, precisava de algo que não me causasse stresse e encontrei “Broken”, uma série documental dividida em quatro episódios para apresentar, tal como o nome indica, uma indústria ou comportamento da sociedade que, de certa forma, está “danificado”.
Logo depois do primeiro episódio corri a mandar mensagem para amigas a perguntar onde compraram a paleta de sombras da Kylie Jenner. Mas depois de assistir aos quatro episódios, há mais ideias que não me saem da cabeça.
Como o facto de adolescentes que acham nojento fumar cigarros, mas estão viciados em cigarros eletrónicos; móveis que podem ser mortíferos para crianças e cujos fabricantes colocam a responsabilidade de assegurar a segurança dos materiais no consumidor; e ainda a pouca percentagem de resíduos plásticos que podem ser realmente reciclados.
Para lá das imagens, os números revelados foram o mais impressionante. Vale a pena ver.
4. "Uma Família Muito Moderna", Netflix (Mariana Leão Costa)
Sim, não é uma série nova. É daquelas séries quase tão longas como “Anatomia de Grey”, mas um verdadeiro fã não consegue deixar de ver. E em pleno período de seca no que toca a séries novas, uma pessoa deleita-se com as séries de sempre. "Uma Família Muito Moderna" está na última temporada e isso só por si já devia ser razão suficiente para lhe prestarmos atenção.
Nesta última temporada vemos uma família mais madura, também toldada pela morte de uma personagem na 10.ª temporada, mas sem perder o seu lado cómico. E deixem-me que vos diga: fazer rir uma pessoa ao longo de 10 anos não é fácil. E eles conseguem.
São 20 minutos de puro divertimento e é incrível ver as personagens a crescer connosco. Vemos uma Gloria que continua com um sotaque inigualável, um Phill que, mesmo já sendo avô, não escapa a uma brincadeira ou partida, e um Joe que já revela bastante personalidade e que nos desarma em duas linhas de texto.
Temos ainda uma Haley que começou como uma adolescente e que agora já se tornou mãe de gémeos, ou uma Alex que não parava de estudar e agora é tão bem-sucedida que vive num prédio incrível, cheio de diversão.
A série tem os dias contados e eu vou continuar a esperar por cada episódio com a mesma ansiedade com que esperava por “The Crown” (uma séria mais complexa, com um argumento de se tirar o chapéu e um guarda-roupa impecável). Agora deixem-me lá ir ver se já saiu mais um episódio que não quero perder pitada.
5. "McMillions", HBO (Marta Gonçalves Miranda)
O Fábio Martins adora gozar comigo e dizer que eu não tenho critério no que diz respeito a séries: tanto vejo o título que está a ser idolatrado pelos críticos e tem 9/10 no IMDb, como perco horas da minha vida com outro que foi arrasado pelos especialistas — e tem uma qualquer nota abaixo de cinco na plataforma de avaliação.
Ele tem alguma razão. Apesar de felizmente a minha capacidade de discernimento continuar intacta, e ser perfeitamente capaz de distinguir uma boa série de outra assim-assim, a verdade é que vejo de facto muita coisa. E é-me difícil desistir de um conteúdo ao fim do primeiro episódio.
Bem, aconteceu com “McMillions”.
A história era verdadeira e parecia engraçada — a série documental baseia-se na história verídica de burla no jogo do Monopólio da McDonald’s —, mas o resultado final foi simplesmente aborrecido e irritante.
O principal protagonista no primeiro episódio é um membro do FBI a quem apetece apertar o pescoço de cada vez que abre a boca. A história desenvolve-se de forma demasiado lenta, não há ritmo e o interesse esvai-se ao fim de alguns minutos. Aguentei 20 minutos e 28 segundos. Não voltarei.
6. “A Cada Dia”, HBO (Marta Gonçalves Miranda)
Leitores, leiam com atenção as seguintes palavras: é um filme de domingo à tarde. Pondo as coisas de outra forma, está longe de ser um grande filme, nunca seria nomeado para qualquer prémio e está cheio de falhas e coisas tontas. Mas como qualquer filme de domingo à tarde que se preze, é devorado entusiasticamente do princípio ao fim.
“A Cada Dia” conta-nos a história de uma rapariga de 16 anos que se apaixonada por um espírito misterioso que habita um corpo diferente todos os dias. Genial? Longe disso. Ótimo para desligar o cérebro? Nem mais.
7. "A Despedida", Cinemas (Marta Cerqueira)
Fiz uma pausa nos blockbusters e nas nomeações para os Óscares. Fiz também uma pausa nas pipocas e no cinema com intervalos. Voltei à qualidade que foge às salas cheias e ganhei hora e meia do meu dia a ver “A Despedida”, um filme que de tão simples quase que podia ter sido feito por qualquer um que tenha na sua avó uma referência.
Nora Lum (ou Awkwafina, como é conhecida) é o protótipo de amiga cool que todos queremos ter. É rapper, compositora e atriz. Neste filme, assume o papel de Billi, uma miúda de 30 anos sem dinheiro nem trabalho fixo que só quer poder aproveitar o colo da avó. Podemos censurá-la?
O filme é simples, divertido e mórbido. Fala da morte iminente dos avós que achamos que duram para sempre e dos netos já adultos que voltam a ser crianças assim que a avó faz dumplings de carne. Para mim, a cozinha da infância cheira mais a pão acabado de fazer mas Billi, estou contigo.