Candace Bushnell ficou conhecida pela história de "Sexo e a Cidade", que começou por ser um livro, e que deu origem à série que estreou há 21 anos, teve 6 temporadas, dois filmes em cinema, e que continua a ser um culto para muitas mulheres. Só que desde 1998, data em que a série foi lançada, muita coisa mudou, incluindo a forma como as mulheres são vistas e tratadas. É nisso também que se foca o novo livro de Candace "Rules for Being a Girl", que será lançado em abril.

A obra é inspirada no movimento #MeToo que surgiu no seguimento da publicação do “The New York Times”, a 5 de outubro de 2017, de uma investigação em que foram denunciados comportamentos de assédio e agressão sexual do produtor de cinema Harvey Weinstein — recentemente condenado por dois dos cinco crimes de que era acusado. O caso chocou o mundo e continua a dar que falar.

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O tema passa agora para o livro da autora de "Sexo e a Cidade" e substitui os icónicos dramas, festas, vida sexual e romances de Carrie, Charlotte, Samantha e Miranda. Nesta narrativa, Candace Bushnell fala sobre comportamentos inapropriados de homens, que também marcaram a sua vida. Um deles passou-se na adolescência quando um professor tentou beijá-la.

“É mais feminista do que os meus outros livros. Há uma abertura para esse tipo de histórias que não existia há 10 anos. No passado, se quisesse escrever algo mais feminista, era altamente desencorajada pelas editoras", diz numa entrevista ao "The Guardian", acrescentando que hoje em dia este é um tema muito mais aceite e para o qual as mulheres jovens estão muito mais consciencializadas.

É também com o propósito de alertar as raparigas que nasceram no século XXI que lançou o livro: "Uma das coisas em que o livro se foca é no sexismo típico da escola. Pode ser um lugar muito regrado relativamente aos comportamentos aceitáveis para cada sexo", disse Bushnell.

Mais do que abordar, este "Rules for Being a Girl" questiona. A personagem principal, Marin, questiona a forma como o namorado e os amigos a tratam e até o porquê de todos os livros que lê serem de "homens velhos e brancos". Também Candace Bushnell se questionou sobre várias situações desde a adolescência até mesmo à vida adulta: "[O assédio] costumava acontecer frequentemente no local de trabalho — comigo e com praticamente todas as outras mulheres que conheço", revela.

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Por isso, a personagem do livro é o meio para Bushnell atingir o fim: "Começa sempre com uma coisinha, como se eles pedissem um beijo ou tentassem e conseguissem deixá-la sozinha. E aí pensa: 'Bem, talvez esteja tudo bem'. E então vai um pouco mais longe. E um pouco mais", diz ao jornal sobre a mensagem de alerta que quer passar, uma vez que pode acontecer a qualquer mulher.

"As pessoas costumam pensar: 'Ah, isso nunca vai acontecer comigo', mas no início é tão subtil... E se não fosse pelo #MeToo, provavelmente ainda estaria a acontecer", conclui.