Não há como dizê-lo de outra forma: devido ao impacto da pandemia em todo o mundo, também a indústria televisiva foi afetada e, por isso, há pouca coisa nova para ver na televisão ou em streaming. Por isso, fomos olhar para algumas das séries mais elogiadas pela crítica internacional e juntámos a mais interessantes numa pequena lista para que possa decidir o que ver neste fim de semana.
Uma das nossas sugestões, por exemplo, é a nova série da HBO. "The White Lotus" acabou de estrear-se no catálogo da plataforma de streaming e merece a atenção dos seriólicos (vamos fingir que esta palavra existe e que é a que melhor descreve aqueles que gostam de séries).
Passa-se num resort de luxo usado pela elite nas suas férias paradisíacas que, de repente, se vê no meio de um enorme problema quando é denunciado um homicídio à partida difícil de resolver e perceber. Os hóspedes perfeitos e bem comportados depressa revelam-se cheios de manias e atitudes estranhas, deixando todos sob suspeita.
Também sugerimos "Mythic Quest", uma comédia da Apple TV+, sobre os dilemas de tentar manter uma empresa de videojogos viva enquanto todo o escritório está à pancada sobre o rumo do produto que criaram. Mas há mais para ver. Selecionámos 8 séries de 2021 que a crítica adora e que pode começar a ver já nesta altura em Portugal, sem ter de esperar ou procurar em que canal está a dar.
E para lhe facilitar o processo de escolha, deixamos ainda a avaliação que cada produção tem no IMDb e no Rotten Tomatoes, um agregador de críticas televisivas e cinematográficas.
"The Underground Railroad" (Amazon)
Das séries mais duras lançadas este ano, mas também das mais elogiadas pela crítica internacional. Em "The Underground Railroad", a história passa-se em meados de 1800 nuns EUA marcados pela escravatura.
Aqui, homens e mulheres negras estão à mercê das vontades e caprichos doentios de quem os mantém presos, mas a revolta começa a nascer nas sombras quando um grupo de ativistas e revolucionários decide dizer basta. Recorrendo a uma vasta rede de estradas subterrâneas, um grupo de pessoas começa a fugir da realidade mórbida e violenta em que viveram durante anos.
Mas a fuga antevê-se tudo menos fácil. A série de Barry Jenkins é uma das mais violentas deste ano, mas tem sido elogiada pela forma como volta a incidir alguma luz sobre a problemática do racismo e da intolerância nas sociedades contemporâneas.
No Rotten Tomatoes, está avaliada em 94% (numa escala de 0 a 100%). No IMDb, conta com uma pontuação de 7.3 (numa escala de 0 a 10).
"Cobra Kai" (Netflix)
Ok, tecnicamente, a série não é de 2021. Mas a terceira temporada estreou-se este ano e sabe-se que a quarta temporada chegará à Netflix antes do ano terminar. Por isso, arriscamos fazer uma certa batota e incluí-la nesta lista.
Em "Cobra Kai", reflete-se sobre o legado de "The Karate Kid" (ou "Momento da Verdade") numa enorme viagem nostálgica a algumas das personagens que já fazem parte do imaginário da cultura pop. É o caso de Ralph Macchio (que foi Daniel nos filmes) e William Zabka (o mauzão Johnny Lawrence do primeiro filme).
A ideia é que, à medida que a história avance, a série vá trazendo algumas figuras que marcaram os filmes. E sabe-se que a próxima vai contar com a presença de Terry Silver, a figura icónica do franchisado.
No Rotten Tomatoes, está avaliada em 93% (numa escala de 0 a 100%). No IMDb, conta com uma pontuação de 8.6 (numa escala de 0 a 10).
"Mythic Quest" (Apple TV+)
O nome engana. À partida, parece uma série de fantasia, com dragões, guerreiros, príncipes, princesas e outras coisas desse género. A verdade é que tem isso tudo, mas não forma que está a pensar. Confuso? Vamos tentar explicar.
Esta série de comédia da Apple TV+, uma das mais bem feitas dos últimos tempos (estreou-se em 2020, com uma segunda temporada lançada em maio deste ano), foca-se num estúdio de desenvolvimento de videojogos online. Mas esta é para ser vista até por quem não joga. O foco não está no jogo, mas na forma como aquele escritório vai lidando com todas as adversidades que vão surgindo à medida que o negócio ameaça ruir.
Há humor, sátira, drama e superação pessoal.
Além disso, um dos novos episódios é talvez das coisas mais bonitas e tocantes na forma como representa aquilo foi viver fechado em casa durante a pandemia e ver nos colegas, amigos e família um porto seguro quando o mundo lá fora estava mergulhado no caos.
No Rotten Tomatoes, está avaliada em 97% (numa escala de 0 a 100%). No IMDb, conta com uma pontuação de 7.7 (numa escala de 0 a 10).
"It's a Sin" (HBO)
Em "It's a Sin", o foco está num grupo de amigos que, cada um à sua maneira, começa por libertar-se das famílias castradoras que os impedem de ser quem verdadeiramente são.
Crescidos na intolerância, estes amigos acabam por ver uns nos outros a família que nunca tiveram. Passam a viver juntos, e juntos abraçam os excessos da noite londrina à medida que, do outro lado do mundo, começam a chegar notícias dos EUA sobre uma doença devastadora. Aqui, a epidemia retratada não é a da COVID-19, mas a da SIDA.
Inteiramente disponível na HBO, a série é composta por cinco episódios e conta com um elenco maioritariamente LGTBTQ+ com nomes como Olly Alexander, Nathaniel Curtis, Omari Douglas, Lydia West, Shaun Dooley e Callum Scott Howells.
No Rotten Tomatoes, está avaliada em 98% (numa escala de 0 a 100%). No IMDb, conta com uma pontuação de 8.7 (numa escala de 0 a 10).
"Ted Lasso" (Apple TV+)
A série anti-2020. É assim tão simples. Quando o mundo ficou virado do avesso, surgia "Ted Lasso" que serviu como aquela almofada fofinha a que nos agarrámos a chorar porque tudo parecia estranho, caótico e assustador. É sobre um treinador de futebol que não percebe nada do desporto e que fica com a responsabilidade de fazer um equipa inglesa subir de divisão.
Mas não tem nada que ver com isso. O futebol é apenas o meio.
A mensagem, a de que todos precisávamos naquela altura, era outra: de conforto, esperança e calma. Ted Lasso é um tipo que não consegue deixar de sorrir mesmo quando 1) se apercebe de que não tem jeito para treinar uma equipa; 2) percebe que só foi contratado para servir um plano de vingança da presidente do clube; 3) vê o casamento à beira do fim. Precisamos de mais histórias fofinhas, porque para feio e odioso já basta o mundo.
A segunda temporada estreia-se na próxima quinta-feira, 22 de julho.
No Rotten Tomatoes, está avaliada em 95% (numa escala de 0 a 100%). No IMDb, conta com uma pontuação de 8.7 (numa escala de 0 a 10).
"The White Lotus" (HBO)
A nova série de comédia da HBO passa-se num resort paradisíaco do Havai que é usado pela elite para umas férias exclusivas e cheias de excessos. À medida que os hóspedes vão chegando, os funcionários do empreendimento veem-se a braços com os comportamentos erráticos de cada um deles devido a uma série de revelações obscuras que vão ser feitas durante a história.
Uma delas, um homicídio que, à partida, parece não ter solução à vista.
De repente, aquele local paradisíaco é o palco de situações estranhas, insólitas e bizarras. O caos, esse, vai sendo cada vez maior de episódio para episódio.
No Rotten Tomatoes, "The White Lotus" está avaliada em 88% (numa escala de 0 a 100%). No IMDb, conta com uma pontuação de 8.7 (numa escala de 0 a 10).
"Invincible" (Amazon)
A única série de animação desta lista que é direcionada para quem gosta de produções que pegam no conceito de super-heróis e o subverte. Claro que aqui há clichés a serem reforçados, como o de um grande poder ser sinónimo de grande responsabilidade (temos saudades do Tobey Maguire como "O Homem-Aranha"), mas isso depressa dá lugar a outra ideia.
Uma muito diferente, mais violenta e original. Não vamos revelar qual, porque seria estragar uma das maiores surpresas de toda a série baseada nos livros de banda desenhada. O que podemos sugerir é que se atire a "Invincible" sem preconceitos. Além de muito bem animada, tem drama e humor como em qualquer outra série sem bonecos.
E o melhor? Até a duração dos episódios é semelhante às séries ditas normais (live action, portanto, com atores reais em cena). É, talvez, a única nestes moldes já que, regra geral, as séries de animação não passam dos 30 minutos por episódio (quanto mais longas, mais caras ficam).
No Rotten Tomatoes, está avaliada em 98% (numa escala de 0 a 100%). No IMDb, conta com uma pontuação de 8.8 (numa escala de 0 a 10).
"Mare of Easttown" (HBO)
É uma das séries mais elogiadas deste ano, tanto que foi nomeada, esta terça-feira, 13 de julho, para o Emmy de Melhor Minissérie.
Com Kate Winslet no papel principal, é só mais uma série policial em que um homicídio faz desvendar segredos obscuros e pôr em cheque a vida de todos os intervenientes — inclusive a da detetive, com um passado duríssimo e um processo de luto deixado em suspenso.
Ao contrário do que é habitual, em "Mare of Easttown", não se adia nada. As personagens falam, mesmo numa comunidade fechada como a que é retratada nos sete episódios, revelam-se, dizem o que pensam umas das outras e fazem coisas. Mesmo que isso gere novos problemas, dilemas e becos, à partida, sem saída.
Tudo isto, claro, sempre às claras. É das melhores séries deste ano e um dos melhores papeis de Kate Winslet de sempre.
No Rotten Tomatoes, está avaliada em 94% (numa escala de 0 a 100%). No IMDb, conta com uma pontuação de 8.5 (numa escala de 0 a 10).