Passámos quatro horas a ler "A Mulher que Há em Mim", o livro de memórias de Britney Spears, que chegou às livrarias esta terça-feira, 24 de outubro. E ainda que o mundo já esteja minimamente familiarizado com a sua história, nada melhor que ouvi-la através da fonte, já que esta é a primeira vez, em mais de 10 anos, que a pop star fala sobre a sua vida, livre das amarras da tutela do pai, sob a qual esteve até 2021.

Ao folhear as páginas, descobrimos uma vida de altos e baixos, que nos comoveram e arrepiaram. Trocado por miúdos, se achava que a obra se resume a detalhes sobre os videoclipes icónicos de "Toxic" ou "Oops! I Did It Again", desengane-se: embora haja uma passagem pelos tempos áureos da carreira da pop star, o livro mergulha de forma mais profunda nos acontecimentos que mais abalaram a artista e a forma como a transformaram.

a mulher que há em mim
"A Mulher que Há em Mim", Britney Spears. PVP 18,85€, Penguin Random House créditos: DR

Da interrupção da gravidez, que se viu forçada a fazer, alegadamente porque Justin Timberlake não queria ser pai, ao facto de se ter sentido ameaçada pela cobra que levou para o palco dos Video Music Awards (VMA), em 2001, Britney aborda os assuntos de maneira direta. E fá-lo de forma casual e coloquial – quase como se fosse uma amiga que não vemos há anos a pôr-nos a par de tudo o que se tem passado na sua vida, vá.

Ao partilhar a sua história desta forma, a artista cria uma distância entre a mulher que é atualmente e a imagem de infantilidade e incapacidade que a tutela disseminou, condenando as forças que tentaram paralisá-la entre estas duas fases da sua vida. É por isso que este livro marca o início de uma nova era e dá um novo significado ao título da sua canção: "I'm Not a Girl, Not Yet a Woman" (não sou uma menina, nem ainda uma mulher, em português).

Eis alguns relatos marcantes.

Justin Timberlake decidiu tocar guitarra enquanto Britney abortava

Apesar de já se conhecerem desde os tempos de "Mickey Mouse Club", uma série da Disney em que ambos participaram em 1989, Britney Spears e Justin Timberlake só começaram a namorar uma década depois, quando a cantora norte-americana tinha 17 anos e o cantor 18. A relação durou três anos e, durante esse período, a artista engravidou.

"Foi uma surpresa, mas não foi nenhuma tragédia para mim", conta, acrescentando que se sentia desta forma por uma razão: "Eu pensava que íamos ficar juntos para sempre. Esperava que ficássemos". Contudo, o desfecho da relação já sabemos, bem como o da gravidez.

Isto é, há uns dias, a imprensa internacional divulgou que a cantora teria decidido abortar por influência do companheiro. "Se a decisão fosse só minha, nunca o teria feito. Mas o Justin tinha a certeza de que não queria ser pai", continua a contar Britney Spears, revelando um pormenor do dia em que decidiu interromper a gravidez.

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Pelo facto de não poder ser vista no hospital, com medo de que descobrissem o motivo da sua visita, a artista decidiu fazer o aborto em casa (algo do qual admite arrepender-se), na companhia da amiga e agente, Felicia Culotta, e do companheiro. Depois de ter tomado os comprimidos, começou a ter "dores terríveis", ao ponto de achar que deveria ter sido sedada para não ter de as sentir.

Mesmo que não escondesse o estado de agonia pura em que se encontrava, ninguém a levou para o hospital – até que Justin Timberlake teve uma ideia que, aos seus olhos, devia ser brilhante. "A certa altura, ele pensou que talvez a música ajudasse, e foi buscar a guitarra e ficou ali ao meu lado, a tocar", descreve a cantora.

Se, efetivamente, surtiu algum efeito? Temos as nossas dúvidas, assim como Britney Spears. "Eu continuei a chorar e a soluçar até aquilo acabar. (...) Depois disso, fui-me abaixo durante algum tempo, sobretudo porque ainda amava muito o Justin. Era uma loucura o amor que tinha por ele e, para mim, foi uma desgraça. Eu devia ter visto a rutura a aproximar-se, mas não vi", finaliza.

Quase foi a protagonista de "O Diário da Nossa Paixão"

Ainda no início da carreira, Britney Spears tentou a sua sorte no mundo da representação, tendo tido um papel em "Crossroads", lançado em 2002. "No filme, eu interpretava uma 'menina boazinha' chamada Lucy Wagner", conta. Porém, diz não ter sido uma experiência fácil. O problema residia no que a representação estava a fazer à sua cabeça.

"Acho que comecei a utilizar o Método", uma técnica onde o ator procura desenvolver em si mesmo os pensamentos e emoções da pessoa fictícia a quem vai dar vida, "só que não era capaz de me separar da minha personagem", explica. "Quando a câmara estava a gravar, eu era ela, e depois não conseguia perceber a diferença entre quando a câmara estava a gravar e quando não estava", continua.

Britney ficou de tal forma melindrada com esta experiência, da qual só se conseguiu desligar meses depois, que diz que este foi praticamente "o início e o fim" da sua carreira enquanto atriz. E foi por isso que, aquando da sua seleção para interpretar a protagonista de "O Diário da Nossa Paixão", acabou por recusar o papel, que acabou por ficar a cargo de Rachel McAddams.

"Embora tivesse sido divertido tornar a trabalhar com o Ryan Gosling depois da nossa experiência no 'Mickey Mouse Club', fiquei contente por não o fazer. Se tivesse aceitado, em vez de estar a preparar o meu álbum 'In The Zone', teria estado a representar uma herdeira dos anos 1940, dia e noite", conclui.

A MTV sentou-a em frente a uma televisão para testá-la

Depois de se estrear nos VMA em 1999, tendo partilhado o palco com os NSYNC, Britney Spears foi a protagonista do certame no ano seguinte, com um espetáculo a solo. Da sua versão de "(I Can't Get No) Satisfaction", dos Rolling Stones, a "Oops!... I Did It Again", a cantora mostrou a sua versatilidade ao trocar, a meio do espetáculo, um fato masculino por um sutiã brilhante e umas calças justas.

Britney Spears cantou, dançou, abanou o cabelo, fez poses sexy e tudo aquilo que viria a tornar-se a sua imagem de marca. Mas estava no início da carreira e houve quem julgasse as suas decisões e não as entendesse. É na sequência deste espetáculo que a cantora recorda um episódio em que a MTV, a responsável pelo evento, decidiu testar a sua capacidade para lidar com críticas.

"Mais tarde, a MTV sentou-me em frente a um monitor enquanto pessoas desconhecidas que passavam por Times Square davam a sua opinião sobre a minha atuação", explica a artista, acrescentando que as intervenções se dividiam entre os elogios e as críticas, estas últimas assentes na opinião de que "estava a dar um mau exemplo às crianças".

"As câmaras estavam voltadas para mim, à espera de verem como é que eu ia reagir àquela crítica, se ia aceitá-la bem ou se ia começar a chorar. Eu pensei: Fiz alguma coisa de errado? Tinha dado tudo naquele espetáculo. Nunca assumi que era um modelo a seguir. A única coisa que queria fazer era cantar e dançar", explica, frisando que ripostou ao dizer que não era "mãe das crianças".

"Porque é que toda a gente me tratava, mesmo quando era adolescente, como se fosse perigosa?", questiona-se a cantora, sendo estas uma das perguntas que mais vamos encontrar estampadas nas páginas desta obra.

A humilhante entrevista a Diane Sawyer

O momento em que se viu obrigada a abortar assinalou o início do fim da relação que a cantora manteve com Justin Timberlake. Britney Spears confessa ter começado a sentir o companheiro mais distante até que, a meio da gravação do videoclipe do tema "Overprotected", recebeu uma mensagem de Justin a pôr fim ao relacionamento.

"Quando ele me deixou fiquei destroçada", conta, explicando que, depois disso, decidiu deixar tudo para trás. Voltou para casa dos pais, no Luisiana, entrou numa depressão, perdeu a vontade de atuar, mas tinha de fazê-lo porque os concertos estavam marcados. E depois de voltar a Nova Iorque, ainda a viver um período de isolamento, a equipa de Britney obrigou-a a dar uma entrevista "para a qual não estava preparada", com Diane Sawyer, uma das mais conhecidas jornalistas norte-americanas.

"Muitas vezes ia para o meu apartamento para ficar sozinha; agora estava a ser forçada a falar lá com a Diane Sawyer, e a chorar em frente a todo o país", diz a cantora sobre esta experiência, que foi "completamente humilhante".

"Não fui informada com antecedência de quais seriam as perguntas e descobri que eram cem por cento embaraçosas", explica, acrescentando que "estava demasiado vulnerável na altura, demasiado sensível" e que não queria partilhar nada da sua esfera privada com o mundo.

"Eu não deveria ter sido forçada a falar na televisão nacional, não deveria ter sido forçada a chorar à frente dessa estranha, uma mulher que estava implacavelmente atrás de mim, com perguntas duras após perguntas duras", explica, frisando que esta entrevista foi o seu "ponto de rutura (...) – um interruptor acionado" que a transformou, segundo a própria, numa "pessoa má".

O casamento de 55 horas com Jason Alexander

Depois do período de isolamento, Britney Spears decidiu começar a viver e rumou até Las Vegas para um noite de diversão. "Ao fim de algumas bebidas, acabei na cama com um dos meus velhos amigos – um amigo de infância, que conhecia desde sempre", revela, referindo-se a Jason Alexander. Foi precisamente com ele que a cantora acabou por casar-se nessa mesma noite, numa White Little Chapel, às 3h30 da manhã.

"Vou esclarecer: não havia paixão entre nós. Honestamente, eu apenas estava muito bêbada – e provavelmente, num sentido mais geral naquela fase da minha vida, muito entediada", relata. Mas o casamento tinha os dias contados (literalmente, já que não durou mais do que 55 horas).

Os pais da artista, Lynne e Jamie Spears, fizeram-nos anular o matrimónio. "A minha família comportou-se como se eu tivesse começado a Terceira Guerra Mundial. Passei o resto do tempo que estive em Las Vegas a chorar", relata, dando conta de que esta foi a primeira vez que percebeu que os pais queriam dominá-la.

"Isto porque me apercebi do seguinte: era muito importante para eles que eu estivesse sob o seu controlo e que não tivesse nenhuma ligação forte com nenhuma outra pessoa. (...) Talvez venha a propósito mencionar que eu, nessa altura, andava a apoiá-los financeiramente", lembra.

O contexto em que cresceu

Britney inicia "A Mulher que Há em Mim" com relatos que incidem sobre o casamento dos pais, que deram o nó muito cedo – quando a mãe, Lynne, tinha 21 anos, e o pai, Jamie, 23. Em 1977, o casamento deu frutos, com o nascimento do filho mais velho, Bryant, e a artista nasceu quatro anos depois, a 2 de dezembro de 1981, seguindo-se a irmã, Jamie Lynn, em 1990.

A artista recorda que a família nem sempre teve posses. Desde pequena que vivia com muitas dificuldades, fruto dos empregos precários dos pais, que acabavam por culminar em períodos de grande crise para a família – períodos esses que se tornavam num pesadelo ainda maior, segundo a mesma, pelo facto de o pai beber e ser violento.

"Bebia até deixar de raciocinar. Desaparecia durante dias seguidos. Quando bebia, o meu pai era extremamente mau", é assim que a cantora descreve o comportamento do progenitor, semelhante ao do avô, June Spears Jr., que também havia sido assim – e que, inevitavelmente, se tornou num (mau) exemplo para o filho. "Sei que este trauma é uma parte da razão pela qual o meu pai se comportava da maneira que se comportava comigo e com os meus irmãos; porque é que para ele nunca nada estava bem", confirma.

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Ainda que compreenda de onde é que estas atitudes do pai vêm, Britney não descura que não era naquele ambiente que queria viver. "Durante os meus anos de crescimento, a minha mãe e o meu pai discutiam constantemente. (...) Geralmente, em casa, vivia assustada. O exterior não era necessariamente um paraíso, mas era o meu mundo", escreve a cantora.

Aos 13 anos, bebia cocktails com a mãe (Daiquiri e White Russian, caso estejam interessados) e fumava com os amigos, faltava às aulas e começou a namorar com rapazes mais velhos, muitas vezes amigos do irmão. A rebeldia estava-lhe no sangue, mas a música foi o seu escape. 

"A primeira vez em que verdadeiramente me emocionei e senti arrepios foi ao ouvir a nossa empregada cantar na lavandaria de casa. (...) Essa empregada entoou gospel e foi, literalmente, um despertar para um mundo novo", recorda. Por isso, do coro da igreja às aulas de dança, foi um pulinho até ser apelidada "Princesa da Pop". E, em muitos momentos, a música chegou a ser a sua salvação – mesmo quando, já sob a tutela do pai, nem sobre isso tinha uma palavra a dizer.

O romance com Federline, que a deixou ainda mais desamparada

britney e federline
créditos: Twitter

Depois do fim do relacionamento com Justin Timberlake, Britney Spears sentiu-se desamparada. Até que Kevin Federline, em 2004, entra em cena e se assume como uma espécie de boia de salvação aos olhos da cantora. "No momento em que o vi, percebi imediatamente que havia uma ligação entre nós", conta, relembrando o episódio em que, depois de se conhecerem, ficaram abraçados durante uma hora na piscina. "Amparou-me", confirma.

"Firme, forte, reconfortante" era a forma como descrevia aquele que viria a ser o seu marido, já que se casaram nesse mesmo ano. "Achei que o Kevin me daria a estabilidade de que eu tanto precisava – e também a liberdade", conta. E, por momentos, deu, fazendo com que a artista fizesse uma pausa na carreira para aproveitar mais (e saber gerir melhor) a sua agenda.

Juntos, o casal teve dois filhos, Sean Preston, em setembro 2005, e Jayden James, no ano seguinte – e, quando este último nasceu, o casamento já estava a ir pelas ruas da amargura, já que o marido de Britney queria apostar na sua carreira, ficando fora de casa dias a fio e, segundo a mesma, ignorando-a.  "É a primeira vez que ele está a saborear a fama. Tenho de o deixar fazer isso", era uma ideia que lhe passava pela cabeça constantemente, ao tentar convencer-se da normalidade daquela situação.

Mas o cenário agravou-se e, pelo meio, a artista reconhece que passou por uma depressão pós-parto, da qual só se deu conta anos depois, adensada pela perseguição incessante dos paparazzi. Os primeiros meses depois do Jayden nascer foram "uma névoa", recorda, contando como o advogado a convenceu que era melhor pedir o divórcio antes que Kevin o fizesse, evitando a humilhação.

"O que eu não percebi foi a insistência do Kevin para que eu pagasse as custas do processo dele. E pelo facto de, em termos legais, ter sido eu que efetivamente dei andamento ao processo de divórcio, aos olhos de toda a imprensa seria eu a responsável pela rutura da minha jovem família", conta, frisando que aquilo que se seguiu foi uma longa batalha judicial, já que ambos pediram a custódia total dos filhos.

A certa altura, Kevin não deixou a mãe ver os filhos durante semanas a fio e Britney entrou numa espiral, que acabou por fazer com que rapasse o cabelo, em 2007, numa tentativa de chamar a atenção. Depois disto, a cantora admite ter perdido o controlo sobre si mesma, algo que se manifestava através de crises de ansiedade e de fúria, tendo até chegado a ser forçada a atuar na cerimónia dos Video Music Awards: "A minha equipa estava a pressionar-me para mostrar ao mundo que eu estava bem. O plano só tinha um problema: eu não estava bem", lembra.

Os relatos da tutela

"Tinha a sensação de que estava a viver à beira de um precipício", é com esta frase que Britney descreve a forma como se sentiu no rescaldo da relação com Kevin Federline, que acabou por ficar com a custódia dos filhos. E nem a família a apoiava nessa situação, já que sempre lhe foi passada a ideia de "não valia grande coisa" – quase como se insinuassem que a artista estava a pedi-las, diga-se.

"O Kevin tirou-me o meu mundo. Fez com que eu deixasse de respirar. E a minha família não me abraçou. Comecei a desconfiar de que estavam secretamente a festejar o facto de eu estar a passar pelos piores dias da minha vida. Mas de certeza que isso não podia estar a acontecer, pois não? De certeza que estava a ser paranoica. Certo?", questiona-se, acrescentando que foi aqui que o pai começou a mandá-la para clínicas de reabilitação vezes sem conta, embora não sofresse de nenhum abuso de substâncias.

Até que, em janeiro de 2009, o pai de Britney conseguiu fazer com o que o tribunal lhe desse a tutela total da filha, tanto em termos pessoais como de património, tendo todo o controlo sobre a mesma. "A partir de agora sou eu que mando, agora sou eu a Britney Spears" – terão sido estas as palavras de Jamie Spears, segundo conta a artista.

Das escutas em casa às mensagens vigiadas, passando por uma vida rodeada de seguranças, era tudo controlado – até a mesada que lhe era atribuída, que se fixava num valor bem distante dos milhões que o pai metia ao bolso (e no daqueles que o ajudavam) às custas do seu trabalho, que cada vez mais começava a fazer contrariada. "A tutela privou-me da minha condição de mulher, transformou-me numa criança", explica. "Fiz isto durante 13 anos", frisa.

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E não deixa de ver uma pitada de incoerência nesta situação. "Que divertido, pensei. Agora já posso voltar a trabalhar como se não tivesse acontecido nada! Estou demasiado doente para escolher o meu namorado, mas, vá-se lá saber como, suficientemente saudável para aparecer em sitcoms e programas da manhã e atuar todas as semanas perante milhares de pessoas num sítio diferente do mundo!", reflete.

No entanto, sabendo que, caso se recusasse a fazer algo, poderia ficar impedida de ver os filhos, decidiu ser, conscientemente, um peão naquele jogo e deixar de lutar. Isto é, abriu mão da sua liberdade ativamente para que, futuramente, voltassem a devolvê-la. "Se eu alinhar, vão ver como eu sou boa e devolver-me-ão a minha liberdade", pensava.

Escusado será dizer que não aconteceu e, durante anos, Britney continuou à mercê do pai, sendo obrigada a tocar em Las Vegas de 2013 a 2017, altura em que foi internada depois de se ter recusado a fazer um passo de dança novo, por ser muito complicado, e porque teriam encontrado suplementos energéticos na sua mala (que a cantora frisa não serem sujeitos a receita médica). "Talvez um mês. Talvez dois meses. Talvez três meses" – era tudo o que Britney sabia sobre a sua permanência no local.

Mas foi nesta clínica que uma das enfermeiras lhe mostrou os vídeos de jovens a protestar e a pedirem "Free Britney", o movimento que resultou na sua emancipação em 2021. "Vê-los a manifestarem-se foi a coisa mais espantosa que vi em toda a minha vida. (...) A quem me defendeu, quando eu não podia defender-me: obrigado, do fundo do coração", conclui.