É oficial: quase dois anos depois de ter começado, a The Eras Tour chegou ao fim. O último concerto digressão de Taylor Swift, cujo objetivo era passar pelos 18 anos de música da cantora, aconteceu este domingo, 8 de dezembro, em Vancouver, no Canadá, marcando o fim de uma digressão que foi um autêntico fenómeno a nível mundial.
A última paragem da The Eras Tour foi o BC Place Stadium, onde a artista esteve a atuar desde sexta-feira, 6 de dezembro. No total, os três concertos de Taylor Swift em Vancouver foram responsáveis por movimentar mais de 160 mil fãs até lá, de acordo com o "Voice of America", e tudo porque a cantora quis que a despedida contasse com a maior quantidade de fãs possível. Nós explicamos.
O estádio canadiano tem capacidade para 60 mil pessoas e, sim, embora os lugares sentados que têm visão obstruída não costumem entrar para as estatísticas, não foi o caso desta vez. A cantora pôs ecrãs atrás do palco e disponibilizou a maior parte desses assentos a preços tão baixos quanto 16 dólares (cerca de 11€) – e há quem diga que valeu bem a pena, segundo o "The Globe and Mail".
Uma coisa é certa: foi uma noite emotiva. Do discurso de uma das artistas responsáveis pela abertura dos espetáculos, Gracie Abrams, às canções surpresa que Taylor Swift tocou no momento acústico do concerto – as mais importantes para a sua base de fãs, como "Long Live" e "You're On Your Own, Kid", que também cantou em Lisboa, em maio –, os fãs não estavam preparados para se despedirem desta era.
Não dizemos a palavra "era" em vão: ainda que tenha tido pausas pelo meio, a cantora esteve mais de 630 dias em digressão, sendo que esta começou os espetáculos a 17 de março de 2023, no Arizona, Estados Unidos. Foram 152 concertos em 51 cidades espalhadas por cinco continentes, que resultaram em mais de 500 horas em palco. Eis alguns factos marcantes desta mega digressão, que agora chega ao fim.
1. A digressão mais lucrativa da história
Apesar de o montante total arrecadado pela artista ainda não ter sido oficialmente divulgado, meios internacionais, como o "The New York Times", estimam que já tenha chegado aos 2 mil milhões de euros, com a possibilidade de o valor final ser ainda mais elevado. Com estes números, a artista ultrapassa as digressões de Elton John e dos Coldplay, consideradas até agora as mais rentáveis.
Anunciada em novembro de 2022, sempre foi expectável que a The Eras Tour causasse um impacto desmedido. Não só porque Taylor Swift é, por si só, um fenómeno, mas porque os concertos, com mais de três horas, iriam passar por todas as fases musicais da carreira da cantora, o que fez com que novos e velhos fãs transformassem a aquisição dos bilhetes numa autêntica guerra.
Houve outro fator que pesou na balança: a cantora não fazia uma digressão desde 2018, no âmbito da Reputation Stadium Tour, que contou apenas com 53 espetáculos em estádios na América do Norte, Europa, Ásia e Oceânia. Como se isto não bastasse, pelo meio, a cantora ainda teve de cancelar outra digressão, o que fez com que o interesse que já existia aumentasse ainda mais.
A Lover Fest estava planeada para o verão de 2020 e passava, inclusivamente, por Portugal, no NOS Alive. Por causa da pandemia, Taylor Swift viu-se obrigada a deixar os concertos, que eram uma ode ao seu álbum "Lover", na gaveta – e uma vez que tinha lançado mais três discos entretanto, "folklore", "evermore" e "Midnights", a The Eras Tour foi alvo de grande interesse por parte dos fãs de todas estas criações.
2. A loucura dos visuais
Cada concerto da The Eras Tour teve pouco mais de três horas e foi uma autêntica viagem por cada um dos 11 álbuns da cantora. Uns com direito a mais canções na setlist e outros com menos, todas as partes do espetáculo são a personificação da essência de cada um dos discos da artista – e isso fica patente não só pelos cenários, como pelas mudas de roupa.
Taylor Swift mudava de roupa 16 vezes em cada concerto. Sempre repleta de brilhos, há bodies, blazers oversized, muitos macacões e vestidos que pendem entre os folhos esvoaçantes ou os volumes dignos de qualquer princesa, bem como conjuntos cujas cores foram aparecendo misturadas ao longo da digressão e que faziam os fãs entrarem em êxtase quando eram combinados na totalidade.
No total, a artista levou mais de 60 looks diferentes para os palcos, diz o Business Insider". Por isso, assim que os Swifties – nome atribuído aos apoiantes da cantora – se aperceberam de que poderia haver um padrão, começaram a tentar decifrá-lo. E a loucura foi tanta que foi assim que surgiu o jogo Mastermind.
Este jogo, intitulado à semelhança de uma canção de Taylor Swift, podia ser levado a cabo na aplicação Swift Alert. Essencialmente, cada parte do concerto contava com as peças de roupa (e instrumentos musicais, como as guitarras, por exemplo) correspondentes e os fãs tinham de tentar acertar no maior número possível, ganhando pontos.
3. Quando o novo amor de Taylor Swift subiu a palco
Muitas foram as pessoas que subiram a palco no decorrer da The Eras Tour. Dos artistas responsáveis pelas aberturas dos concertos, que foram de nomes como Paramore a Gracie Abrams, passando por Sabrina Carpenter, a amigos queridos da artista, como Ice Spice, Florence Welch ou Ed Sheeran, houve um que se destacou – e não é cantor, sequer.
Falamos de Travis Kelce, o tight end dos Kansas City Chiefs em cujos jogos a cantora começou a ser vista no início de setembro de 2023, embora os rumores da relação tenham começado a circular em julho desse mesmo ano. Num concerto em Buenos Aires, em novembro, a artista confirmou aquilo de que já se desconfiava, tendo mudado a letra de "Karma", um dos seus êxitos lançados 2022, aquando do álbum "Midnights".
A letra diz "karma is the guy on the screen coming straight home to me" (o karma é o gajo no ecrã que vem diretamente ter comigo a casa, em português), mas a artista cantou "karma is the guy on the Chiefs coming straight home to me" ("karma é o gajo dos Chiefs que vem logo ter comigo a casa", em português). E a plateia – incluindo o jogador, que estava presente – foi ao rubro.
Este ano, a cantora levou a relação a um novo patamar. Em julho, em Londres, depois de um concerto que teve direito a vários convidados especiais na plateia, como o príncipe Harry e os filhos, o último espetáculo no estádio de Wembley contou com a participação do jogador, que até fez parte de uma das coreografias da nova era, com o álbum “The Tortured Poets Department”, levando os fãs à loucura.
4. Os fãs de Munique que não se ficaram pelo estádio
Em julho, durante a jornada europeia da The Eras Tour, Taylor Swift esteve Munique, na Alemanha, para dois concertos, que aconteceram nos dias 27 e 28 desse mês – e a sua passagem foi absolutamente histórica. Isto porque, além das 74 mil pessoas que esgotaram diariamente o Estádio Olímpico, os concertos foram acompanhados por uma multidão.
Dizemos isto porque, de acordo com a imprensa alemã, mais de 40 mil pessoas assistiram ao espetáculo da cantora na maior colina da cidade, a Olympiaberg. Escusado será dizer que a artista não podia ter vibrado mais com esta revelação, tendo até falado diretamente para os fãs que a viam à distância.
"Também temos pessoas no parque em frente ao estádio, são milhares de pessoas a ouvir lá fora. Vamos tentar compensar-vos", disse a cantora norte-americana, em cima do palco. A par disto, devido ao calor, a produção dos concertos ofereceu água aos fãs que acompanharam os concertos a partir do exterior.
5. Fez a terra tremer em Lisboa (e houve um momento único)
Taylor Swift fez Lisboa tremer – e não, não dizemos isto no sentido figurado. A artista, cuja digressão passou pela capital portuguesa com dois concertos levados a cabo a 24 e 25 de maio, no Estádio da Luz, fez tanto furor que gerou atividade sísmica em várias estações da cidade.
De acordo com o "Público", a Escola Básica Professor Delfim Santos, nas Laranjeiras – a mais próxima do estádio – foi o local onde se registou a maior amplitude sísmica, durante o segundo concerto. Além disso, segundo um espectograma da Faculdade de Ciências da Universidade de Lisboa (FCUL), o maior pico foi sentido durante a canção "Shake If Off", chegando a atingir uma magnitude de 0,82 na escala de Richter.
No entanto, das estações em Monsanto, a cerca de dois quilómetros do recinto dos espetáculos, a uma junto ao aeroporto de Lisboa, que fica a 5,7 quilómetros do mesmo, também detetaram a atividade sísmica. Em relação aos temas, "You Belong With Me" atingiu uma magnitude de 0,80 na escala de Richter, "Love Story" ficou pelos 0,72 e "We are Never Ever Getting Back Together" não passou dos 0,61.
A atividade sísmica nos concertos de Taylor Swift já tinha acontecido noutros locais do mundo. Contudo, houve um momento único em toda a digressão: quando as luzes do Estádio da Luz se acenderam, na primeira noite, fazendo com que a cantora pudesse experienciar a ovação apoteótica que recebia sem que nada lhe escapasse.
Depois de "champagne problems", a cantora foi surpreendida com uma gigantesca ovação de mais de três minutos. "Quero mudar-me para Portugal. Quero mudar-me para aqui", disse a cantora. "Eu amo-vos. Adoro-vos tanto, tanto. Nunca na vida vou querer esquecer este momento aqui em Lisboa, Portugal", acrescentou.
6. A ameaça de terrorismo em Viena
Apesar de ter sido mágica para muitos, a The Eras Tour também foi um pesadelo para outros tantos – e a cantora não teve qualquer culpa no cartório. É que, em Viena, Áustria, os três concertos de Taylor Swift que estavam agendados para agosto tiveram de cancelados, fruto de suspeitas de terrorismo.
As autoridades austríacas detiveram dois suspeitos de terrorismo, ligados ao Estado Islâmico, que planeavam realizar ataques nos espetáculos. Estes teriam cúmplices na arena em que a artista ia cantar. A promotora dos eventos, num comunicado publicado nas redes sociais, confirmou o cancelamento dos concertos "pela segurança de todos".
Enquanto isso, a cantora remeteu-se ao silêncio, algo que enfureceu os fãs, que esperavam por uma potencial remarcação dos espetáculos, que nunca chegou a acontecer. No entanto, no final de agosto, quando terminou a parte europeia da digressão, Taylor Swift aproveitou para esclarecer os fãs em relação ao assunto.
"Não vou falar de algo publicamente se achar que isso pode provocar aqueles que querem fazer mal aos fãs que vão aos meus espectáculos", escreveu, no Instagram. "Em casos como este, o 'silêncio' é, na verdade, uma forma de mostrar contenção e esperar para nos expressarmos no momento certo. A minha prioridade era terminar a nossa digressão europeia em segurança, e é com grande alívio que posso dizer que o fizemos", rematou.
7. A morte no Rio de Janeiro
A par da ameaça de ataque terrorista na Europa, a The Eras Tour também contou com um momento de extrema tristeza no outro lado do Atlântico. Em novembro de 2023, Ana Clara Benevides Machado, que tinha 23 anos, morreu durante o arranque do primeiro concerto de Taylor Swift no Rio de Janeiro, no Brasil.
De acordo com a CNN Brasil, a jovem morreu de exaustão térmica causada pelo calor, segundo avançou o laudo do Instituto Médico Legal (IML) do Rio de Janeiro. Ana Benevides estava exposta a um calor extremo no concerto, provocado pela exposição indireta ao sol, uma vez que, no corpo dela, não havia sinais na pele que apontassem para a exposição direta aos raios solares.
Ainda de acordo com o relatório, a jovem sofreu uma paragem cardíaca e vários vasos sanguíneos que irrigam os pulmões romperam-se, tendo havido ainda a paralisação de vários órgãos por exposição difusa ao calor. Nisto tudo, a equipa de Taylor Swift contactou os pais da jovem para ajudar no que fosse necessário – e acabaram mesmo por conhecê-la.
O pai de Ana Clara, José Weiny Machado, duas primas, um amigo da jovem e Daniele, a amiga que esteve com a jovem de 23 anos e experienciou a sua morte, marcou presença num concerto em São Paulo, tendo sido convidados a entrar no camarim de Taylor Swift. Tiraram uma fotografia com a cantora, tendo as camisolas feitas em homenagem à jovem vestidas.