
Não é todos os dias que vemos um artista de língua portuguesa a dar um espetáculo no Estádio da Luz — até porque, na verdade, isto nunca aconteceu, e são os Calema que vão abrir o precedente para todos aqueles que, um dia, sonharem alto e conseguirem conquistar o mesmo. Com um concerto marcado para as 21 horas deste sábado, 7 de junho, os irmãos de São Tomé são oficialmente os primeiros artistas de língua portuguesa a quase esgotar o maior estádio do País, e isso só significa uma coisa: este não será, certamente, um concerto qualquer.
"É um orgulho. O orgulho está presente na medida em que nós nos sentimos mensageiros. Nós somos representantes de um grupo de pessoas fantásticas, de um público enorme, de pessoas que vieram antes de nós, que já não estão aqui, de pessoas que tentaram e não conseguiram", começou por dizer Fradique à MAGG. "Sentimo-nos orgulhosos por termos sido os escolhidos a fazer este caminho desde São Tomé. Escolhidos por Deus, para mostrar uma mensagem tão bonita e mostrar às pessoas que é possível", acrescentou.
Os dois irmãos, António e Fradique Mendes Ferreira, nasceram e cresceram em São Tomé e Príncipe, mas foi em França que a sua carreira profissional começou. Apesar de se terem mudado para o país para estudar, as suas publicações de covers e de músicas próprias fez com que o sucesso escalasse a partir de 2010, e, quatro anos depois, chegaram mesmo a participar no concurso francês "Lusartist", que acabaram por vencer. Uma coisa levou à outra e pode-se dizer que foi graças a Anselmo Ralph que os Calema conquistaram também o povo português, depois de terem assinado com a produtora do artista.
Desde esse momento, os Calema nunca mais pararam. Com êxitos atrás de êxitos, como "A Nossa Vez", "Te Amo", "Vai" ou, mais recentemente, "Amar Pela Metade", os irmãos vão conquistando o público com a sua sonoridade e humildade em palco, criando ligações um pouco por todo o mundo. De África ao Brasil, passando por Portugal e França, é impossível dizer que as músicas de Fradique e António não são pontes que unem gerações e culturas, e esse é o maior legado que podem deixar no mundo. "As músicas deixam sempre um marco", começou por explicar também Fradique.
"Eu posso dizer que o maior legado que nós temos, que nós iremos deixar para os nossos filhos e não só, é de poder ter expressado de forma mais verdadeira possível os sentimentos de quando a pessoa está apaixonada em várias fases da vida", continuou, acrescentando ainda que poder cantar as suas músicas num palco como o Estádio da Luz será como quebrar barreiras históricas. "E poder quebrar essas barreiras também, a nível histórico, de lugares onde ninguém dentro da nossa lusofonia tinha conseguido chegar, já vai mostrar que tudo é possível quando a gente acredita e quando a gente trabalha para conseguir".
"Então, orgulho, felicidade e vamos para a frente. Vamos para a frente que é caminho. Vamos fazer história", finalizou Fradique. "Sim, queremos deixar uma mensagem que é possível quando acreditamos. Nós, há 20 anos não tínhamos noção do que a vida tinha para nós. E hoje, nós estamos aqui a fazer um estádio com 50, quase 60 mil pessoas", continuou António, que afirma que tudo é possível quando metemos mãos à obra.
"E no dia 7 irá ser um momento histórico, um momento de partilha de música e dizer que é possível quando acreditarmos. É possível quando trabalhamos. É possível quando nos unimos. E irá ser um momento histórico para a música cantar em português", rematou. Desta maneira, a música dos Calema vai não só ecoar pelas paredes do estádio, como também pelos corações de todos os que, um dia, ousaram sonhar. Promete ser, aliás, uma celebração da lusofonia, da união e da força de quem acredita que os sonhos não têm fronteiras.
Os bilhetes para o concerto no Estádio da Luz ainda estão disponíveis para os pisos 0 e 3, pelo que, se quiser, ainda pode fazer parte da história. Estes têm um custo de 60€ e 45€, respetivamente, mas apresse-se: eles estão mesmo a voar, com todos os outros setores já esgotados.