"Todos nós vamos chorar muito no dia 19 de maio". A frase é de um dos responsáveis por colocar em marcha um regresso há muito esperado. Mais de duas décadas depois de terem colocado um ponto final na banda, os Excesso regressam aos palcos. Primeiro na Altice Arena, em Lisboa, esta sexta-feira, 19 de maio, depois na Super Bock Arena, no Porto, a 17 de junho.

26 anos depois, Excesso lançam nova versão de "Eu Sou Aquele". Admitimos sem vergonha: estamos fãs
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Zahir Assanali, CEO do Grupo Chiado, era, em 1996, sócio da NZ Produções, a produtora que recrutou os cinco artistas que viriam a formar os Excesso. O empresário recorda que a vontade de voltar ficou sempre latente e que "o amor não foi bem resolvido". Em 2021, por culpa de um concurso da RFM, que tinha por objetivo eleger a melhor banda pop portuguesa de todos os tempos, Zahir recebeu uma chamada de Miguel Moredo (Duck). "Ele disse 'Zahir, porque é que a gente não faz isto?'". "Estou sem paciência, estou mais velho... mas o coração dizia tudo ao contrário", recorda o empresário. Uma videochamada com os cinco intérpretes e Zahir pôs o plano em marcha. "A emoção veio à flor da pele. Lavámos muita roupa suja do passado, porque ficou muito por dizer", conta. O empresário de 54 anos, que se considera "o sexto elemento dos Excesso", conta que decidiram que estava na altura de regressar com um concerto.

A MAGG conversou com Carlos Ribeiro, 49 anos, Fernando Melão, também 49, Miguel Moredo (Duck), 48, João Portugal, 50 e Gonçalo Vasconcelos (Gonzo), 50, sobre o caminho que, individual e coletivamente, percorreram até este reencontro, desde 1996 até 2023.

O que é que vocês andam a fazer para estarem melhor do que estavam há 20 e tal anos?
Duck - É não comer (risos).
Melão - O segredo é, literalmente, não comer.
Gonzo - É comer bem. Eu costumo dizer que a minha vida não é dieta, é uma forma de comer. Tem que ver com as quantidades, com aquilo que se come. Eu como, e como muito. Como é bem.

Quando se predispuseram a este regresso, e tendo em conta que já não têm 20 e poucos anos, o que é que começaram a fazer em termos de preparação física?
Carlos - Sem dúvida que há um aprofundar em relação ao BMI do corpo, qual é a resistência que vamos necessitar. Vão ser cerca de duas horas em palco, a dançar e a cantar. Isto é como correr maratonas. Não se começa a treinar hoje para amanhã se ir fazer a maratona. Há um tempo de preparação. Falou-se em dieta, sem dúvida que há que saber priorizar o que se come de forma a que o organismo vá buscar o combustível que é necessário para queimar da maneira mais propícia. Mas a questão é: cantar e dançar não é para todos e, para fazê-lo, temos de estar preparados. A dieta, a hidratação, as horas de sono, as horas que passamos a ensaiar, tudo isso conta. E o segredo, lá está, está na dedicação.
Gonzo - Por mais exercício que fizéssemos ao longo dos anos, fosse ginásio, correr ou bicicleta, como o João Portugal faz, cantar e dançar é diferente. Nos ensaios, cansamo-nos de forma diferente, a cansar com um sorriso na cara e as coisas começam naturalmente a encaixar-se e a tornarem-se mais fáceis. Estamos prontos para, no dia 19, darmos o melhor espectáculo possível. 

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Carlos, Melão, Duck, João Portugal e Gonzo créditos: Rita Almeida / MAGG

Estão os cinco na casa dos 50 anos. Quando decidiram avançar para este regresso pensaram na idade?
Duck  - Não. Há dois anos, já para não falar em 2008, em que fizemos várias abordagens para regressar, a questão da idade não se pôs. Nós não estamos juntos enquanto Excesso há 22 anos. Mas há uma coisa que está presente em nós e já provámos que conseguimos fazer. Nós sabemos o que conseguimos fazer, o valor que temos e a capacidade que temos para o que aí vem.
Gonzo - Logicamente que uma pessoa pensa na idade que tem, se se sente capaz ou não de dar um bom espectáculo. Nós não queremos dar um mau espectáculo e não queremos ir fazer figuras para cima do palco. É normal que pensemos ‘será que conseguimos? Será que vale a pena?’. Por termos aceitado isto é porque achamos que ainda conseguimos dar o melhor espectáculo dos Excesso, melhor do que quando tínhamos 25 anos. Se me perguntar isso daqui a cinco anos, se calhar vou dizer-lhe que não. Mas agora sim.
Carlos - Nenhum dos cinco se vê com a idade que tem. E isso tem que ver com a mentalidade atual. Não sei se é porque as pessoas estão a envelhecer mais tarde, as reformas tendem a ser mais tarde também, mas a verdade é que a espécie humana está a perdurar mais anos no planeta e aquele mindset de ser velho também está a ser adiado.

O que é que os Excesso de 1997 pensariam se vissem os Excesso de 2023?
Duck - Oh pá, quem é que são aqueles?!
Carlos - Estariam extremamente orgulhosos.
Gonzo - Lembro-me de, com 25 anos, estarmos a assinar um contrato de cinco anos e eu achar que isso era a coisa mais horrível porque, com 30, eu ia estar velho e acabado. Há sempre essa tendência de achar que vamos estar velhos e, quando chegamos à idade, não nos sentimos dessa forma.
Duck - Nós estamos como a velha máxima do vinho do Porto.
Gonzo - Em certos aspectos, melhores.

O que é que o Duck vos disse para vos convencer a fazer isto? Porque foi o elemento decisivo para que este regresso tenha acontecido.
Carlos - Ele era sem dúvida o elo de ligação. A primeira vez que o Miguel me ligou para fazer isto eu vivia em Espanha, na altura. A segunda vez ainda estava em Espanha, a terceira já estava na Austrália, e a última vez que foi abordado, e soube há pouco tempo que fui o último, pela distância, e lembro-me perfeitamente das palavras. “Olha, parece que é agora”. E este “parece que é agora” é o código. Significa todo o processo de aprendizagem, a tentar reunir os Excesso, “estamos alinhados, faltas tu”. Eu levantei o braço e disse “ok, vamos nessa”.
Gonzo - Acho que qualquer um de nós tinha as suas razões, em certas alturas, para não se juntar, e agora tudo se alinhou. Ou seja, todos nós temos as nossas pequenas razões que fizeram com que as coisas, finalmente, fizessem sentido.
Melão - Não foi preciso grande coisa para me convencerem. Isto era algo que eu queria desde sempre. Desde que a banda acabou, sempre quis isto. E como sempre quis isto, foi algo que foi muito fácil. Estive sempre à distância das teclas do telemóvel de cada um, até que elas se tornaram teclas digitais (risos)! Continuei sempre a incentivar, estava mais ou menos pendente de um ou de outro, das próprias situações da vida. Por isso é que nós chegámos praticamente aos 50 anos e só agora é que as coisas estão a acontecer. Como eu costumo dizer, está a ser apoteótico.
Gonzo - E também tem que ver com o que nos foi proposto. Desta vez puseram-nos em cima da mesa a possibilidade de fazer um grande espectáculo nas duas maiores salas de Portugal. E essa sempre foi a nossa máxima: se é para voltar, é para fazer o melhor possível e que nos deem condições para fazermos o melhor espectáculo possível.
João Portugal - A vontade já existia há algum tempo mas nunca foi oportuno juntar as peças de Lego para isto acontecer, por várias razões. A última foi a COVID-19. O Miguel foi sempre a pessoa que mais insistiu em juntar-nos e em fazer a coisa acontecer. Nós tínhamos vontade de voltar e de realizar um sonho com a capacidade de estarmos em palco com o que não conseguimos fazer no passado, como gravar o espectáculo. Agora, mais do que nunca, estamos a construir esta viagem para que seja essa a conclusão, conseguirmos um registo digno e um ponto final.

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créditos: Rita Almeida / MAGG

Quem é que estão à espera de ver na plateia dos concertos?
Carlos - Muita gente. Vamos fazer um espectáculo no Porto porque houve muitos pedidos da região norte, senão não teria acontecido. Neste momento estão dois espectáculos agendados e este será o remate final daquilo que foram os Excesso.
Duck - O que vamos ver é a saudade, a nostalgia e o sexto elemento, que sempre foram as pessoas que nos acompanharam. Nós conhecemos muita gente com quem fomos mantendo contacto, e que foram alimentando o acontecer desta reunião.
Gonzo - Mães, filhos, netos também… estamos à espera de dar a melhor experiência possível, de receber também, e que seja a melhor noite.

Talvez seja a minha experiência pessoal, mas o que sinto é que os Excesso são símbolo de um momento muito feliz do País. Houve a Expo 98, não havia crise económica, havia a perspetiva de uma modernidade. Estávamos no pré-11 de setembro, praticamente não havia internet. Sentem que simbolizam na vida das pessoas esse momento?
João Portugal - O consumo era mais genuíno. Hoje não é tão genuíno. 50% das coisas que as pessoas consomem, fazem-no no telemóvel. Não têm o toque. Foi uma lufada de ar fresco na altura, não só nós mas também outras bandas, outros artistas.
Duck - Essa questão, de transmitirmos energia e alegria, isso éramos nós. Não só porque faz parte de cada um de nós mas também porque víamos a importância que tínhamos para as pessoas. Sempre tivemos muito cuidado com as coisas que fazíamos, para puxar o lado positivo das pessoas.
Melão - Nós simbolizamos tudo e mais alguma coisa de bom.
Gonzo - E sentimos isso. Cada vez que vamos a um programa de televisão, sentimos aquela nostalgia. As pessoas que estão atrás da câmara, a produção…
Melão - Há uma relação de amor.
Gonzo - Essa nostalgia, esse sorriso na cara, esse bem estar, temos sentido isso, em todo o lado. Sinto mais agora do que na altura. Na altura não tínhamos noção de muita coisa. Aquilo foi uma viagem excessiva em todos os aspectos, e só quando nos afastamos é que temos noção. Este afastamento, voltar, sentir o lado genuíno das pessoas, a dizerem-nos ‘voltámos a ter 25 anos’. E é genuíno!
Carlos - Não há dia que, nestes últimos meses, não me cruze com fãs e todas dizem ‘parece que voltei a ter 25 anos’. O consumismo tem que ver com o facto de ser ou não ser tangível. A tangibilidade de um produto que se consome, não quer dizer que na altura se gostasse mais e agora menos. Mas tem que ver com a forma como o produto é posto à frente das pessoas. Neste momento, coisa que não tínhamos na altura, as redes sociais bombardeiam-nos com coisas que nós na realidade nem queremos consumir. Na altura não havia redes sociais, para consumir fosse o que fosse, a pessoa ia à procura. Esta ambiguidade leva a que a pessoa consuma algo que até nem gosta muito mas que é trend. Este regresso dos Excesso é a constatação de que as pessoas ainda gostam de nós e mesmo as gerações que não nos acompanharam cantam as nossas músicas.

Hoje em dia, é possível saber a opinião das pessoas através das redes sociais mas, há 20 anos, o espaço mediático era reservado a meia dúzia de opinion makers. Qual foi a coisa mais horrível que leram sobre vocês na altura?
Duck - Há uma que me vem sempre à cabeça, que nos magoou imenso na altura. Nós tínhamos dado uma entrevista e, quando saímos, comentámos ‘espectacular! Melhor entrevista que demos até hoje!’. Aquela entrevista serviu para quê? Para ser distorcida e para falar mal do conceito das boysbands em Portugal. Isto sai num sábado e vinham lá todas as boysbands que existiam na altura, mas tudo a ser ‘queimado’. Ficámos tão tristes na altura…
Melão - Não me lembro de nada. Para mim é tudo muito bom (risos)!

"Nós trabalhávamos tanto, tanto, tanto que, na realidade, em três anos, não tivemos oportunidade de nos conhecermos verdadeiramente", Fernando Melão

Carlos - Os Excesso foram um produto fabricado e há seres humanos que constituem esse grupo, que têm sentimentos. O mercado tem sempre pessoas, sejam jornalistas, sejam donos das revistas, das estações de televisão, e existe sempre uma finalidade com a entrevista, com o programa que está a ir para o ar. Independentemente daquilo que possamos fazer, agrade ou não a quem está a conduzir a entrevista, as coisas são feitas de forma a saciar um determinado fim. Tivemos algumas situações menos agradáveis mas até nessas conseguimos dar a volta e servimo-nos disso como alimento para continuarmos a fazer o melhor possível o nosso trabalho.
Gonzo - Eu noto isso nas pessoas mais novas com quem trabalho. A preocupação com o que se fala ou não se fala é tão grande hoje em dia. Na altura, muitas coisas passavam-nos ao lado. Eu tenho noção hoje em dia das capas de revistas que tive porque a minha família guardou tudo. Achei que nem tempo para isso tivemos. Nós sentíamos, quando íamos para palco, que algumas pessoas lá atrás diziam algumas coisas menos agradáveis mas passou-nos muito ao lado. Acho que hoje em dia, os artistas têm muito mais esse impacto nas suas carreiras do que nós tínhamos na altura.

Carlos, Gonzo, João Portugal, Duck, Melão
Carlos, Gonzo, João Portugal, Duck, Melão créditos: Rita Almeida / MAGG

"Éramos uma boysband com uma atitude rock na estrada"

Que tropelias fizeram que seriam impossíveis de repetir hoje em dia?
Duck - Não fizemos nada. Era espetáculo, cama e no dia a seguir entrávamos na carrinha para ir para outro espetáculo. Não brincávamos, não fazíamos disparates, nada. Se alguém fez alguma coisa, foi o Carlos (gargalhada geral).
Gonzo - Imagina o que é cinco rapazes com 20 e tal anos, 24 horas juntos. Costumo dizer que foi o primeiro “Big Brother”. Nós tínhamos de mandar cá para fora muita coisa, de mil e uma maneiras. Éramos uma boysband com uma atitude rock na estrada. Olhando para trás e, se tivesse artistas meus a fazerem isso, dizia ‘Meu Deus, nunca na vida!’. Fizemos muita coisa, ficou guardado, ainda bem que não havia telemóveis.
Duck - Nunca fizemos nada a ninguém. Eram tudo coisas controladas. Até o fogo, era tudo controlado. Tínhamos logo extintor ao lado (risos).
Gonzo - O que eu costumo dizer, e é verdade, é que foi uma loucura excessiva, mas controlada e saudável. E qualquer um de nós, no fundo, não somos más pessoas, não temos mau fundo e foram tudo brincadeiras saudáveis e com sorriso na cara. Claro que fizemos algumas coisas que não devíamos ter feito em hotéis, estragos, mas foi muito saudável.
Melão - Ainda assim, nós trabalhávamos tanto, tanto, tanto que, na realidade, em três anos, não tivemos oportunidade de nos conhecermos verdadeiramente. Considero que, hoje em dia, estou a conhecer pessoas fantásticas, que não me passava pela cabeça que fosse tão bom. Se, naquela altura, as brincadeiras eram saudáveis, hoje em dia há um cuidado acrescido em qualquer um de nós. “Vou brincar, será que vou ferir?”. Acho que estamos a ter uma oportunidade melhor de nos conhecermos individualmente, não apenas enquanto banda, mas como pessoas, como pais, como amigos, como profissionais.
Carlos - Tivemos uma oportunidade única de, em Portugal, termos sido a primeira boysband e de fazermos o que fizemos. Estamos a ter a segunda oportunidade de dizer adeus às pessoas e agradecer.

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créditos: Rita Almeida / MAGG

Neste regresso, o que é que descobriram uns sobre os outros?
Carlos - Está provado cientificamente que o ser humano não muda, revela-se. Está a vir ao de cima coisas que, na altura, não vieram. Tem a ver com maturidade, com responsabilidade mas com os sentimentos e ações que estavam dormentes, estão a despertar de novo. Vê-se nos ensaios, em alguns atos de companheirismo, e isso é fantástico porque prova que a capacidade do ser humano usar quase 10% do cérebro, já estamos no passo seguinte, e a fazer o que não foi possível fazer, o remate, terminarmos. Não estou nada arrependido de ter deixado a minha vida a 24 horas de viagem daqui e a estar a fazer o que estou a fazer com eles.
Melão - Ainda que custe muito dizer até ao fim, é preciso dizer até já (risos)! Tenho noção que é um até ao fim, mas prefiro dizer um até já.

Há dois documentários sobre boysbands muito interessantes, “Backstreet Boys: Show 'Em What You're Made Of” e “Look Back Don’t Stare”, que regista o regresso do Robbie Williams aos Take That. Em ambos há conversas muito tensas porque havia muita coisa para trás para resolver. Houve algum momento em que se sentaram e disseram ‘vamos conversar sobre isto, isto e isto que aconteceu’ ?
Gonzo - Já houve pessoas que falaram, logicamente. Isso é uma coisa que foi dita, sempre. Se alguém sente que deve dizer alguma coisa, deve fazê-lo. Logicamente que houve conversas, já se falou sobre o passado. Falo por mim: há coisas que se poderiam falar? Há. Mas vale a pena falar? Eu tenho o meu passado bem arrumado a todos os níveis. Todos errámos, todos fizemos coisas muito positivas e coisas menos boas. Eu sinto-me bem na pessoa que sou hoje em dia e, se sou hoje em dia isto, é porque passei por tudo o que passei. Mas logicamente que houve essas conversas.
Carlos - Nem podia ter sido de outra maneira, por várias razões. Nós fizemos essas conversas de forma construtiva. Tem a ver com a capacidade de encaixe que cada um de nós adquiriu à sua maneira. O respeito é uma coisa que faz parte da resolução e do sucesso. E os Excesso estão neste momento a ter sucesso porque os cinco elementos aprenderam a respeitar-se de uma maneira que, se calhar, não fariam há 25 anos. 

Ganharam muito dinheiro ou deram muito dinheiro a ganhar?
Carlos - Demos mais dinheiro a ganhar. Posso dizer isso de boca cheia.
Gonzo - Ganhámos dinheiro e demos dinheiro a ganhar.
Melão - Mas saiu-nos do corpo! Chegámos a fazer três espectáculos por dia.
Gonzo - Todos nós fazemos isto com um sorriso na cara. Temos a noção que houve muita gente que ganhou dinheiro, que podíamos ter ganhado mais mas ganhámos dinheiro e demos a ganhar e toda a gente ganhou dinheiro à nossa volta. Estamos a falar de dinheiro mas acho que falo por todos: não é a principal razão do que estamos a fazer. É mais importante para nós fazer um bom espectáculo do que ganhar dinheiro.
Melão - Não é mesmo! Desde o primeiro dia que a banda se separou até à reunião, não há nada que se possa comparar ao que se sente naquele momento, em palco. É um bichinho que fica.

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créditos: Rita Almeida / MAGG

O patamar de fama que atingiram na altura não tem paralelo em Portugal. Quando se deixa de ter isso é preciso fazer um processo de luto?
Melão - Sem dúvida que houve um tempo em que tivemos de nos afastar de tudo, ver as coisas de fora, como se estivéssemos a sair do nosso próprio corpo. Ter esse tempo foi fundamental para haver um pouco mais de equilíbrio.
Gonzo - Sempre fiz desporto, ia muito à praia. Uma pessoa deixa de ter esse sossego. Como em tudo na vida, ganha-se certas coisas e perdem-se outras. O reconhecimento do trabalho é bom, a gente gosta. Para quem está em cima de um palco, o diálogo com o público é mais do que essencial. Mas também queremos estar sozinhos, não ser reconhecidos, queremos estar de uma certa forma que não podemos estar.
Duck - Nós somos parecidos em muita coisa e diferentes em relação a outras. Ainda outro dia me disseram que eu era o mais sentimental. E, no meu caso, o tal luto demorou um bocadinho, para não dizer muito. Nunca deixei de acreditar que, um dia, isto seria possível.

"Temos a noção que houve muita gente que ganhou dinheiro, que podíamos ter ganhado mais mas ganhámos dinheiro e demos a ganhar e toda a gente ganhou dinheiro à nossa volta.", Gonçalo Vasconcelos

Porquê?
Duck - Nós estamos fartos de dizer que deixámos a porta escancarada. Nós não fechámos o ciclo. E por eu acreditar nestes quatro meninos que aqui estão, por saber o valor que eles têm, e eu também, tinha toda a certeza que nós eramos capazes de o fazer. O Gonçalo dizia que, daqui a cinco anos, não se via a fazer isto. Eu não sei o que me vejo a fazer amanhã. Sei o que me vejo a fazer hoje. Estamos quase todos nos 50 e estamos cá.
Gonzo - Houve uma altura em que falámos em juntar-nos e eu dizer ‘estamos velhos!’. E foi há muitos anos! E acabo por fazer mais velho do que estava na altura. A vida dá tanta volta… Mesmo de bengala, vai ser bom (risos)!

Reportagem fotográfica: Rita Almeida / MAGG  | Agradecimentos: Delta The Coffee House Experience - Avenida da Liberdade  

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