Se por um lado a privação de sono faz de nós uns zombies quando temos um filho, por outro não conseguimos esconder a felicidade que sentimos ao ver o primeiro sorriso do nosso bebé (já sabemos que são mais espasmos involuntários que outra coisa nos primeiros tempos, mas deixem-nos ser felizes).

Se ficamos a bater mal com a porcaria que fica no chão da cozinha a seguir à primeira sopa, parecemos umas malucas quando o nosso filho faz xixi pela primeira vez no bacio. E nunca, nunca mais, vamos ter uma noite totalmente descansada na vida, seja pelo choro dos primeiros meses ou pela primeira saída à noite aos 16 anos.

Ser mãe (e pai, claro está) é tudo isto. É viver numa constante dualidade de sentimentos, que num momento nos faz sentir completamente perdidas nesta jornada da maternidade, com constantes dúvidas e incertezas, e no outro nos dá uma força inesgotável para ajudar os nossos filhos no que for preciso.

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Mas a maternidade é, sem dúvida, o tema com mais opostos e que faz das mães bipolares numa base diária. Este domingo, 3 de maio, data em que se celebra o Dia da Mãe em Portugal, perguntámos a oito mulheres o que consideram ser o melhor e o pior da maternidade. Veja as respostas:

"O melhor é o amor incondicional que se sente e que se recebe. O pior? As noites mal dormidas e o equilíbrio das tarefas do dia a dia."

Patrícia de Sá Oliveira, 32 anos, produtora de moda

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Patrícia com os dois filhos, Lucas e Xavier

"A melhor coisa é a alegria, a brincadeira, a paz, o colo. A conexão e a partilha. Má, foi difícil lembrar-me, mas escolho as birras, as discussões entre irmãos e o cansaço na cabeça por causa dessas mesmas discussões."
Bárbara Ramos Dias, 45 anos, psicóloga especializada em crianças e adolescentes

Dia da Mãe. 8 mulheres elegem o pior e o melhor da maternidade
A psicóloga com dois dos seus três filhos, Francisca e Vicente. Bárbara também é mãe de Vasco, o seu segundo filho

"Sinceramente, acho que o melhor é mesmo o sentimento que provoca dentro de nós. O pior acaba por ser o cansaço físico e psicológico, e quando achamos ou sentimos que falhámos enquanto mãe, e temos de lidar com esses sentimentos."
Rita Nunes, 35 anos, designer

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"Saber que é possível amar alguém incondicionalmente é o melhor, bem como receber um beijinho do meu filho. O pior são os primeiros meses sem dormir."
Andreia Neves, 41 anos, advogada

"O melhor e o pior é exatamente a mesma coisa. Ou seja, este amor enorme é quase irreal que nos enche o peito, e é tão bom de receber em troca. Mas, ao mesmo tempo dói, pois está sempre presente uma moinha de preocupação que nunca desaparece, tal é o medo que algo possa acontecer aos nossos filhos. Claramente que também não nos podemos esquecer de nós enquanto ser individual, mas o nosso centro passam a ser estes seres que estão ligados a nós de uma forma inquebrável. Sejam filhos ou enteados, é um amor maior."
Tânia Tadeu, 36 anos, consultora de comunicação

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Tânia Tadeu com os dois enteados, Martim e Gaspar, e o filho Guilherme

"O melhor é o cheiro da curva do pescoço dos meus filhos, precisamente naquele quadradinho de pele entre o fim dos cabelos e o início do ombro. O pior é que tudo se serve frio. O leite fica frio, o café é frio, as batatas fritas ficam moles e frias, e a sopa também."
Joana Martins, 36 anos, médica pediatra

"O melhor da maternidade tem sido acompanhar na primeira fila o crescimento do ser humano. Criar este laço emocional de um amor incondicional que tanto ouvimos falar, mas que só quem é mãe sabe o que é. Viver a resiliência, a abnegação, a tolerância na primeira pessoa em prol do outro. Vê-lo crescer. O pior tem a ver também com o crescimento. As birras, a energia que nos consome, a privação do sono, o tempo que nos rouba a nós, o passar para segundo plano. Esta última é a que me custa mais, na verdade."
Inês Fontoura, 42 anos, PR manager de retalhista cosmética

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Inês Fontoura com o filho Luca

"Há quase um mês que vivo com o coração fora do peito. E para mim isso é, ao mesmo tempo, o melhor e o pior da maternidade. O pior porque me sinto em constante estado de alerta — e o que isso cansa, sobretudo à noite —, e o melhor porque parece literalmente que o coração não cabe no peito de tanto amor por alguém que chegou há tão pouco tempo ao meu mundo."
Rita Tilly, 36 anos, account digital