Verão é praia, é calor, mas para muitos pais também é o momento onde os filhos têm mais otites. Esta infeção afeta principalmente as crianças mais pequenas, é muito comum no tempo quente e uma grande dor de cabeça para os pais.

No entanto, quando falamos em otites comuns nestes meses quentes, é importante diferenciá-las das restantes otites, que apesar de darem pelo mesmo nome, são condições distintas. "Temos que separar as otites externas, mais frequentes no verão, das otites médias agudas, mais comuns no inverno, e que são derivadas das constipações das crianças", explica à MAGG o pediatra Fernando Chaves.

Teve uma otite o verão passado? É provável que o cenário se repita este ano
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Uma otite externa, como o próprio nome indica, é uma inflamação do canal auditivo externo. "Existem quando o canal é exposto a fatores agressivos, como a água, e é inegável que as águas paradas são uma grande causa destas otites", relata o pediatra. Assim, águas como as das piscinas, e independentemente do tipo de tratamento, são um fator predominante "nas otites de crianças e adolescentes, muito devido à maceração do canal auditivo, e à sobreinfeção das bactérias e dos fungos presentes nas águas, que contaminam o mesmo canal". Mais: Fernando Chaves salienta que "existem muitos estudos científicos sobre a flora microbiana das águas das piscinas, que são tudo menos assépticas".

Os mergulhos no mar também podem causar otites, principalmente se as crianças passarem muito tempo dentro de água. No entanto, o pediatra realça que esta é uma opção "francamente melhor" em comparação com as piscinas, e afasta a ideia de que a areia nos ouvidos possa ser uma causa no desenvolvimento das otites. "A areia é uma substância inerte, não causa qualquer problema neste sentido. No final do verão, o que se vê mais são miúdos com areia dentro dos ouvidos, sem que tal tenha causado problemas."

Fernando Chaves é pediatra no Hospital Lusíadas Lisboa.

Em verões mais quentes, é provável que as otites externas sejam mais frequentes, dado que se observa uma relação direta: se está mais calor, os miúdos passam mais tempo dentro de água. "As bactérias e os fungos desenvolvem-se rapidamente em águas paradas, quentes — muito mais do que na água do mar—, e não interessa o bom aspeto das piscinas: mesmo as mais tratadas, têm bactérias assustadoras", diz Fernando Chaves. "A nível de prevenção das otites e do processo infeccioso que as causa, a única forma é minimizar o tempo de permanência, e preferir águas que não sejam paradas, como o mar."

Tampões de ouvidos: são bons ou maus?

Apesar de parecerem uma solução simples para prevenir as otites, os tampões não são assim tão recomendados nestas situações. "Já vi médicos otorrinos a serem a favor e contra o uso dos tampões", explica o pediatra Fernando Chaves, que assume que, mesmo na comunidade médica, "não há muito consenso" sobre o tema.

"Se pensarmos que este item impede a água de entrar no ouvido, isso é positivo. No entanto, os tampões podem macerar e irritar o canal auditivo na superfície, bem como causar mais humidade dentro do ouvido, o que favorece o crescimento de fungos", explica o profissional, que adianta que não recomenda o uso de tampões de forma preventiva.

"À exceção de crianças que tenham uma perfuração do tímpano ou uma condição grave, não sou a favor deste itens. Se estivermos a falar de um miúdo a recuperar de uma otite, na sequência aguda do tratamento, aí podem ser úteis, mesmo durante os duches diários", diz Fernando Chaves.