Alex Consani é a Modelo do Ano. O prémio foi-lhe atribuído esta segunda-feira, 2 de dezembro, no âmbito dos British Fashion Awards, uma das cerimónias mais prestigiadas no mundo da moda, organizada pelo British Fashion Council e realizada anualmente para celebrar as conquistas e inovações da indústria.

A edição deste ano, que decorreu no icónico Royal Albert Hall, em Londres, foi histórica. Isto porque a modelo norte-americana é a primeira mulher transgénero a obter o título de Modelo do Ano, sendo este um grande marco no que diz respeito à representação de talentos LGBTQIA+ – e das pessoas transgénero, nomeadamente – na indústria da moda.

O prémio Modelo do Ano "reconhece o impacto global de um modelo que, nos últimos 12 meses, dominou a indústria" e tem "uma influência que transcende a passerelle". Trocado por miúdos, tem de ser alguém que tenha tido "um contributo notável para a indústria, angariando inúmeras campanhas editoriais e publicitárias ao longo do ano", lê-se no site do certame.

Tendo isto em conta, Alex Consani destacou-se entre concorrentes de peso como Alva Claire, Amelia Gray, Anok Yai, Mona Tougaard e Liu Wen. No seu discurso de agradecimento, fez questão de frisar que o facto de estar a receber o prémio é mais do que uma mera conquista pessoal: é um "grande passo na direção certa", de acordo com a CNN.

“Agora, mais do que nunca, uma conversa importante que deve ser tida é sobre como nos apoiarmos e elevarmos verdadeiramente uns aos outros dentro desta indústria, especialmente aqueles que têm sido considerados insignificantes", disse a manequim de 21 anos, referindo-se às pessoas da comunidade. "A mudança é mais do que possível – é necessária", frisou.

Mas, afinal, quem é Alex Consani?

Alex Consani nasceu a a 23 de julho de 2003, em San Carlos, na Califórnia, e cresceu numa família que apoiou incondicionalmente a sua identidade. A transição começou aos 12 anos, altura em que iniciou uma jornada que documentou nas redes sociais, tendo conseguido ser, desde tenra idade, uma inspiração para todas as mulheres.

De acordo com a "Hype Bae", aos 18 anos, decidiu mudar-se para Nova Iorque para ir atrás do seu grande sonho: ser modelo. Foi uma decisão que exigiu coragem e determinação, especialmente numa indústria que, apesar de se dizer progressista, ainda impõe várias barreiras às minorias, nomeadamente no que diz respeito ao género e à etnia.

Uma coisa é certa: quem vê Alex Consani no TikTok não diz que é um autêntico arraso nas passerelles e nos editoriais de moda que faz. A modelo popularizou-se na rede social quando a sua carreira ainda estava a descolar e, agora com quase 4 milhões de seguidores, ficou conhecida pelos vídeos caóticos e humorísticos publicados na plataforma.

Na rede social, não podia estar mais longe daquilo que associamos a uma modelo – não tem uma imagem polida, sempre perfeita e quase inatingível, o que, em parte, explica o seu sucesso. No entanto, isso não significa que não esteja a ter uma carreira cheia de conquistas, sendo que 2024 foi, inclusivamente, um dos anos em que mais trabalhou (e com marcas que não podiam dar-lhe mais prestígio).

Em janeiro deste ano, participou no seu primeiro desfile de alta-costura, para Jean Paul Gaultier, numa coleção desenhada por Simone Rocha. A manequim foi a estrela de campanhas de marcas como Marc Jacobs e Jacquemus, tendo também participado em projetos que solidificaram o seu estatuto, incluindo um videoclipe de Charli XCX, "360", que ficou viral no início do ano.

Nas passarelas, brilhou nas principais semanas de moda, tendo trabalhado ao lado de designers de renome – e sendo uma das responsáveis por redefinir os padrões de beleza convencionais. Como se isso não bastasse, foi também um dos destaques do regresso do desfile da Victoria's Secret, sendo, a par de Valentina Sampaio, uma das primeiras modelos transgénero a pisar aquela passerelle.

Estas são apenas algumas das conquistas da modelo, que já se aliou a marcas como DSquared2, Balenciaga, Savage x Fenty, Versace, Burberry ou Oscar de la Renta. A primeira vez que desfilou foi em 2021, aquando de um desfile de Tom Ford, tendo-se estreado, no ano seguinte, na Semana de Moda de Milão. Desde então, nunca mais parou – e, agora, é esperar para ver que mais cartas tem na manga.

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