A L'Agence é uma das agências de modelos mais cimentadas do mercado nacional. Desde 1988 que opera em Portugal, tendo surgido "numa altura em que havia muita procura em termos de publicidade". "Não havia agências de modelos. As pessoas trabalhavam porque conheciam A, B, ou C", explicou-nos Elsa Gervásio, diretora e fundadora da L'Agence.

Entretanto, ocorreu um boom e surgiu uma tentativa de "profissionalizar o mercado". "Até essa data, as coisas eram muito amadoras", considera Elsa Gervásio, referindo-se ao panorama português. A necessidade de organização foi um dos fatores-chave para a criação da L'Agence, há 34 anos. 

Guia para quem quer ser modelo profissional. Estes são os truques e rituais de dois manequins portugueses da L’Agence
Guia para quem quer ser modelo profissional. Estes são os truques e rituais de dois manequins portugueses da L’Agence
Ver artigo

Quando abriu, foi numa vertente mais virada para a publicidade, "vocacionada para a parte da produção e de anúncios comerciais de televisão". Com o avançar dos anos, foi evoluindo. Quando começaram a aparecer criadores de moda e desfiles, a L'Agence iniciou uma vertente de moda.

A evolução da L'Agence ao longo dos anos

Tanto à data como hoje, agenciavam pessoas dos 0 aos 80 anos. Ao criarem um departamento de modelos, procuravam (e procuram) pessoas com "potencial para trabalhar em moda" e sobre as quais fazem "uma gestão de carreira de 360 graus", de acordo a diretora da agência.

Com a privatização dos canais televisivos, "o mercado volta a mudar" e surge novamente um impulso para acompanhar essas mudanças. Como tal, abriram um departamento de talents, que engloba atores e apresentadores. Existe também um departamento kids e, há cerca de cinco anos, criaram o mais recente: o digital.

Elsa Gervásio L'Agence Go Top Model
Elsa Gervásio é fundadora e diretora da L'Agence e esteve à conversa com a MAGG. créditos: elsagervasio/Instagram

Detêm, desde então, "um board extenso de influenciadores" e "pessoas que trabalham apenas as redes digitais". Para Elsa Gervásio, agências como a L'Agence "têm um papel muito importante": o de "conseguir identificar novos talentos que não são ainda conhecidos, mas que podemos trabalhar no sentido de se virem a tornar pessoas influentes nas áreas que desempenham".

Procurarem pessoas novas e terem sempre caras frescas para apresentar ao mercado revelou-se um desafio sem um mecanismo que permitisse fazer um casting a nível nacional. Foi dessa lacuna que surgiu o L'Agence Go Top Model, o concurso de modelos dinamizado por esta agência.

O surgimento do L'Agence Go Top Model

Uma vez que "aquilo que faz com que uma agência de modelos se mantenha viva é a capacidade de descobrir pessoas novas, de as trabalhar e de todos os anos a apresentar ao mercado", para Elsa Gervásio, "um concurso de modelos é a melhor ferramenta que existe para atingir esse objetivo".

Assim, nasceu o L'Agence Go Top Model, encarado como "o momento de comunicação da L'Agence". A primeira edição aconteceu em 2013 e tem sido "a ferramenta principal na procura de caras novas". Com este concurso anual, conseguem manter o departamento "vivo, dinâmico e com capacidade para todos os anos lançar modelos novos".

Durante a pior fase da COVID-19, elegeram os dois vencedores do L'Agence Go Top Model online. O regresso deu-se no ano passado, na primeira edição do concurso ao final da tarde, num espaço ao ar livre. Como correu bem, este ano vão repetir a fórmula.

O casting para esta edição do concurso acontece esta terça-feira, dia 19 de julho, entre as 10 e as 18 horas, no Hotel Intercontinental Lisbon. Está aberto a pessoas com idades compreendidas entre os 14 e os 22 anos. Existe um mínimo de altura para ambos os sexos.

Quando os aspirantes a modelos chegam, é-lhes dada uma ficha para preencherem com os respetivos dados. Entram na sala do casting por ordem de chegada e vestem um biquíni ou um fato de banho. De seguida, passam para uma área na qual lhes são tiradas as medidas para confirmar as que enviaram previamente.

"Fazemos uma ou duas fotos de rosto e de corpo, nada de muito elaborado. Nem pedimos para as pessoas irem maquilhadas", continua a explicar-nos Elsa Gervásio, acerca do processo de casting. As candidaturas são todas avaliadas por um júri composto pela diretora da agência, pelo responsável do departamento de modelos e por modelos e atores.

No final, são selecionados dez rapazes e dez raparigas, os finalistas. Esse grupo de modelos será apresentado ao mercado no dia 20 de setembro, quando vai decorrer o evento final do concurso. Antes disso, cada um faz uma sessão fotográfica e um vídeo de divulgação.

Por norma, têm "sempre uma grande afluência" de candidatos. Para este ano, a diretora da L'Agence espera "um casting fantástico", a partir do qual consigam descobrir "o maior número possível de modelos com potencial para trabalharem". O grande objetivo é a internacionalização.

"Conseguirmos pessoas que, além de trabalharem cá, possam também trabalhar nos vários mercados internacionais", elabora Elsa Gervásio, que garante que "a final do concurso é uma festa" que junta todos os agenciados e onde se cria um verdadeiro "momento de convívio".

O caminho para a concretização de sonhos

Durante a fase do casting, recebem muitos candidatos. "Eles são pessoas. Tentamos sempre não nos esquecer desse detalhe", reforça a fundadora da L'Agence. "São miúdos muito jovens, têm muitos sonhos e querem muito isto, mas nem todos conseguem", relembra.

A diretora da agência reconhece que os critérios "são um bocadinho rígidos" e que poderão "mexer com a autoestima das pessoas", já que estão em causa "caraterísticas físicas, nomeadamente a altura e as medidas", que são "incontornáveis". "Tirando essa parte mais técnica, tem tudo que ver com a atitude do modelo", adianta.

Desde a simpatia à forma como entra, a como corre o casting, como mantém uma conversa, são vários os aspetos a ter em conta. Não descurando a fotogenia, "muito importante hoje em dia". "Há pessoas que são lindas e depois não funcionam em fotografia. Isso é muito limitativo. as pessoas têm de funcionar bem em fotografia para poderem ter carreira de modelo", avisa Elsa Gervásio.

Ao longo de todos estes anos, "a L'Agence tem lançado no mercado uma infinidade de nomes". Segundo a diretora da agência, "uma grande percentagem de atores e modelos que trabalham atualmente passaram pela L'Agence". Refere-se a nomes como Jessica Athayde, Filomena Cautela, Diogo Amaral ou até Cláudia Vieira, que começou a trabalhar como modelo para a L'Agence e, depois, fez o casting para os "Morangos com Açúcar", que lançou a sua carreira.

Maria Miguel venceu o L'Agence Go Top Model em 2016 e foi assim mesmo que foi descoberta. Hoje, a modelo natural do Porto mantém uma carreira internacional. Não conhecia o concurso, mas inscreveu-se assim que soube da sua existência. "Sou muito competitiva e exigente comigo própria, por isso, para mim, foi a melhor maneira de entrar na moda", disse à MAGG.

Maria Miguel L'Agence Go Top Model
créditos: Imagem cedida

Para Maria Miguel, o L'Agence Go Top Model "foi uma pequena introdução ao grande mundo em que estava prestes a entrar". "Foi no concurso que desfilei em público pela primeira vez e isso mostrou-me que desfilar não é assim tão assustador como eu achava", reconhece. Tudo aconteceu muito rápido.

"Uns meses depois do concurso já estava em Paris exclusiva com a Saint Laurent. Acho que participei no concurso na melhor altura da minha vida", considera a modelo que não esperava "nada" ganhar. "Eu era uma maria rapaz! Não sabia desfilar, muito menos de saltos", recordou, tendo ficado "muito feliz" com o resultado.

O L'Agence Go Top Model "foi um ótimo empurrão" para começar a sua carreira. Hoje, acredita já ter conquistado todos os grandes objetivos que havia traçado. Destaca "viajar e conhecer sítios novos" como o melhor e o pior de viver da indústria da moda.

"É o melhor, porque eu adoro conhecer novas cidades, países e culturas diferentes. Mas, por outro lado, é também o pior, porque passo muito tempo sem ver a minha família e amigos, e eu sou uma pessoa que adora estar em casa", revelou à MAGG. O momento mais marcante do seu percurso "será sempre" o primeiro desfile com a Saint Laurent.

"Era uma bebé, tinha a pressão de abrir o desfile, não conhecia ninguém e estava num mundo completamente desconhecido. Quando acabou e correu tudo bem foi a melhor sensação de sempre, mas os dias antes foram cheios de nervos", afirmou também.